No Valor Econômico
O jornal "Diário de S. Paulo" passou ontem às mãos do empresário J. Hawilla, dono da Traffic Sports, uma das maiores empresas de marketing esportivo da América Latina. O Diário era publicado desde 2001 pela Infoglobo, empresa das Organizações Globo, que também é sócia do Grupo Folha no Valor. A partir de agora, o Diário passa a integrar a rede de jornais "Bom Dia", braço do grupo Traffic em jornalismo impresso, que até então não atuava na capital paulista. O negócio, cujo valor não foi revelado, envolve também a compra do parque gráfico do Diário, instalado no bairro do Jaraguá, zona oeste de São Paulo, com capacidade de impressão de 75 mil exemplares por hora.
Em nota, o diretor geral da Infoglobo, Paulo Novis, afirmou que a venda dos ativos do "Diário de S. Paulo" "está em linha com a estratégia da empresa de focar os seus esforços nas áreas e segmentos onde a empresa é líder inconteste e ampliar investimentos em novos negócios analógicos e digitais".
Já para a Traffic, segundo Flávio Pestana, presidente da rede "Bom Dia", trata-se da chance de chegar ao maior mercado leitor e publicitário do país. "Com a investida, vamos mais do que dobrar de tamanho", afirma Pestana. Hoje, os nove títulos da rede, que chegam a 100 cidades do interior paulista e da Grande São Paulo, somam tiragem de 52 mil exemplares em dias úteis e 62 mil aos domingos. Só o Diário vende cerca de 63 mil exemplares ao dia, de acordo com o Instituto Verificador de Circulação (IVC), considerando a circulação média de outubro de 2008 a setembro de 2009. Em número de funcionários, a rede também vai mais do que dobrar: os 380 funcionários do Diário vão se somar aos atuais 230 colaboradores da Bom Dia.
As conversas com a Infoglobo começaram há cerca de um ano, segundo Pestana, mas só se intensificaram nos dois últimos meses. A Traffic já é parceira das Organizações Globo com uma das suas empresas, a TV Tem, afiliada da TV Globo no interior paulista, onde chega a 318 municípios.
Já a rede Bom Dia, iniciada há quatro anos, está ganhando espaço repetindo, nos jornais, o modelo que deu certo para a Globo na TV. "Temos apenas quatro títulos próprios - em Jundiaí, Sorocaba, Bauru e São José do Rio Preto, onde também temos uma gráfica -, e os demais nove títulos com o nome Bom Dia são resultado de parcerias com empresários locais", diz Pestana. A Traffic oferece o conteúdo nacional, assim como marketing e a venda de espaço publicitário envolvendo anunciantes nacionais, enquanto o empresário produz e negocia, em âmbito local, o conteúdo e a publicidade, respectivamente, além da venda de exemplares. "O empreendedor fica com a receita local e recebe 25% da receita nacional", diz.
Com o Diário, a estratégia é criar uma rede na Grande São Paulo. "Inauguramos no mês passado uma operação em São Bernardo e na semana que vem chegamos a Alphaville", afirma.
De acordo com o executivo, o período de transição começa hoje. "Possivelmente, virão primeiro algumas mudanças de layout", afirma Pestana. A empresa ainda estuda se mantém o formato standard do Diário, uma vez que todos os outros títulos da rede são berliner (um formato intermediário entre o standard e o tablóide). Mas a linha editorial deve se manter como a primeira proposta da Infoglobo para o título. Não será tão "elitista" como a Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo - os dois líderes na capital -, e nem popular, como o Agora e o Jornal da Tarde, que pertencem, respectivamente, aos mesmos grupos, diz Pestana. "Vamos agradar a todos", afirma.
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