domingo, 14 de junho de 2009

Tradição regada à persistência

No AMAZÔNIA, por AVELINA CASTRO

Ainda há espaço para as festas juninas de rua em Belém. A tradição é mantida à custa do esforço de pessoas que coletam dinheiro entre moradores, buscam patrocínio e dão entrada na documentação necessária para conseguir autorização junto aos órgãos competentes para o fechamento das vias e a realização dos festejos característicos da época. Apesar da persistência, alguns moradores estão abandonando a tradição por conta da 'burocracia' em torno da realização das festas.
Na rua Mariz e Barros, entre as avenidas Visconde de Inhaúma e Marquês de Herval, o morador Vencelau Mendes, 40 anos, luta para manter viva a tradição das festas juninas de rua. Desde o ano passado, ele e outros moradores resolveram fazer um dia de brincadeiras tradicionais da época para reunir as crianças da rua e de áreas próximas. Pau-de-sebo, corrida de saco e quebra pote são algumas das brincadeiras do folclore brasileiro feitas na festinha organizada por Vencelau. Também não faltam quadrilhas do bairro e boi-bumbá. 'Nossa festa é muito divertida e totalmente voltada para as crianças', ressalta Vencelau. Ele explica que, até 2007, as festas realizadas no quarteirão onde ele mora tinham aparelhagem e eram noturnas, voltadas para o público adulto. Mas, no ano passado, ele e um grupo de amigos resolveram mudar essa realidade e resgatar o aspecto cultural e infantil dos fetejos juninos. 'Na nossa festa vem crianças de todos os lados', ressalta o morador, que está programando uma festa para o dia 28, começando às 10 horas e se estendendo até às 22 horas.
Vencelau destaca que a programação não permite o uso de aparelhagem e nem venda de bebidas alcóolicas. 'A gente usa um som de nossa propriedade mesmo, pequeno, e cada morador compra as bebidas que quiser, a seu critério', revelou, se referindo aos principais problemas enfrentados por moradores, atualmente, para conseguir licença para a realização de festas.
Moradores das vilas que cortam a travessa Vileta, entre as avenidas Almirante Barroso e 25 de Setembro revelam que deixaram de realizar as festas juninas - que já foram tradicionais no local - por causa da 'burocracia' que se exige, atualmente. 'Em todas essas vilas daqui eram realizadas festinhas, mas, depois foi ficando tão difícil fazer uma festa por causa das autorizações, que deixamos de fazer', disse uma moradora, que preferiu não se identificar. Em todas as vilas existentes no perímetro os moradores disseram que abandonaram a tradição pela dificuldade em conseguir as licenças para realização.

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