quarta-feira, 16 de abril de 2008

“O PPS não está representado no G10”

O G10 não é, definitivamente, o ponto G da liderança do Partido Popular Socialista (PPS) na Assembléia Legislativa do Estado.
Um dia sim, outro também – quase isso -, o presidente regional do PPS e líder do partido na Alepa, deputado Arnaldo Jordy, tem se deparado com repórteres que lhe perguntam sobre eventuais incompatibilidades entre os princípios da legenda e a participação, no G10, de um de representante do partido na Casa.
G10, vocês sabem, é aquele grupo que era G8, passou a G9, já está em G10 e sonha em crescer ainda mais. Se ninguém conseguir contê-lo, vai a G43, o número de integrantes da Assembléia. Integram o grupo atualmente os deputados Cezar Colares e Ana Cunha, do PSDB; João Salame (PPS); Márcio Miranda e Haroldo Martins, do DEM; Adamor Aires e Júnior Hage, do PR; Zé Neto (PP); Luiz Afonso Sefer (DEM) e Roberto Santos (PRB).
O ímpeto e os ânimos do Grupo são tão evidentes que o deputado João Salame (PPS), em recente entrevista à repórter Esperança Bessa, de O LIBERAL, já sinalizou claramente que a musculatura do G10 permite a seus até agora dez integrantes alimentarem pretensões de influenciar em quaisquer negociações políticas com vistas à renovação da Mesa da Assembléia Legislativa no próximo ano.
Tais pretensões seriam até de menos, não fossem várias críticas feitas ao G10. São críticas formuladas por uns de forma mais contida, por outros nem tanto. Mas se baseiam, todas elas, num ponto essencial: a acusação de que o fisiologismo é que seria, verdadeiramente, a motivação dos integrantes do Grupo. Ao negociarem pontualmente certas questões, eles acabariam auferindo vantagens que, personalistas demais, estariam totalmente apartadas dos interesses partidários e, portanto, tenderiam a desprezar ou reduzir à mínima importância a atuação das agremiações partidárias legitimamente representadas no Legislativo estadual.
Jordy confessa que tem “pisado em ovos” nessa questão. Como presidente do partido e seu líder na Assembléia, procurar sopesar as palavras e avaliar a questão sem prejulgamentos, mas com a firmeza de convicções que se exige daqueles que, nas casas legislativas e na vida pública de um modo geral, exercem mandatos populares.
E Jordy não faz volteios verbais para expor sua opinião em relação ao G10. “O PPS não se sente representado no G10 e nem está representado pelo G10. O PPS não entra no mérito na atuação parlamentar dos integrantes desse grupo, mas reafirma que, como uma instituição partidária legitimamente representada na Assembléia Legislativa do Estado, só reconhece como legítima a atuação e as negociações que se travam entre partidos políticos”, afirma o deputado.
Jordy lembra que ele próprio começou na política partidária como membro do PCB (Partido Comunista Brasileiro), o antigo Pecebão, fundado em 1922, por coincidência na mesma época em que se realizou a Semana de Arte Moderna e que teve como expoentes, entre outros, gente do apuro intelectual de Jorge Amado e Ferreira Gular, entre outros. Mas também os tempos eram diferentes. Eram tempom, por exemplo, em que se dizia que comunista comia criancinha.
“O PCB viveu a maior fase de sua existência na clandestinidade. Portanto, eu sei bem o que é isso. Entendo que a consolidação da democracia não pode dispensar o fortalecimento dos partidos”, diz Jordy.


Bloco formalmente constituído

Ele transpõe essa sua concepção e esse princípio para a prática. Ressalta, por exemplo, que considera absolutamente legítima a atuação dos partidos em blocos parlamentares. Diz que, na Assembléia mesmo, o seu PPS atua em bloco com o PV (Partido Verde). “Nós quatro assinamos formalmente um documento formando esse bloco - eu, o deputado João Salame, o deputado Gabriel Guerreiro e o deputado Deley Santos. Isso sim, eu considero legítimo, porque dá prevalência à atuação dos partidos”, reforça o deputado.
Jordy deixa claro que quaisquer acusações, críticas e outras formulações quaisquer, indicando que o G10 seria adesista ou mais chegado a práticas fisiológicas, devem restringir-se, devem limitar-se aos deputados que integram o Grupo, e não aos partidos aos quais são filiados.
“O PPS não rejeita, por princípio, o fisiologismo. Rejeita a chantagem, rejeita quaisquer práticas que não sejam condizentes com a ética”, diz o deputado. Ele pondera que seu partido, como nenhum outro, não é um partido de vestais, de puros e imaculados.
Mas lembra Jordy que o PPS, até agora, não teve qualquer de seus integrantes envolvido em escândalos como o do Mensalão e dos Sanguessugas. Menciona que uma vereadora do PPS de Belo Horizonte foi sumariamente afastada a partir do momento em que surgiram suspeitas de que cometera deslize ético. E ela continuou afastada até que se demonstrasse sua inocência.
Nas eventualidades em que houve incompatibilidade entre as práticas e condutas individuais do deputado do PPS integrante do G10 e as práticas e princípios da própria legenda, caberá ao parlamentar do grupo, segundo Jordy, assumir suas responsabilidades de acordo com os estatutos partidários.
Pela firmeza com que Jordy fala, o G10 pode chegar no máximo a 42. O 43º integrante, que seria Jordy, este vai continuar fora.

2 comentários:

xicopoty disse...

Eu postei um comentário sobre este imbroglio do g-10, Vossa senhoria não teve a delicadeza de publicar. O que isto significa? Censura prévia? Lembre-se que nós não estamos mais vivendo os tempos de chumbo da didatura. Sua postura de bacharel em direito, jornalista conceituado e experimentado, não condiz com esta forma de tratar os contraditórios.

Seria louvável que publicizasse as opiniões divergentes.

Vou esperar seu posicionamento na esperança de que não me decepicione e me faça rever conceitos tão altivos que tenho em relação a sua pessoa.

Eduardo Simões

edusimoraes@gmail.com

Poster disse...

Eduardo,
Creia-me: não recebi o comentário. Mande novamente.
Quanto ao contraditório, você mesmo deve ser testemunha de que o Espaço Aberto é o reino deles. Mas há limites - sobretudo em relação a acusações e ofensas que envolvam terceiras pessoas ou mesmo os diretamente envolvidos nos posts.
Tenho certeza de que este não é o seu caso.
Portanto, peço que me mande novamente o comentário - inclusive também por e-mail.
Feito isso, só peço que você tenha um pouquinho de paciência, porque os comentários só podem ser moderados pela manhã e à noite.
Portanto, seu comentário deverá estar postado neste sábado.
Abs. e continue sempre por aqui, inclusive quando for para advertir o poster (rsssss).