Algumas coisas interessantes estão ditas lá.
Convém, portanto, observar as coisas interessantes que o marqueteiro baiano deixou registradas na entrevista.
Barbosa confirma, e por isso mesmo é bom ressaltar mais uma vez, que Ana Júlia não soube ou não quis - provavelmente não quis - se desvencilhar do grupo palaciano reduzido, minguado que a manteve refém.
Por grupo palaciano, leia-se o que se convencionou chamar de núcleo duro, que acabou tornando uma moleza a eleição para o tucano Simão Jatene.
Diz o publicitário à repórter:
"O governo se dividiu em três partes: os partidos aliados, que desejam criar uma liderança para suceder Ana Júlia; o Campo Majoritário (tendência petista), que desejava ser protagonista do governo, e o pessoal da DS (Democracia Socialista, tendência da qual Ana Júlia faz parte) se achando, muitos deles, professores de Deus."
Em outro trecho, Edson Barbosa faz uma interessante divagação.
Uma divagação como que está tranquilo, relaxado numa tarde em Itapoã, posto debaixo do sol que arde em Itapoã, ouvindo o mar de Itapoã.
Diz assim o publicitário Edson Barbosa:
"Você tem dúvida de que, se no domingo, antes da eleição, Jader tivesse batido na mesa e declarado voto em Ana, as coisas poderiam ter sido diferentes?"
Mas será que o experiente Edson Barbosa acredita mesmo nisso?
Acredita ou estava divagando?
Acredita que um simples "vou votar em Ana Júlia" pronunciado por Sua Excelência o deputado federal Jader Barbalho seria suficiente para virar o jogo ou pelo menos para reduzir a diferença de 380 mil votos que Jatene viria a colocar sobre Ana Júlia no segundo turno?
Acredita que o diktat de Jader Barbalho fosse suficiente, por si mesmo, de mudar o jogo?
E mais: se a questão é ficar em torno do "se, se, se e mais se", não é impertinante colocar mais outros "se" nesta parada.
E se Jatene tivesse em mão a dinheirama, os recursos financeiros que a governadora teve a seu dispor para tocar sua campanha, não teria vencido por margem de votos maior ainda em relação à que ganhou?
Barbosa disse mais.
Pelo que disse, e acreditando que o marqueteiro baiano falou a verdade, só a verdade, apenas a verdade, descobre-se que a governadora, e não a Link, é que escanteou o publicitário Chiquinho Cavalcante.
Olhem o que disse Barbosa à repórter Rita Soares:
"O comando da campanha pediu que o ouvíssemos [referência a Chiquinho]. Foi organizada uma reunião. Ele disse tudo o que queria. Mandou texto para todos, sem nenhuma censura. As ideias foram exposta e o cliente disse 'não quero desse jeito'".
Pronto. Então foi Ana Júlia quem escanteou Chiquinho.
Preferiu a Link ao publicitário paraense.
Se ficou com a Link, é porque estava certa de que a Link faria o melhor.
Quem com Link feriu com Link acabou ferida.
Há mais uma coisa interessante que Barbosa deixou registrado para os, digamos, anais das eleições de 2010 no Pará.
Ele atribuiu à falta de comunicação do governo boa parte do insucesso eleitoral de Ana Júlia.
Barbosa diz assim:
"O governo não comunicava suas grandes conquistas".
É uma verdade.
Mas se relativizada, se sopesada, se contextualizada, esse verdade vira uma meia verdade.
Primeiro: a governadora, durante os três primeiros anos de seu governo, pouco ou nada tinha para mostrar, a não se uma cozinha industrial no Hangar.
Segundo: a governadora, nos três primeiros anos, só falou com a DS e com seus aúlicos eventuais. Somente a partir do último quadrimestre do ano passado é que a governadora se pôs, ela mesma, a sair por aí dando entrevista em tudo quanto é lugar. Deu entrevista, vejam só, até para blogueiros, uma catiguria meio ainda proscrita, vamos dizer assim.
Terceiro: em meios às suas conquistas, Ana Júlia teve alguns episódios que repercutiram nacionalmente, como o caso da menor de Abaetetuba, da mortandade de bebês na Santa Casa, dos kits escolares e dos atropelos causados pela articulação política da Casa Civil, que se revelou, até março deste ano, a mais desastrada, a mais descoordenada, a mais atabalhoada, a mais atrapalhada e a mais atropelada como nunca antes, jamais se viu na história de uma Casa Civil deste Estado.
E por último, mas não menos importante, Barbosa aborda a aliança - impensável, implausível, inimaginável, imponderável e, para certos padrões petistas, intolerável - entre Ana Júlia e o ex-governador Almir Gabriel, que entrou para a posteridade com o registro em fotos como nesta aí de cima.
Pois disse o publicitário Edson Barbosa, quando indagado pela repórter se a participação de Almir na campanha teria sido um erro:
"Ajudou muito. [Almir] teve um participação muito substantiva na campanha e representava uma força política importante."
Fora de brincadeira.
Fora de brincadeira.
De toda a brincadeira.
Mas o jornalista e publicitário Edson Barbosa, com a sua experiência, com a sua vivência, acha mesmo isso?
Com todo o respeito que Sua Senhoria deve merecer, mas se ele faz mesmo essa avaliação, então isso serve apenas para reforçar a convicção de muitos de que a Link foi mesmo uma das principais causadoras da derrota de Ana Júlia.
De qualquer forma, as avaliações de Edson Barbosa merecem ser levadas em conta porque externadas segundo a visão de quem esteve do lado de dentro da campanha.
Pena que Barbosa se veja impedido, até mesmo por imposições da ética profissional, de contar tudo o que viu e ouviu durante este campanha.
Sobretudo em relação ao pessoal da DS.
Aquele pessoal que, segundo o próprio marqueteiro, se acha.
Ou se achava, quem sabe.
Pena que Barbosa se veja impedido, até mesmo por imposições da ética profissional, de contar tudo o que viu e ouviu durante este campanha.
Sobretudo em relação ao pessoal da DS.
Aquele pessoal que, segundo o próprio marqueteiro, se acha.
Ou se achava, quem sabe.
2 comentários:
Ana, faça um derradeiro favor.
Leva o Almir na sua mala, leva mana.
O Edson tem razão: a participação de Almir na campanha de Ana Júlia ajudou muito. Ajudou Jatene a se eleger governador do Estado.
Postar um comentário