sábado, 17 de outubro de 2009

“Quem é o mal educado aí...?” O Pomme D’Or parou.

Uma mulher destemida é uma mulher destemida.
Uma família de mulheres destemidas é uma família de mulheres destemidas.
Viva elas!
Lembram-se daquela historinha que o blog contou já faz algum tempo, da madame – mulher de um dos executivos mais conhecidos de Belém e do Estado – que esteve a ponto de sentar a pua num capitão do Exército, durante um barraco memorável ali pela Conselheiro Furtado?
Lembram-se?
Pois é.
Agora aconteceu com a filha dela.
Com uma das filhas.
Outra dama.
Dama de belas virtudes, um espírito doce, capaz até de se comover, de ir às lágrimas, quando vê um velhinho atendendo, tarde da noite, num bar humilde, daqueles que servem sanduíche de pão careca com pedaços de salame – tudo bem artesanal - para matar a fome dos notívagos que perambulam pelaí.
Mas sim...
Aconteceu há poucos dias, no Pomme D’Or da Generalíssimo.
A dama acabara de sair do restaurante, acompanhada do marido, um cara de paz – inteiramente de paz, também ele um grande executivo. E um cara que conhece, de longe, quando a mulher – sua doce mulher - se aborrece.
Ambos saíram do restaurante e foram pegar o carro, que estava bem em frente ao restaurante.
Entraram no veículo, mas não puderam sair, porque um carrão, com os alarmes ligados e sem ninguém em seu interior, estava parado em fila dupla, trancando o carro deles, do casal.
Esperaram um pouquinho, e nada de aparecer ninguém.
A dama saiu do carro dela, deixou o marido ao volante e entrou de volta no restaurante.
Contou à recepcionista que um carro atrapalhava lá fora e pedia que ela, a recepcionista, fizesse alguma coisa para descobrir quem era o proprietário.
A recepcionista disse que nada poderia fazer.
- Ah, é? Mas eu posso – disse logo a dama, doce dama, elevando o tom de voz.
E mostrou que podia mesmo.
Botou as mãos na cintura, balançou as pernas intermitentemente pra frente e pra trás – sabem aquele tique nervoso? É aquele... – e quase berrou para todo o restaurante ouvir:
- Alguém pode me dizer quem é o mal educado que está aqui e deixou o carro aí fora, em fila dupla, atrapalhando a saída de todo mundo?
Silêncio no restaurante.
Silêncio total.
Uma senhora, na mesa ao lado, engasgou-se com uma garfada de filhote – hummm!, aqueles filhotes do Pomme D’Or – que levaria à boca.
As caixas do restaurante pararam de contar dinheiro.
Os garçons se detiveram, segurando suas bandejas.
Um bebê - uma gracinha! - que comia em sua cadeira, espantou-se e acabou cuspindo a comidinha na cara da mãe.
A fila dos clientes que iriam se servir parou completamente. Todos com os pratos e talheres em suspenso.
Silêncio total.
Todos os olhares voltados para a madame, que repetiu de novo, ainda mais alto:
- E então, alguém sabe quem é o mal educado dono do carro que está aí fora, fechando o nosso?
Eis que se levanta, lá de um canto, um cidadão que, vejam só, estava almoçando, só ele, no restaurante.
Enquanto almoçava, deixou o carro em fila dupla fechando o dos outros.
Ele se levantou, esgueirando-se pelas laterais, arrotando, com a cabeça baixa e foi a jato tirar o carro.
Quando entrou em seu carro, o cidadão ainda baixou o vidro e disse à madame, com a voz quase inaudível.
- Olhe, desculpe...
E ela, dedo em riste na direção do mal educado:
- Tá bom. Mas você é um mal educado.
E entrou, a dama, no carro com o marido, que àquela altura, coitado, suava em bicas. E não suava de calor, não... Ele conhece, afinal, sua madame.
A história é verdadeira.
E mais verdadeira ainda é uma assertiva do Juca – Juca, amigo, quanta saudade –, quando deixou um comentário naquele post sobre o barraco na Conselheiro.
Disse o Juca:

Tá vendo?
Três lições deste post.
Há sempre uma grande mulher por trás de um grande executivo.
Homens têm medo dos homens.
As mulheres não...rs


Juca tinha razão.
Inteira razão.

17 comentários:

Anônimo disse...

O cara não era mal educado e sim um imbecil, coisa bem diferente.

Anônimo disse...

Já vi que vc (12:45) não é bom de leitura. O blog faz um belo texto e vc faz uma interpretação literal.

Anônimo disse...

Infelizmente, atitudes como a desse senhor não são fatos isolados. Quem precisa passar pela Tv. Rui Barbosa, no quarteirão do Colégio "Mundo do Peteleco" sofre com esse tipo de abuso todos os dias.
Veículos carríssimos, digiridos por pessoas influentes (que se acham donos do mundo e acima de todas as regras do bem conviver), param no meio da rua - muitas vezes havendo espaço para encostarem - para deixar seus rebentos sem o mínimo constrangimento em relação aos demais usuários da Via Pública.
Isto sem falar das inúmeras vezes que param em frente da saída de veículos do prédio ao lado e, quando solicitados a se retirarem ainda se acham no direito de reclamar.
É preciso que as pessoas, sejam elas instruídas, educadas, ricas ou não, entendam que "seus direitos acabam quando começa o dos outros"

Lucia Duarte - moradora do edifício ao lado do "elitisado colégio"

Anônimo disse...

Além da dificuldade de trafegar nas ruas de Belém por tantos motivos: quantidade cada vez maior de veículos, motoristas imprudentes, motoristas "donos da rua", aumento de carros com grandes correcerias andando com uma pessoa - tipicamente ostentação -, ruas mal conservadas, etc., temos esse problema de pessoas que resolvem estacionar, sem a mínima cerimônia, cerciando a entrada e saida de carros em portas de garagens. Na sexta, 16/10, as 18h30min, um Honda Luxuoso, maior que o Civic, de Chapa JWD-9672, e um esportivo chevrolet Celta, de chapa JUS-6549, estavam estacionados nas saídas das Garagens de Agência da Caixa da Braz de Aguiar e do Laboratório Maymone, respectivamente, as 18:30h. Uma pessoa esperou um bom tempo pelos "motoristas" mas eles não deram as caras. O cidadão teve que manobrar por cima da calçada e sair por outro local, depois de esperar em vão os maus cidadãos.

Anônimo disse...

Anônimo das 14h 18min,

Boa tarde,

Usando o médoto de interpretação racional, concluo pelo seu comentário que vc é o mal educado referido no texto. Se não for, deve ser parente, amigo ou qualquer outra coisa parecida.

A propósito, qual método de interpretação que usou para concluir seja permitido parar ou estacionar em fila dupla?

Anônimo disse...

De fora, analisando a situação, creio que a senhora exagerou. Poderia ter chamado o responsável pelo restaurante para solicitar a retirada do veículo pelo proprietário.
Porém, é compreensível a atitude destemperada da pessoa fechada pelo senhor da "fila dupla", para poder saborear seu prato em detrimentos da senhora e dos motoristas que trafegavam pela Avenida citada. Já se institucionalizou a "fila dupla" na cidade há tempos, sendo que muitos entendem que ligar o "pisca alerta" do automóvel é a senha legítima para se ficar em fila dupla. E tais filas, duplas e até triplas, são comuns em quaisquer ruas, quaisquer horários. E o pior é que muitas vezes, a fila dupla existe mesmo quando existe a possibilidade de estacionar mas, para "facilitar" o motorista, este opta pela solução irregular.
Creio que a situação, com o aumento dos carros em Belém, já chegou ao paroxismo.
Além das filas duplas, outra situação igualmente abominável são as paradas fechando os cruzamentos, na maior normalidade.
Caso se consiga exterminar estes problemas das ruas, muito facilitaria ao tráfego regular dos carros na cidade.
E para solução, já que não existe mágica nem a possibilidade de se criar viadutos ou túneis no centro da cidade, além de ações de conscientização dos motoristas, não vejo como não conciliar senão com repressão imediata da CTBEL, com um carro que caminhasse pela cidade exclusivamente com essa finalidade.
E, ao detectar o caso, o carro pararia (em fila simples, frise-se) e aplicaria a sanção cabível.
Sem tal regulamentação mínima no trânsito, e sem a ajuda e conscientização de parte dos motoristas, a melhoria do trânsito da cidade ainda é um ideal distante.

Att.,

Alan Mansur

Poster disse...

Alan,
Sinceramente, acho que a madame não exagerou, não.
Ele chamou de mal educado para quem foi, sim, mal educado.
Outros, mais destemperados que ela, certamente desfiaram palavrões.
Vai ver, ela bem que teve vontade - qualquer um, afinal, teria, não é?
Mas se conteve.
Mal educado era o mínimo que poderia dizer numa hora dessas.
Sinceramente.
E mais: conforme relata a postagem, ela se dirigiu à recepcionista e pediu providências.
A moça fez muxoxo. Fez ares de que não era nem como ela.
A madame não teve outra alternativa senão a que tomou.
Abs.

Anônimo disse...

Aprovo a madame, com certeza. Se ela deixar o executivo, e quiser um bom motorista de cachorro quente, pode me procurar.
.
Paulo, junte essa e tantas outras já escritas, e mais outras por escrever, e faça um livro de crônicas.
Você é fera.
abs

Lafayette disse...

Paulo, que deliciosa postagem. Humor e recado certeiro, bem dosados e bem temperados.

Estas "filas duplas" são de lascar mesmo! Fez bem a madame.

Tem dois lugares em Belém que desafiam qualquer autoridade, qualquer prefeito, qualquer revitalização, qualquer estudo de japonês, ou não, sobre o trânsito de Belém.

O primeiro é a Tv. Rui Barbosa, entre a Av. Nazaré e a Brás de Aguiar. Ali logo deconfronte o Ed. Volpi, e vai até a Panificadora da esquina. É incrível!

A segunda, até costumo dizer que o guardador de carro de lá É O VERDADEIRO PREFEITO, de todo o sempre, de todas as gestões!

É aquele pequeno trecho, na Rua Ó de Almeida, entre a Av. Presidente Vargas e a Tv. 1ºe Março, ali, onde tem uma entrada lateral dos Correios.

O guardador de lá, um senhor careca, moreno, velha guarda por ali, é PODEROSO!

Não tem papo com ele. Tiraram até os camelôs de lá, coisa que se duvidava, acertaram as calçadas, asfaltaram, pintaram, mas o cara é O VERDADEIRO PREFEITO DE BELÉM. Ele manda.

Se o cabra está no aperreio, não tem onde estacionar... ele resolve. Ele manda parar em fila dupla lá que NÃO PEGA NADA com o carro, com ele, com ninguém.

Já vi um comboio da CTBEL (sabe aqueles comboios que passa com motos e carros da CTBEL, acompanhados de caminhão-plataforma, quando vão realizar uma "missão" e rebocar carros?) se esgueirar por ali, acho que indo lá pras bandas da Praça da Bandeira, ou Praça Felipe Patroni, e... NADA!

Ali, como diria o pessoal de Cametá, É PUDER!

Anônimo disse...

Semana passada, na 14 de abril, próximo à Gentil Bittencourt, na porta de um cursinho de vestibular famoso da cidade, os pais que buscam suas crias de carro, fecharam a rua em fila trípla.
Depois querem que seus filhotes seja educados e cultos. Cadê o exemplo?

Franssinete Florenzano disse...

Paulo, você tem razão. Há homens que se acovardam, mas ai do mal educado, principalmente se tiver culpa no cartório, que se meter com uma mulher digna. Não passará!

Anônimo disse...

PB, mais uma deliciosa postagem! E a madame está corretíssima, lembra muito a minha mãe, pessoa de personalidade fortíssima que já algumas vezes me deixou como ficou o marido da madame, suando, em situações desse tipo.

Anônimo disse...

A culpa é da companhia de trânsito, que não fiscaliza.

Poderíamos telefonar para alguma viatura policial que, imediatamente, cuidaria do caso, evitando a justiça pelas próprias mãos. É assim que se age nos países civilizados.

A omissão, porém, provoca fatos iguais ao que o blog reportou. Já pensou se a madame se depara com alguém igual ou pior? Certamente resultaria em desgraça!

A justiça com as próprias mãos (que foi o que ela fez) é um problema serio e não recomendo niguém usá-la, salvo para salvar a vida de perigo real, iminente, e que não era o caso.

A prefeitura têm avanços, sim, que deixam o governo anterior distante.

Mas na questão da disciplina do trânsito é zero à esquerda. Pior: dois zeros à esquerda.

Reparem que não estou nem a cobrar o fim dos engarrafamentos, os quais dependem de muitos recursos. Reporto-me somente à questão da disciplina no trânsito, cuja impotência é visível e risível por parte da prefeitura.

Exemplo: ontem na Av. Júlio César, no cruzamento onde se está sendo contruido um viaduto, uma carreta de mais de 20 metros fez um retorno ilegal e o guarda da CTBEL que estava plantado no local nada fez. Então por que estava lá? Esqueceu que é autoridade do trânsito?

Anônimo disse...

Se sempre aparecesse uma madame dessas para conter esses abusos, as pessoas respeitariam mais as outras. É muita cara de pau desse indivíduo: vai almoçar e não está nem aí para os outros, como se fosseo dono do mundo e da rua. Vai rodar o quarteirão e procurar uma vaga para estacionar.

Agora tem uma coisa: Esses restaurantes tb não se preocupam em garantir estacionamento para os clientes. Pomme Dor e Spazzio Verde são terríveis nisso.

Quando um estabelecimento obtem licença para funcionar, não são exigidos espaços para estacionamento dos veículos? Alô prefeitura.

Anônimo disse...

Pior foi abrir uma lojas americanas na Nazaré sem uma vaga para estacionamento. Que loucura. Quanta irresponsabilidade da prefeitura!

Caroline Cardoso disse...

Mulher pode tudo, kkkkkkkkkkkkkk, é isso aí, infelizmente temos que nos estressar ao ponto de gritar dentro de um restaurante, para podermos exigir algum tipo de educação e bom senso alheio. Parabéns à "ilustre senhora", se bem que eu ainda o teria xingado mais...mas, mesmo assim valeu..

Anônimo disse...

Parabéns para a madame! Se eu estivesse lá, teria aplaudido em pé! E ainda teria puxado uma vaia para o mal educado da fila dupla... Se aguém tinha que passar por constrangimento era ele e não o marido da madame.