De um Anônimo, sobre a postagem “Cuba só é reverenciada por quem nunca morou aqui”:
Penso que nenhuma ditadura, seja de direita ou de esquerda, é boa. Mas lendo o que a doce Yoani escreveu em seu diário, me vi a comparar com a nossa bendita democracia. Vamos lá:
* “Na sala de aula dele há seis fotos de Fidel Castro. Tudo o que se ensina nas escolas é o marxismo, o leninismo, essas coisas. Não se sabe o que acontece no resto do mundo. A primeira vez que vi imagens da queda do Muro de Berlim foi em 1999, dez anos depois de ela ter ocorrido. Foi num videocassete que um amigo trouxe clandestinamente. Para assistir às imagens do homem pisando na Lua, foi necessário esperar vinte anos.”
COMPARAÇÃO: Aqui também é assim. Na época da ditadura militar nós aprendíamos nossa história de acordo com a visão dos militares. Agora que temos uma democracia formal, aquilo que é inconveniente para o poder econômico e político é escondido do povo, daí porque os movimentos sociais, que efetivamente lutam por uma democracia real, principalmente na distribuição da renda, são criminalizados.
* “Pelo que vejo nas ruas, é difícil acreditar que os cubanos possam sobreviver tantos anos. Os idosos estão em estado deplorável. Há uma avalanche de dados que poderiam ilustrar o que digo, mas estes nunca são divulgados. Jamais fomos informados sobre o número de pessoas que fogem da ilha a cada ano. Ninguém sabe qual é o índice de abortos, talvez o mais alto da América Latina.”
COMPARAÇÃO: Aqui também, os nossos idosos sofrem muito. Aqueles que não têm dinheiro morrem nas filas dos hospitais públicos e nem são tão velhos como os de seu país, mas como não têm o mínimo para uma vida digna, aos setenta anos parecem ter 90. Também não sabemos quantos morrem por falta de atendimento e nem qtos abortos clandestinos são feitos, porque essas estatísticas são sonegadas da população.
Aqui não é proibido sair do país, mas os pobres não o fazem porque não têm condições mínimas para tal.
* “A carência nos hospitais é trágica. Quando um doente é internado, todos os seus familiares migram para o hospital. Precisam levar tudo: roupa de cama, ventilador, balde para dar banho no paciente e descarregar a privada, travesseiro, toalha, desinfetante para limpar o banheiro e inseticida para as baratas. Eles não devem esquecer também os remédios, a gaze, o algodão e, dependendo do caso, a agulha e o fio de sutura.”
COMPARAÇÃO: Aqui também acontece a mesma coisa, os pobres que dependem do serviço público de saúde quando conseguem (o que é muito raro) uma internação, sofrem com a falta de equipamentos e remédios. A diferença é que não têm o que levar para o hospital e quando têm, diferente daí que tem médico, aqui falta esse profissional.
* "Cuba só é reverenciada por quem nunca morou aqui. Eu já conheci um montão de gente que idolatrava Fidel e, depois de um mês vivendo conosco, mudou de opinião. Quando as pessoas descobrem como é receber em moeda sem valor, enfrentar as filas de racionamento ou depender do precário transporte público, começam a pensar de modo mais realista. Não estou falando dos turistas que ficam uma semana, dormem em hotéis cinco-estrelas e andam em carros alugados. Convido quem vê Cuba como um exemplo a vir para cá, sentir na pele como vivemos."
COMPARAÇÃO: Aqui também acontece a mesma coisa. A população enfrenta filas todos os dias para utilizar um transporte público precário, pagando muito por esse serviço, diferente daí que é gratuito. Agora, a população não enfrenta fila para comprar alimento, pois diferente daí, não é o alimento que falta e sim o dinheiro.
10 comentários:
Tudo isso, sem falar que a ilha sofre há décadas com um bloqueio econômico desumano, este sim, o responsável por muitas das mazelas sociais de Cuba.
é, se formos nos referir à qualquer potencia mundial, poderíamos notar o quanto seus governos são repressores da população pobre, a diferença crucial é o PIB de CUBA.
Um cidadão sensato não pode mais ignorar o fato de Cuba ser pais-ilha que tem como base produtiva o tabaco e o algoodão e seu povo é castigado com o nefasto embargo economico proposto pelos EUA por mais quase meia década, e mesmo sendo reprovado pela maioria dos paises do mundo capitalista mantém o massacre daquele povo aguerrido que demostra em peso o apoio à revolução com a prsença massiva todo dia 1º de Maio.
O que queria a entrevista da VEJA? Queria que Cuba fosse o melhor lugar para se viver diante deste crueldade imposta pelos americanos?
Conheço vários médicos que foram se formar em Cuba e retratam o estado miserável que o país sobrevive, mas voltam com a premissa de uma das mais belas profissões exercida de forma solidária e ética e quando retornam para cá, não podem atender pacientes pobres - como fazem lá em Cuba - porque o Conselho Nacional de Medicina daqui, não o permitem. Quem daqui nunca soube de caso de municípios que oferecem 10, 15 mil reais por mês para contratar médicos que se disponham passar 3 ou 4 dias no máximo atendendo no interior e a oferta é baixíssima. Só quem tem condições financeiras estáveis pode se admirar da situação precária de outros países sem entender o que se passa em seu próprio bairro.
Pertinentes essas observações. Se pensarmos seriamente, grande parcela da população não tem mesmo nenhum motivo para comemorar, muito menos achar que aqui é melhor que Cuba...pelo menos para a grande massa pobre e excluída.
Quanto ao resto, é claro que aqui é melhor.
Prezado PB,
Que comentário infeliz!!!
No Brasil, há, pelo menos, liberdade de ir e vir, de reunião, de associação, enfim, liberdades fundamentais que em Cuba são negadas. Há liberdade, inclusive, para que as pessoas possam agir em concerto visando alcançar um determinado objetivo.
Se a coisa não vai melhor, deve-se, em larga medida, ao governo federal, que, aliás, rende loas ao governo de La Habana e não investe na área social como devia (segundo recente pesquisa do IBGE, o Brasil tem 14 milhões de analfabetos!!!).
Só na América Latina ainda encontramos quem defenda o castrismo e tente compará-lo com as democracias representativas como se tratassem de farinha do mesmo saco. Evidentemente que não são a mesma coisa.
Em suma: que comentário infeliz!!!
Poxa, o pessoal de esquerda não é facil. O Fidel não para de provocar os americanos, como é que eles vão ajudar Cuba? Deixa esse velho ditador e os seus velhos companheiros revolucionários perecerem que tudo muda.Pode-se concluir que o boicote existe porque tem um governo antagônico aos americanos por lá. Já deixaram até os russos instalarem foguetes na época do Kenedy para se contrapor!
E comparar a vida de lá com a daqui não dá para entender. Será que aqueles atletas que fugiram da delegação para ficarem por aqui são os únicos a não quererem a vida de lá? Dei-nos, o Deus, paciência para aceitar os nosso esquerdistas. Será que eles gostariam de morar por lá?
Ah, por falar em ditdura, que tal a notícia abaixo publicada na imprensa mundial:
"Mesmo após revogação de decreto, mídia pró-Zelaya segue calada
TEGUCIGALPA (Reuters)"
PB, estou esperando a opinião de Reinaldo Azevedo, do Dallari e de alguns comentaristas aqui do Blog, sobre isso. Abs.
Comentário sensato, o que foi para a ribalta, comentários vazios os que insistem em demojizar Cuba e Fidel, entoando loas às "democracias representativas", ou infantis como o anônimo que responsabiliza Fidel pelo embargo dos EUA, "porque vive provocando os americanos". Fala sério! Há críticas sérias e pertinentes que devem ser feitas à política cubana, mas or favor, que sejam sérias e pertinentes. Matérias como as da Veja só tentam encobrir o verdadeiro dilema de Cuba. Inverto a equação infantil do anônimo das 21:35: acabe-se o boicote a Cuba e espere-se que a vida adquira rumos mais democráticos na ilha, o que com certeza acontecerá.
PB, sei que voce tem opçoes ideologicas diferentes da minha, pela prioridade e viés dados a alguns temas, mas te admiro pelo espirito democrático inquestionável que imprimes a este blog. Parabéns!
Grato, Anônimo.
Os homens - e as mulheres,é claro - só mostram que são grande e inteligentes quando sabem discordar entre si.
Frontalmente e civilizadamente.
Abs.
Um homem passeia tranquilamente por um parque em Nova York quando derepente vê um cachorro raivoso a ponto de atacar a uma aterrorizada menininha de 7 anos. Os curiosos olham de longe, mas - mortos de medo - não fazem nada. O homem não titubeia e se lança sobre o cachorro, toma-lhe a garganta e o mata.
Um policial que viu o ocorrido se aproxima, maravilhado, dizendo-lhe:
- Senhor, vossa senhoria é um herói. Amanhã todos poderão ler na primeira página dos jornais: "Um valente Nova Yorkino salva a vida de uma menininha."
O homem responde:
- Obrigado, mas eu não sou de Nova York.
- Bom - diz o policial - Então dirão: "Um valente americano salva a vida de uma menininha."
- Mas é que eu não sou americano - insiste o homem.
- Bom, isso é o de menos... E de onde você é?
- Sou árabe - responde o valente.
No dia seguinte os jornais publicam: "Terrorista árabe massacra de maneira selvagem um cachorro americano de pura raça, em plena luz do dia e em frente de uma menininha de 7 anos que chorava aterrorizada."
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