Até que provem o contrário, é absolutamente descabida, despropositada, ilógica, insensata e irracional essa exigência, essa imposição do empresário Carlos Rebelo para se candidatar a presidente do Remo.
Com todo o respeito, mas é.
Rebelo tem dito – e vamos conceder-lhe o crédito de estar dizendo a verdade – que sempre ajudou o Remo anonimamente e jamais fez questão de promover-se à custa disso.
Ponto para Rebelo.
Rebelo tem dito – e vamos conceder-lhe o crédito de estar dizendo a verdade – que é contrário a que cartolas ricos, como ele, ponham a mão no bolso para sustentar clubes de futebol.
Ponto para Rebelo. Aliás, o blog já defendeu expressamente que a benemerência de dirigentes deveria ser proibida.
Rebelo – vamos acreditar nele – tem dito que, se vier a ser presidente do Remo, já tem garantido patrocínio anual em torno de R$ 960 mil, dinheiro que ele garante ter condições de adiantar, porque sua situação de empresário bem-sucedido lhe confere credibilidade para isso.
Ponto para Rebelo.
Rebelo – vamos acreditar nele – tem dito que, se vier a presidir o Remo, terá condições de renegociar as dívidas do clube.
Ponto para Rebelo. Tomara que seja assim.
Mas – e sempre tem um mas em toda história, inclusive nas boas histórias -, mas Rebelo impõe condições para que venha a ser candidato.
Zero para Rebelo.
Ze-ro.
E se o Remo vier a aceitar as condições impostas por Rebelo, é que melhor que hoje à noite, logo após a reunião do Condel, convoque uma outra, em caráter extraordinário, e eleja Rebelo presidente do clube.
E como seria Rebelo numa reunião de condomínio?
Por que nota zero para Rebelo?
Melhor do que responder é imaginar as seguintes situações.
Haverá eleição em 2010 para governador do Pará.
Carlos Rebelo é cogitado para ser candidato a governador.
Aí, ele chama todo mundo e estabelece as seguintes condições: só será candidato se for permitido alistarem-se como eleitores todos os jovens que tenham 14 anos – faixa do eleitorado que poderia votar maciçamente em Rebelo – e que sejam excluídos os que tenham acima de 60, segmento que o rejeitaria como candidato.
A Justiça Eleitoral, confrontada com essa exigência, responde: “OK, doutor Rebelo, amanhã mesmo suas exigências serão satisfeitas.” E aí Rebelo vai para a disputa no voto.
Pode isso?
Outro exemplo.
Condomínio de edifício de 20 andares e 40 apartamentos vai escolher um novo síndico.
Doutor Rebelo é candidato, fortíssimo candidato.
Mas doutor Rebelo avisa para quem quiser ouvi-lo: “Só serei candidato se reduzirem o número de condôminos de 40 para 20. E, além disso, não quero que votem os condôminos que residem nos apartamentos do 1º ao 5º andar”.
A assembléia-geral do condomínio se reúne e responde: “OK, doutor Rebelo, amanhã mesmo suas exigências serão satisfeitas.” E aí Rebelo vai para a disputa no voto.
Pode isso?
Rebelo diz que só vai concorrer à presidência do Remo se o Condel, na reunião marcada para hoje, escolher os nomes de 12 pessoas que ele, Carlos Rebelo, pretende ver como sócias beneméritas do clube. E mais: impõe como condição que se reduza o número de conselheiros do Condel.
Pode isso?
Isso tudo é absurdo inaceitável
É um absurdo.
É um absurdo não a redução do número de conselheiros do Condel. Isso é necesário.
É absurdo exigir-se isso como pré-condição para um candidato concorrer à presidência do Remo.
E por situações esdrúxulas, inverossímeis, inacreditáveis como essa que o Remo está como está.
Rebelo e nenhum dos demais candidatos – nem Amaro Klautau, nem Pedro Minowa, nem Benedito Wilson Sá, nem Orlando Frade – pode fazer exigências dessa ordem. Nenhum pode.
Ou por outra: Rebelo e qualquer um pode até propor e aspirar a que sejam escolhidos certos nomes como beneméritos. Mas nenhum candidato pode conferir a essa proposta os contornos de uma imposição, de uma condicionante para que se candidate a dirigir o clube.
Por que só Rebelo impõe condições?
Para que haja equilíbrio, seria necessário permitir e atender a imposições dos outros candidatos.
Um dos outros poderia impor como condição, por exemplo, que se mude o escudo do Remo.
Um outro poderia impor condição que antes das eleições se mude o hino do Remo.
E assim por diante.
Por que apenas Rebelo pode impor pré-condições para ser candidato?
Se querem eleger Rebelo, que e elejam.
Mas ele não pode impor condições.
Se quiser, deverá concorrer normalmente, eleger-se presidente e depois, com sua influência, mudar certas situações que entende erradas.
Mas deve fazer depois das eleições, e não antes.
O Condel e Rebelo que se combinem
Por tudo isso é que Rebelo e o Condel poderiam combinar um com outro: se as imposições do empresário forem aceitas sem o tugir e nem o mugir dos demais candidatos a presidente do clube, é melhor que o Remo eleja hoje mesmo seu novo presidente.
Aliás, se fizerem isso, Raimundo Ribeiro – que já disse que apóia Rebelo – vai adorar, porque administra uma massa falida.
E vão adorar muito mais os que pretendem ver o Remo livre de Raimundo Ribeiro.
Que venha um novo presidente para o Remo.
Que apareça um Barack Obama para dar esperanças de reconstruir o Remo.
Mas que tudo isso faça sem exigências esdrúxulas, descabidas e despropositadas. Imposições que só são admissíveis num futebol como o paraense, que chegou ao nível da sarjeta.
Com todo o respeito, é claro.
2 comentários:
Correto e completo.
Apoiado.
Resumindo: que ele, Rebelo, primeiramente se eleja dentro do estatuto vigente (mesmo sendo ultrapassado e caduco o estatuto).
Depois, sim, que faça as mudanças que sejam necessárias.
E algumas delas são urgentes sim, como as mencionadas no texto do poster.
Saudações azulinas.
Exato, Anônimo.
O sentido da postagem é esse.
Exatamente esse.
Abs.
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