No ESTADO DE S.PAULO:
Uma manobra desastrosa do líder do DEM no Senado, José Agripino Maia (RN), logo no início da sessão da Comissão de Infra-Estrutura, desmontou toda a estratégia da oposição para acuar a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, e forçá-la a falar sobre o dossiê contra os tucanos. Usando uma entrevista dada por Dilma, em que ela contava que mentiu muito no período em que esteve presa e foi torturada, Agripino tentou fazer um paralelo entre aquela situação, no regime militar (1964-1985), e um suposto "Estado policialesco" que estaria em vigor no governo Lula.
A resposta de Dilma, com a voz embargada e os olhos marejados, contando que tinha sido "barbaramente torturada" e se orgulhava de ter mentido para a ditadura, porque isso salvou sua vida e a de outros companheiros, arrancou aplausos de boa parte dos presentes e desarmou a oposição pelo resto da audiência.
Dilma contestou a argumentação de Agripino, que, citando a quebra do sigilo bancário de um caseiro e o dossiê para intimidar a oposição, procurou comparar abusos cometidos pelos governos militares e pelo atual.
"Qualquer comparação entre ditadura militar e democracia brasileira só pode partir de quem não dá valor à democracia", disse Dilma, olhando para Agripino e lembrando sua prisão, aos 19 anos. "Fiquei três anos presa e fui barbaramente torturada", afirmou, mostrando esforço para conter as lágrimas. "Não estou falando de heróis. Feliz do povo que não tem heróis desse tipo, porque todos nós somos muito frágeis, somos humanos, temos dor."
Para Agripino, a ministra "adotou uma postura de esperteza emocional, com o propósito de desviar a atenção do uso de informação do Estado". Esperteza, ou não, representantes da oposição e do governo concordaram na avaliação de que ela foi bem-sucedida.
Ao sustentar para os senadores que se orgulhava de ter mentido, Dilma confessou que "a tentação de falar a verdade era grande, porque a dor (da tortura) é insuportável".
"Isso aqui, que estamos fazendo, hoje, é um diálogo democrático. Não estamos num diálogo do meu pescoço com a forca. É um diálogo de iguais", destacou. "Na ditadura não há verdade. Não há espaço para a verdade, porque até as verdades mais banais podem conduzir à morte", desabafou, sendo novamente aplaudida.
2 comentários:
jose.agripino@senador.gov.br . Escreverei uma mensagem a ele, mas acho que coletivamente haveria mais força. Use sua capacidade de liderança sobre seus leitores e aglutine as adesões. Este ato não pode passar sem Barulho"
Olá, Anônimo.
Vou disponibilizar o e-mail na ribalta, hoje à tarde.
Abs.
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