Na ISTOÉ:
Como descrever um legítimo ataque de paixão? Há quem sinta a mente embaralhada, a boca seca, palpitações e até uma estranha perda momentânea da coordenação motora. Na prática, render-se às emoções da paixão a ponto de protagonizar cenas ridículas, como a de ficar parado diante do amado sem concatenar uma única frase com começo, meio e fim, faz parte do anedotário de cada um de nós. A novidade é que, mais recentemente, a paixão virou tópico de grande interesse da neurociência, um ramo do estudo científico que se dedica a decifrar como o cérebro funciona. Os cientistas estão se esforçando para explicar, por exemplo, os processos que desencadeiam uma revolução bioquímica no organismo de homens e mulheres a partir de um simples olhar e quais as diferenças entre a paixão e o amor. O que se quer é entender por que amamos, como amamos e quais as repercussões que esse sentimento apresenta para a mente e o corpo.
Uma das primeiras respostas obtidas é a de que amamos para garantir a sobrevivência da nossa espécie. O que é surpreendente é a sofisticação da qual o corpo lança mão para que esse objetivo seja atingido. Uma das teorias mais fascinantes elaboradas sobre o assunto é a que afirma que os sentidos – visão, olfato, paladar, tato e audição – agem em conjunto para rastrear no alvo sinais químicos para selecionar se ele tem características compatíveis para garantir a diversidade necessária à continuidade do ser humano. “As pessoas sempre perguntam por que uma menina linda fica com o feioso em vez do bonitão. Eis aí uma pista sobre as escolhas”, explica Ricardo Monezi, professor de uma disciplina chamada fisiologia da afetividade, ministrada na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, e pesquisador da Universidade Federal de São Paulo.
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