quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

TJ diz que suspeita "mancha" tribunal

Na FOLHA DE S.PAULO:

O desembargador Álvaro Manoel Rosindo Bourguignon, que assumiu ontem, interinamente, o cargo de presidente do Tribunal de Justiça do Espírito Santo, disse não ter detalhes do processo contra os colegas do órgão, mas afirmou que, "independentemente" de culpados e inocentes, a suspeita "mancha" a imagem do tribunal.
"Eu reagi como qualquer um reagiu: surpreso. Independentemente da culpabilidade, ou não, das pessoas envolvidas, e se num futuro próximo elas venham a ser isentas da culpa ou de qualquer tipo de responsabilidade, esse é um fato que denigre a imagem do Poder Judiciário", disse Bourguignon.
"Uma notícia dessa natureza faz com que o tribunal demore um bocado para reconstruir e remoldurar sua imagem. Isso sempre é uma conseqüência ruim, negativa para a sociedade", completou o magistrado. Ele evitou citar os nomes dos detidos. A operação corre sob sigilo de Justiça. O magistrado disse também desconhecer casos de nepotismo no órgão.

"Alma maravilhosa"
A mulher de Frederico Pimentel, presidente do TJ-ES, Luiza, disse que "todo mundo foi pego de surpresa" pela notícia da prisão do marido e que não tinha informações sobre o que estava acontecendo. "Ele é uma alma maravilhosa", disse.
Um amigo de Pimentel, o desembargador aposentado Arione Vasconcelos Ribeiro, disse que o magistrado é "um homem de bem, pai exemplar e muito respeitado" em sua vida pública. Ribeiro disse que nunca houve "nada que possa denegri-lo". "Estamos na casa dele agora, muito surpresos com as notícias", disse Ribeiro que, assim como a mulher, não soube dizer se ele tem advogado.
Na casa do desembargador Elpídio José Duque, que é pai de um dos advogados detidos, uma pessoa que não informou o nome desligou o telefone depois de a reportagem se identificar. Ninguém atendeu o telefone na casa do desembargador Josenider Varejão Tavares até o final da tarde de ontem. Na seção de distribuição do tribunal, uma funcionária disse que não sabia quem era o advogado da diretora Bárbara Sarcinelli.
Em nota, o presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) no Espírito Santo, Antonio Augusto Genelhu Junior, afirmou que a entidade não faria "qualquer juízo de valor sobre a operação".
A OAB disse ter providenciado assistência aos advogados detidos e que adotará " medidas disciplinares cabíveis" após ser "cientificada das eventuais acusações" contra eles. Por fim, o presidente afirmou que a OAB confia que os fatos serão "devidamente apurados, com pleno respeito aos direitos e garantias assegurados a todos".
A reportagem também entrou em contato com o Ministério Público do Estado, para pedir informações sobre a prisão de um integrante da entidade na ação, mas ninguém foi localizado até o início da noite.

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