quarta-feira, 17 de junho de 2009

"Persona Non Grata"

TONY NAVEGANTES

Ânimos arrefecidos, pelo menos para algumas pessoas, após a ressaca da não inclusão de Belém na lista da Fifa como uma das 12 subsedes da Copa de 2014. Resta-nos agora, como bons e civilizados cidadãos paraenses que somos, nos congratularmos e torcemos para que a nossa Região Amazônica seja bem representada pela cidade escolhida. Até porque não há mais nada a fazer em relação a este episódio.
Como qualquer cidadão brasileiro que reside no Estado do Pará e, principalmente, como paraense de nascimento que sou, também fiquei muito frustrado quanto ao sepultamento da candidatura de Belém no resultado final da escolha das 12 cidades que irão sediar a Copa do Mundo no Brasil. Não pelo fator jogos (acredito que as famosas seleções internacionais jogarão no eixo Sul/Sudeste), mas sim pelo fator investimentos que o evento iria fomentar em nossa capital e, por tabela, em nosso Estado.
Copa do Mundo acontece de quatro em quatro anos. No caso do Brasil, a última ocorreu há cerca de 59 anos. Ou seja, a probabilidade que a geração dos nossos filhos e netos possam ver Belém concorrer, novamente, a uma disputa de sediar uma Copa do Mundo, assim como a nossa geração efetivamente teve, e deixou escapar, são muito remotas.
Entretanto, o que mais nos deixou frustrados é que não tivemos a competência de convencer a Fifa (leia-se Ricardo Teixeira) que a Copa de 2014 teria que contemplar no mínimo duas, das três cidades amazônicas, que se credenciavam a sediar o mundial e, assim, convalidar o tema que o evento se propõe - "Copa do Mundo Verde de 2014".
Alguém saberia explicar o porquê de um evento com ares ecológicos ter deixado de contemplar a cidade mais importante, mais estruturada (aqui temos um belo estádio, um ótimo aeroporto, todos os meios de ligação, uma extensa rede de fibra ótica, pontos turísticos exuberantes, uma rede hoteleira em franca expansão etc.), da torcida mais apaixonada do futebol brasileiro, e principalmente, da cidade mais verde e aconchegante da Amazônia Legal?

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“Belém não perdeu, simplesmente, um amontoado de jogos de seleções estrangeiras. Perdemos, na verdade, o bonde do desenvolvimento, perdemos dezenas de milhares de empregos, perdemos obras que iriam revolucionar o aspecto arquitetônico e estrutural da nossa capital.”
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Talvez a melhor resposta estivesse consubstanciada na maneira como Manaus soube conduzir o seu projeto, através de uma estratégia planejada arrojada que criou uma sinergia gerencial que uniu: Câmara Municipal, Assembléia Legislativa, Federação Amazonense de Futebol, bancada federal e governo do Estado em um único propósito: vencer a disputa sobre Belém e se efetivar como a legítima metrópole da Amazônia.
Os manauenses formaram equipes com missão, metas e objetivos bem definidos. Eles conseguiram agregar políticos e partidos opostos. Botaram de lado divergências políticas e pessoais históricas, formando um imenso bloco, suprapartidário, que os levaram a vencer a queda de braço com a nossa capital.
Enquanto isso, os políticos "manauaras" se uniam e se organizavam, profissionalmente, para o embate técnico e político que este tipo de disputa exige. As nossas excelências "parauaras" desagregavam-se, dando uma verdadeira aula de amadorismo e incompetência técnico/político.
Lá, eles se reuniam com periodicidade para analisar pontos positivos e negativos da estratégia pré-estabelecida, chegando inclusive a montar um escritório no Rio de Janeiro, no intuito de acompanhar mais de perto as exigências da CBF e Fifa, onde políticos locas exigiam relatórios, mensais, do Projeto - "Manaus 2014".
Já aqui, a briga era constante, tanto na Câmara Municipal (CPI da Saúde; o caso da empregada laranja etc.), quanto na Assembleia Legislativa, onde algumas lideranças partidárias só usavam a tribuna da Casa para exigir mais emprego, mais espaço no governo e outras coisas dessa natureza. Copa do Mundo passava longe da pauta de discussão, dessas instituições legislativas.
A Copa do Mundo pode até ser um evento efêmero, já que acontece de quatro em quatro anos e se repete, em média, a cada 60 anos em um mesmo país, porém os seus efeitos são perenes. Perpetuam-se após o seu fim.
Belém não perdeu, simplesmente, um amontoado de jogos de seleções estrangeira - até porque nada substitui o nosso Re x Pa; o que perdemos, na verdade, foi o bonde do desenvolvimento, perdemos dezenas de milhares de empregos, perdemos obras que iriam revolucionar o aspecto arquitetônico e estrutural da nossa capital. Em síntese, perdemos a oportunidade de sair do ostracismo obsoleto que nos tornaram conhecidos, lá fora, como verdadeiros "caras pálidas do Norte brasileiro".
Ao povo paraense, resta agora retribuir com a mesma moeda, o desfavor que alguns políticos prestaram contra este Estado. A derrota foi coletiva e expôs, novamente, o Estado do Pará de maneira negativa no cenário nacional.
Teremos uma oportunidade ímpar, nas eleições de 2010, de "agradecermos nas urnas" a incompetência, o fisiologismo, a desunião, o amadorismo e a inoperância dos políticos que produziram a derrocada de Belém.
A estes esboços (de políticos), que produziram o maior fiasco da história política do Estado do Pará, só nos resta contemplá-los com o famoso diploma de "Persona Non Grata", ao invés de os referendarmos com a diplomação de candidatos eleitos, no pleito vindouro. Pois como dizia Robert H. Schüller: "Deixe suas esperanças, e não seus ferimentos, moldarem seu futuro".

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TONY NAVEGANTES Acadêmico de Direito

7 comentários:

Anônimo disse...

Na verdade o que perdemos foi a oportunidade de ficarmos quietos. Participar de uma disputa da maneira que participamos, ninguém merece.

Anônimo disse...

O Coronel Nunes, da FPF, entrou mudo e saiu calado , desse embate.
Os politicos melhor nem comentar.

Elziane Lima disse...

Cade a Governadora amiga do Presidente. Cade o Dudu que se dizia parceiro do presidente?
Tudo papo furado.

Anônimo disse...

Sinceramente, nós não mereciamos sediar a Copa do Mundo.
É só olharmos as pifias administração dos nossos governantes para conferirmos que Manaus merecia muito mais que a gente. Mas eu gostei do artigo.

Anônimo disse...

Interessante, o quanto os nossos politicos e organizadores foram incompetentes no planejamento da candidatura de Belém para sediar a copa 2014.
Eles simplesmente deixaram de colher os louros que o evento iria render eles. Foi um misto de incompetencia e burrice ao mesmo tempo.

Anônimo disse...

Como bom PARAENSEN-COM-VERGONHA-NA-CARA reconheço que perdemos bem. Perdemos pra quem ja esta a nossa frente faz tempo. Manaus cresceu, conterraneos. Lá nao tem futebol e nem precisava ter. Lá tem emprego, baixo indice de criminalidade e muita coordenação politica em favor dos interesses da população local. Ana Julia queria plateia, pois embriagada por ter sediado o Forum Social, acho que a copa do mundo seria outra conquista que lhe traria legitimidade. Errou feio e ganhou a pecha que lhe cabe: Incompetente.
Belem precisa acordar, quiçá nao seja RESSUCITAR, pois estamos em divida com o crescimento ordenado na area economica, social e politica.
Perdemos pra uma cidade que se afirma como metrole e que vai crescer 50 anos em 5. Agora nos resta tentar construir um futuro adequado pra nao sofrere essa verginha novamente em outros aspectos.

Anônimo disse...

Ei anônimo das 20:08, morei em manaus 13 anos, vindo de lá há dois anos e a cidade é um caos. Você sabia que lá, quando tem calçada, elas tem 1 metro. É isso mesmo, 1 metro, salvo em Adrianópolis e Vieira Alves.
Perdemos para a incompetência e por causa da incomPTência.