quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Ex-assessor diz que governo Bush não foi o pior da história

George W. Bush começa a se despedir da Presidência dos Estados Unidos nesta terça-feira (4), quando o país escolhe oficialmente seu sucessor. Apesar do aparente fracasso político republicano, representado pela vantagem do democrata Barack Obama nas pesquisas de intenção de voto e pela liderança do partido na corrida pelas cadeiras sendo disputadas no Senado, tem gente que diz que o atual presidente vai deixar saudades.
Bush vai terminar seu mandato isolado e afastado da disputa. Até mesmo o candidato do seu partido, John McCain critica os últimos oito anos de governo, não quer o presidente no seu palanque e promete mudança de rumo, caso consiga reverter as pesquisas e ser eleito. Um dos poucos defensores que ainda se mantêm ao lado do líder texano é David Frum (na foto do The New York Times), ex-assessor especial de Bush, apontado como responsável pelos discursos do presidente – autor da expressão “eixo do mal”.
Em um artigo de capa na prestigiosa revista “Foreign Policy”, Frum diz que a impopularidade do presidente está impedindo as pessoas de verem os avanços reais do governo em relação à política externa. Autor de “Comeback – conservatism can win again” (Retorno – conservadorismo pode vencer novamente). Pelo formato da revista, ele respondeu a acusações clássicas (como a de que o país ficou mais inseguro por conta da guerra no Iraque, ou de que passou a ser odiado globalmente), mas deixou de lado uma das acusações mais importantes e comuns deste fim de mandato: “Bush foi o pior presidente da historia dos EUA”?
Em entrevista ao G1, o analista do American Enterprise Institute diz que não é verdade, e mais, que essa não é uma opinião que possa ser levada a sério. “Essa expressão não é popular. Isso é um slogan de campanha da oposição ao governo. Não passaria como uma análise seria de nenhum analista”, disse, soando impaciente. “A repetição incessante de slogans da oposição como este fizeram com que se tornasse impossível fazer uma análise mais séria e objetiva da era Bush. Minha idéia era desafiar essas frases repetidas e analisar o que havia de verdade nelas.

Legado
Avesso a previsões, Frum diz ser impossível saber atualmente qual vai ser o legado do atual presidente. “Qualquer coisa que disser que é o legado pode mudar completamente com o tempo. Muitas das conquistas de Bush só serão perceptíveis depois de algum tempo. Ele fez muitas coisas, mas este é um mau momento para dizer qual foi o mais importante.”
Segundo a análise de Frum, o governo Bush é muito criticado por conta de uma divisão político-ideológica do país. Eleito após uma votação disputada em 2000 (quando seu opositor, Al Gore, teve mais votos no país, mas foi derrotado no Colégio Eleitoral), o presidente ficou marcado por sérios problemas internacionais e domésticos, incluindo ataques terroristas e duas guerras.
“Ele foi o homem que ficou no foco de todos os problemas do país, foi presidente na época em que aconteceram fatos altamente traumatizantes para o país, como o 11 de Setembro, duas guerras frustrantes, sérios problemas econômicos, que o acabaram tornando culpado de tudo.”
Além disso, diz, Bush foi presidente em uma época de fortes mudanças na comunicação de massa, que mudou a forma de se fazer crítica e oposição ao governo. “A tecnologia amplificou vozes críticas contra o governo, que se tornaram populares.”

Impopularidade
Durante a conversa com o G1, o ex-assessor do presidente norte-americano disse ser errado afirmar que o governo Bush é impopular internacionalmente e garantiu que o país ainda goza de muito prestígio global, apesar de se propagar a idéia contrária. “Bush é criticado por ter usado o poder de forma militar, o que é controverso e traz críticas, mas não se converte necessariamente em oposição.”
Segundo ele, é complicado até mesmo dizer que a popularidade de Bush nos Estados Unidos é baixa. “Acho que não temos como auferir a popularidade real do presidente. Por mais que haja pesquisas de opinião, não há evidência real de que ele seja impopular nem nos EUA nem no resto do mundo. Os números negativos das pesquisas mais recentes apenas refletem a crise econômica no país, e é natural que a população se volte contra o governo.”
“Não quero convencer ninguém de tudo o que Bush fez foi positivo, mas que é preciso pensar melhor no que de fato aconteceu nos últimos anos, pois não é possível compreender a administração de tanta polêmica criada pela oposição”, completou.

Fonte: G1

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