Em O ESTADO DE S.PAULO:
"Tá ouvindo os gritos?", perguntou o professor Antonio Lúcio Teixeira, morador do 1º andar do Edifício London, enquanto falava com o Centro de Operações da Polícia Militar (Copom) no dia 29 de março, numa ligação iniciada às 23h49m59. O Estado apurou que exatamente na hora em que o vizinho chamava o resgate para Isabella Nardoni, de 5 anos, atirada do 6º andar do prédio, ele ouviu a voz de Alexandre Nardoni, pai da menina, berrando que a filha havia sido jogada e a porta do apartamento estava arrombada.
Praticamente no mesmo momento, às 23h50m32, uma ligação era feita do telefone fixo do apartamento do casal, para o celular do pai de Anna Carolina Jatobá, Alexandre José Peixoto Jatobá. Essa ligação, gravada pela polícia e anexada ao inquérito policial que investiga a morte da menina, é a prova de que Alexandre e Anna Carolina não desceram juntos ao térreo do prédio para verificar o que havia acontecido com Isabella, como alegaram em seus depoimentos. É uma contradição a mais que pode desmontar a versão do casal de que não teria participado do crime.
Além disso, a polícia também descobriu, pelo aparelho de GPS (Sistema de Posicionamento Global) instalado no carro de Nardoni que o veículo foi desligado na garagem do Edifício London às 23h36, ou seja, quase 14 minutos antes de o resgate ter sido chamado. Estimando-se que o vizinho demorou cerca de dois minutos, após a queda, para saber do fato e chamar o resgate, o casal ficou 12 minutos no prédio até a menina ser atirada.
Para a polícia, se Alexandre e Anna Carolina demoraram, pelo menos a metade desses 12 minutos no sobe e desce, o restante seria muito pouco tempo para a hipótese de o crime ter sido cometido por uma terceira pessoa. Ele teria, nessa suposição, seis minutos para abrir a porta sem deixar marcas, espancar e esganar Isabella, limpar o sangue da menina, cortar a rede de proteção da janela com uma faca, depois uma tesoura, atirar a menina, guardar a tesoura na cozinha onde sempre fica, lavar a fralda e a toalha usadas para limpar o sangue da menina, fechar a porta e fugir.
O domingo foi bastante tranqüilo na casa do pai de Anna Carolina, em Guarulhos. O casal não saiu de lá. Apenas recebeu a visita do pai de Alexandre, Antônio Nardoni, que apareceu às 13h20 e só deixou o local às 16h30. Enquanto Antônio Nardoni saía da garagem do edifício dos Jatobás em seu Vectra, chamando a atenção da imprensa, Ricardo Martins, um dos advogados que defende o casal, tentou entrar no prédio sem alardear os jornalistas, mas não conseguiu. O advogado, porém, não fez nenhuma declaração.
A mãe de Isabella Nardoni, Ana Carolina Oliveira, deve comparecer hoje ao evento que o padre Marcelo Rossi vai comandar no Autódromo de Interlagos, na zona sul da capital, para comemorar dez anos de evangelização. Das 11 às 17 horas, haverá shows de 22 artistas, entre eles a cantora Ivete Sangalo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário