No AMAZÔNIA:
O segundo julgamento do radialista Luiz Araújo, condenado a 80 anos de prisão pelo envolvimento no assassinato dos irmãos Uraquitan e Ubiracy Novelino, que aconteceu durante todo o dia de ontem, terminou de maneira inusitada, por volta das 21 horas, no Tribunal do Júri do Fórum Criminal de Belém. Depois de ter sido repreendido pelo juiz Raimundo Moisés Flexa, que presidia a sessão e considerou inadequada a maneira como a defesa se reportava aos jurados, o advogado César Ramos decidiu abandonar a tribuna, alegando ter tido 'cerceado' o direito de apresentar a tese da defesa, por pressão dos assistentes de acusação, Antônio Neto e Roberto Lauria. 'Estou me retirando da tribuna porque não tenho mais clima para trabalhar. Em momento algum desrespeitei a acusação durante a sua fala, mas o contrário aconteceu. Pela primeira vez, a presidência do júri permitiu que a acusação atrapalhasse a defesa e isso é inadmissível. A defesa sór quer ter o direito de falar livremente', destacou o advogado, enquanto se retirava do prédio, acompanhado por seus assistentes.
Antes de sair, César Ramos ainda disse que não acreditava que o seu ato poderia prejudicar o seu cliente, uma vez que, segundo ele, a defesa teria o direito de pedir um novo julgamento. Dentro do Fórum, porém, o comportamento do defensor não foi visto com bons olhos. Os assistentes de acusação e o promotor de justiça Paulo Guilherme Godinho lamentaram a conduta de Ramos, que consideraram 'covarde' e 'incompatível com o exercício da advocacia'. Godinho destacou o fato de que o advogado abandonou não apenas a tribuna, como também o próprio cliente. Nesse momento, Luiz Araújo se manifestou, dizendo que não se sentia abandonado.
Foi por causa de expressões como esta, ditas sem autorização, que o réu foi convidado a se retirar do Tribunal. Antes de sair, no entanto, Luiz Araújo gritou que só aceita a defesa do advogado César Ramos e que vai se suicidar na prisão se não for julgado com a presença do seu defensor. Ele também se dirigiu à Imprensa dizendo que 'continua sendo ameaçado pela família Novelino' e que sua cabeça estaria valendo R$ 200 mil dentro do presídio. 'Quero uma entrevista coletiva com a imprensa amanhã, pois agora quero falar. Continuo refém da família Novelino. Eles atropelaram o meu filho e barraram ele no concurso da PM, no qual foi aprovado em segundo lugar para tenente', esbravejou.
Um relatório completo sobre tudo o que ocorreu será enviado pelo juiz da 2ª Vara do Tribunal do Júri da Capital, Raimundo Moisés Flexa, à Corregedoria de Justiça da Capital para que sejam tomadas as providências cabíveis. O magistrado disse não ter visto nenhum ato constrangedor por parte da acusação para com a defesa.
O inesperado ato pôs fim a mais de doze horas de trabalhos. O novo julgamento foi marcado para a próxima sexta-feira, 18, quando também sentará no banco dos réus pelo mesmo crime o empresário João Ferreira Bastos, o Chico Ferreira, como já estava marcado.
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