quarta-feira, 16 de abril de 2008

Base e oposição fazem acordo na CPI para "salvar" ministros

Na FOLHA DE S.PAULO:

Surpreendido por uma rebelião na base aliada e acuado com a ameaça de ter de enfrentar uma nova CPI dos Cartões Corporativos, esta só no Senado, o PT fechou ontem acordo que assegurou à oposição acesso a parte dos dados sigilosos da Presidência da República e que ex-ministros do governo Fernando Henrique não serão convocados a depor se nada for encontrado contra eles.
Em troca, a oposição vai postergar a instalação da CPI do Senado, que teria como foco o governo Lula, e retirar da pauta a votação de requerimentos que obriguem os governistas a se exporem votando contra.
A lista de requerimentos incluía a convocação do governador de São Paulo, José Serra (PSDB), dos ex-ministros de FHC Raul Jungmann (Desenvolvimento Agrário), Paulo Renato (Educação) e Aloysio Nunes Ferreira (Casa Civil), além da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), da filha do presidente Lula, Lurian Cordeiro da Silva, e do ex-ministro José Dirceu (Casa Civil). Pelo acordo, todos serão poupados.
"Não se convida ex-ministro de um lado ou ministro de outro. Pode ser que a gente chegue a esse tipo de entendimento em função da possibilidade de andamento dos trabalhos", disse o líder do DEM, José Agripino Maia (RN).
Em reunião entre a base e a oposição, o deputado Paulo Teixeira (PT-SP), coordenador da base na CPI, deu a senha: "Se é para ir para o enfrentamento, temos o Serra para convocar".
O PT aceitou ainda dividir a relatoria com quatro outros deputados, dois da oposição. As mais importantes -de sistematização e fiscalização dos gastos- ficarão com a base aliada. As de mecanismos de controle e aprimoramento de fiscalização, mais propositivas, com deputados da oposição. Também será pedido ao general Jorge Félix (Gabinete da Segurança Institucional) que defina caso a caso o que é sigiloso.
Esse acerto irritou a líder do PT no Senado, Ideli Salvatti (SC), que só foi informada do acordo depois de fechado. A Folha apurou que, em reunião com parlamentares da base na CPI, a senadora disse que a divisão da relatoria enfraquece o poder do relator, Luiz Sérgio (PT-RJ), e já criou problemas para o governo em outras CPIs.

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