No AMAZÔNIA:
O terreno da antiga sede do Clube dos Empregados da Petrobrás (Cepe), na rodovia do Tapanã, parece ter sido ocupado por garimpeiros. Covas de mais de um metro de diâmetro foram abertas no solo, por todo o terreno de quase 16 hectares do clube, transformando em campo minado um espaço que há dois anos era um simpático espaço de recreação, com ginásio, restaurante e piscinas. Um 'tesouro' escondido debaixo da terra motivou as primeiras escavações: trata-se da tubulação que abastecia de água o clube da Petrobrás. Os moradores das áreas de invasão que rodeiam o terreno, hoje abandonado, contam que há dois anos dezenas de homens retiraram da terra toda a tubulação usando pás e enxadas. Parte dela, em metal, foi vendida a quilo para ferros velhos.
Os saques, porém, não se limitaram aos tubos e ligações de metal escondidos no subsolo. Todas as peças removíveis e materiais de construção que poderiam ser reaproveitados ou vendidos foram arrancados. Das tomadas à tubulação chumbada nas paredes, passando pelos esteios e telhas das construções do clube. Tudo foi depredado.
O que se encontra no local, hoje, é um amontoado de entulho, que durante o dia serve de espaço para a diversão de crianças e à noite se transforma em esconderijo para usuários de drogas.
Na Justiça - O presidente do Clube dos Empregados da Petrobrás no Pará (Cepe), Jessione Torres de Oliveira, conta que foram gastos cerca de R$ 3,5 milhões na construção do clube no Tapanã. O terreno de 16 hectares foi adquirido no final da década de 1980 e ficou em obras durante toda a década seguinte. Até o ano de 2007, com duas piscinas construídas, um ginásio e um auditório equipados e em funcionamento, o espaço servia às atividades de lazer dos funcionários da Petrobrás. Ainda em 2007, conta Jessione, o terreno virou alvo de uma disputa judicial entre a empresa, o Estado e a Prefeitura. Sem que o destino da área fosse decidido pela Justiça, o clube foi invadido e destruído.
O presidente do Cepe está indignado com a situação de abandono e depredação que a área enfrenta. 'Todos os associados estão indignados. Foi o nosso dinheiro e não o da empresa que foi usado para comprar o terreno', disse. Ele afirma que não houve cuidado em se manter a estrutura que estava pronta e que, mesmo com funcionamento suspenso, valorizava a área.
Doenças - As duas piscinas do clube se transformaram em viveiros para sapos e mosquitos. A água suja que está empoçada exala um mau cheiro que pode ser sentido à distância. Algumas crianças ainda se arriscam brincando próximo das piscinas abandonadas. De lá, elas contam já ter tirado até um jacaré.
Carlos Costa Ferreira, que ontem pela manhã recolhia aterro dentro do antigo clube, diz temer pela própria saúde por causa da proximidade com os focos de doenças. A cava da tubulação mais próxima à entrada da rodovia do Tapanã, onde ele mora, está cheia de água e nela é possível ver lavas de mosquitos. O morador diz ter sorte por ainda não ter contraído dengue. 'Em casa são três crianças. Medo, a gente tem. Mas ninguém mora aqui porque quer, é porque precisa', afirmou.
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