No AMAZÔNIA:
Uma nova ação de retirada de ambulantes foi promovida ontem pelas secretarias municipais de Economia (Secon) e Urbanismo (Seurb) na entrada do conjunto Panorama XXI, na rodovia Augusto Montenegro. O clima da operação ficou bastante tenso, principalmente quando um morador foi detido, após tentar agredir um policial. O Grupamento de Ações Táticas (GAT) da Guarda Municipal de Belém conteve a manifestação, sob muita reclamação da comunidade local. Tanto comerciantes quanto moradores do conjunto tentaram fechar a rodovia Augusto Montenegro para impedir que a retirada dos equipamentos fosse efetivada, porém, o GAT, com o apoio da Polícia Militar, evitou a obstrução da via.
O procedimento retirou inicialmente dois trailers que vendiam alimentos e uma barraca de madeira, onde eram feitos consertos de eletrodomésticos. A comerciante Zélia Souza, dona de um dos trailers retirados, afirmou não ter sido notificada. 'Ninguém me falou nada, não chegou nenhum comunicado. Quando me espantei os fiscais da Secon estavam puxando os bancos, pedindo a meus clientes que se retirassem. Trabalho aqui há dois anos, e é daqui que tiro meu sustento', declara. O dono do segundo trailer não estava no local durante a intervenção, contudo, os equipamentos foram retirados por um caminhão e levados para a Secon.
Segundo o agente de postura da Secon, Celso Nascimento, a Seurb notificou os ambulantes de todo o entorno há mais de 20 dias. O comerciante Raimundo Natividade, que também ocupa um espaço irregularmente, declarou que a última notificação foi no ano passado. 'No ano passado eles vieram aqui, mas não tenho como sair deste lugar, pois moro num quartinho alugado - onde não cabe todo esse material de armarinho que vendo. Preciso de dois a três dias para resolver este problema', sugere o vendedor, que escapou da operação. Raimundo trabalha no ponto desde 2000, e segundo ele, chegou a pagar uma taxa mensal conforme orientação da Secon. 'Só parei de pagar a taxa quando ela deixou chegar aqui na loja. Agora vou ter que arrumar outro lugar para ficar', comenta.
A dona de casa Ana Maria Silva afirma que as vendas geram um certo movimento de pessoas, o que inibe a ação de bandidos. 'Aqui na entrada do conjunto são em média 30 barracas. Elas fazem com que, durante qualquer hora do dia, sempre tenha gente na rua. Aqui é um bairro muito perigoso, e se ficar deserto, vamos ser assaltados toda hora', destaca. Para o eletricista João Batista dos Santos, que perdeu sua barraca durante a ação da Secon, a operação foi arbitrária. 'Trabalho aqui há 17 anos, e nunca fui notificado. O prefeito prometeu nos remanejar e padronizar a feita, mas pelo visto, isso não vai ocorrer. Belém tem muito espaço para nós trabalharmos, falta a Secon se organizar', reclama.
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