sábado, 13 de junho de 2009

Alunos só nas horas de folga

No AMAZÔNIA:

Cerca de 100 pessoas, entre representantes de entidades sociais, crianças e adolescentes, participaram, ontem, de um seminário que discutiu o trabalho infantil. O seminário 'Direitos humanos de crianças e adolescentes: um olhar para a situação do trabalho infantil' foi realizado, durante todo o dia de ontem, na sede do Movimento República de Emaús (MRE), em Belém, e também apresentou um estudo sobre a temática. O evento foi realizado em alusão ao Dia Mundial de Combate ao Trabalho Infantil, comemorado ontem.
Durante o evento foi feito o lançamento do 'Levantamento da situação de trabalho infanto-juvenil em escolas de Belém-PA', realizado através de uma parceria entre o Cedeca-Emaús, MRE e a Universidade Federal do Pará (UFPA), que revela que existem vários casos de crianças e adolescentes que estão nas salas de aula e estão em situação de trabalho em horário alternado ao da escola.
Segundo Eliane Neves, assistente social do Centro de Defesa da Criança e do Adolescente (Cedeca-Emaús), o estudo foi feito em três escolas públicas da rede estadual de ensino. São elas: Donatila Santana Lopes (Pedreira), José Veríssimo (Batista Campos) e Camilo Salgado (Jurunas). As principais atividades desenvolvidas pelos meninos e meninas são: vendas e trabalho doméstico.
Uma adolescente de 17 anos, moradora do bairro do Bengui, é atendida no Programa de Enfrentamento ao Trabalho Infantil Doméstico (Petid) e conta que esteve em situação de trabalho, quando tinha 11 anos por falta de informação de seus pais. 'Meu pai e minha mãe são analfabetos. Eles não têm conhecimento dos direitos deles e nem dos meus e achavam que aquilo era bom para mim', conta a adolescente, que trabalhou como babá e depois como empregada doméstica durante um ano e dois meses.
A adolescente revela que passou por muita humilhação na casa da patroa. 'Ela (patroa) começou me pagando R$ 100,00 e depois passou para R$ 70,00 e brigava comigo, me humilhava. Não queria mais ir para a casa dela, mas minha mãe me mandava ir para lá porque achava que aquilo era bom para mim. Só que eu contei isso para uma amiga que fazia um curso no Cedeca-Emaús e ela me trouxe para cá e, aqui, eu conheci meus direitos e saí disso', lembra a adolescente, que participa de várias atividades no MRE.

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