sábado, 24 de maio de 2008

Péres atuou como governista crítico e oposicionista duro

Na FOLHA DE S.PAULO:

José Jefferson Carpinteiro Péres nasceu em 19 de março de 1932, em Manaus (AM), capital que o projetou para a política como homem que preferiu manter-se fiel aos seus princípios e não alinhar-se a ninguém. Ao longo de sua carreira política, atuou como governista crítico e oposicionista duro.
Teve só dois cargos eletivos: senador por 13 anos e vereador por seis. Eleito pela primeira vez em 1989, deu sustentação ao então prefeito de Manaus, Arthur Virgílio (PSDB), de quem era amigo pessoal.
Contudo, nunca o apoiou incondicionalmente. "Péres sempre fez aquele apoio crítico", contou Virgílio. "Quando havia algum projeto de interesse do Executivo e ele era contra, a gente estendia a sessão o máximo que podia para ele ir almoçar. Era muito metódico com a saúde, por isso estranhei essa morte repentina", afirmou o líder do PSDB no Senado.
Péres foi eleito senador pela primeira vez pelo PSDB, em 1994, quando Fernando Henrique Cardoso chegou à Presidência. Foi aos poucos assumindo posturas críticas que desgastaram sua relação com o partido. Sua amizade com Arthur Virgílio, à época secretário-geral tucano, sofreu abalos.
"Nossa relação nunca foi um mar de rosas, mas conseguimos, ao longo dos anos, manter boa convivência", contou. Segundo Virgílio, Péres adorava dançar e tinha um humor sutil.
A convite de Leonel Brizola, entrou para o PDT em 1999, quando acentuou a oposição a FHC. Em maio de 2001, Péres chamou o governo tucano de "abafador de investigações".
Um ano depois, Péres disputou a reeleição e apoiou o então candidato à Presidência Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno. No primeiro ano de governo petista, integrou a base de sustentação. Rompeu já em 2004, após o escândalo Waldomiro Diniz, funcionário da Casa Civil ligado ao então ministro José Dirceu que foi flagrado recebendo propina.
Em 2006, quando a reeleição de Lula era dada como certa apesar de escândalos, Péres usou a tribuna para desabafar: "Este Congresso é a pior legislatura da qual já participei" . Na ocasião, chegou a dizer que nunca mais seria candidato.
Em 2007, quando relatou um dos processos de cassação contra o senador Renan Calheiros (PMDB-AL), ele foi alvo de denúncias incluídas em dossiê distribuído aos colegas. Ele teria sofrido processo nos anos 70 por participar de esquema de fraudes em uma siderúrgica; empregaria a mulher no seu gabinete; e teria usado passagens aéreas do Senado para uma amante. Péres pediu que fosse investigado e disse que não era "chantageável". "Ética, para mim, não é pose", afirmou.

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