Enfim, os estudantes. Enfim, uma saneadora irresignação. Enfim, o protesto justificável. Enfim, o protesto conseqüente.
O que mais se fala – e não sem razão – é que o movimento estudantil, de uns anos para cá, sobretudo a partir das ascensão do lulismo e dos lulistas, perdeu bandeiras, agasalhou ideais debaixo das carteiras das escolas e das universidade, recolheu-se a um mutismo que tem o grito e o berro da adesão, mostrou os bolsos para deixar-se cooptar por verbas que escorreram para os cofres da União Nacional dos Estudantes (UNE) e a fizeram calar-se, omitir-se, silenciar diante de tantas podridões que têm envergonhado e nauseado o País ultimamente.
Pois eis que estudantes da Universidade de Brasília, enojados, cheios de asco e repulsa, puseram para fora, escorraçaram do espaço universitário reitor e vice-reitor da UnB, respectivamente Timothy Mulholland e Edgar Mamiya.
Mulholland é acusado pelo Ministério Público do Distrito Federal de improbidade administrativa, por ter usado recursos da ordem de R$ 470 mil que deveriam ser destinados a pesquisa na decoração de apartamento funcional.
As verbas saíram dos cofres da Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos (Finatec), entidade sem fins lucrativos de apoio à UnB, que gastou R$ 2.738 em lixeiras, R$ 36.603 em de equipamentos de TV e som, R$ 21.600 em de "telas artísticas" e R$ 7.264 na aquisição de 16 vasos com "plantas diversas" na cobertura do apartamento funcional que Mulholland ocupava.
Em compensação, revelou-se que os gastos da UnB na decoração do luxuoso apartamento de Mulholland superam aqueles empregados no acervo das quatro bibliotecas do campus. O Siafi (Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal) mostrou que no ano passado apenas R$ 453,4 mil foram gastos com aquisição, ordenação, catalogação, manutenção de sistemas, limpeza, manutenção e recuperação de todo o acervo da universidade.
Esse reitor é um luxo. Mas a ética que o orienta é um lixo. Um lixo que os estudantes da UnB procuram remover por meio da força e das pressões legítimas. Nas as pressões que se circunscrevem às palavras de ordem, mas que se ampara no ideal de fazer com que, nas academias e onde mais se use o dinheiro público, os gastos se limitem à legalidade, à impessoalidade, à transparência e à razoabilidade.
Os estudantes da UnB, pelo menos neste caso específico das pressões contra a dupla de maus gastadores, deram um exemplo de clarividência política em defesa da universidade que os acolhe e que gasta dinheiro público para ministrar-lhes o saber que estão buscando.
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