domingo, 11 de maio de 2008

Até onde o jornalista pode ir para fazer uma reportagem?

Escutas telefônicas não autorizadas, compra de armas e drogas. Até onde pode chegar um jornalista para cumprir uma pauta? Essa pergunta se faz presente, principalmente, no jornalismo investigativo. Quais são os limites de uma reportagem?
Alguns casos podem trazer a reflexão sobre o assunto. Como o ocorrido mês passado com Roberto Cabrini. O jornalista foi encontrado na periferia da zona sul de São Paulo, no dia 15/04, com 10 papelotes de cocaína. A polícia o deteve por tráfico de drogas e porte de entorpecentes.
Cabrini afirmou que a droga foi "plantada" em seu carro, fazendo parte de uma armação, e que fazia uma reportagem investigativa sobre tráfico de drogas. A mesma versão foi dada pela rede Record, emissora em que trabalha. No dia 17/04, a Justiça de São Paulo concedeu habeas corpus ao jornalista.
Outro caso, que aconteceu há nove anos, envolveu o repórter Silvio Carvalho, do jornal A Gazeta, do Mato Grosso. Carvalho comprou um revólver no comércio clandestino de armas em Cuiabá. O repórter se passou por um "cliente" comum. Disse ao vendedor que tinha sido assaltado e por isso buscava uma arma para se defender. A chefia de reportagem o orientou a encaminhar o revólver ao Fórum Criminal. Menos de uma hora após a compra, Carvalho entregou a arma ao juiz Rondon Bassil.
O recurso não foi favorável. O jornalista foi punido com medidas como não poder sair de casa após 23h, não passar mais de 30 dias fora de Cuiabá, doar cestas básicas a uma instituição de caridade pelo período de seis meses, e, além disso, comparecer uma vez por mês ao Fórum Criminal para comprovar o cumprimento da sentença. Carvalho foi acusado de porte ilegal de arma. Segundo ele, a intenção era denunciar a venda fácil de armamentos ilegais.
Para Fernando Molica, diretor da Associação Brasileira de jornalismo investigativo (Abraji), é difícil estabelecer regras diante de situações delicadas. Para ele, o jornalista tem que respeitar os limites, mas a regra é o bom senso. "O jornalista deve avaliar o custo-benefício e nunca tomar decisões individuais, mas sempre junto com a chefia de reportagem", afirma.

Fonte: Comunique-se

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