sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Governo suspende desmatamento em 36 municípios

Na FOLHA DE S.PAULO:

O governo federal suspendeu autorizações para desmatamento em 36 municípios da Amazônia Legal, responsáveis por metade do abate de árvores recente na região. "Estamos declarando uma moratória", resumiu a ministra Marina Silva (Meio Ambiente) após reunião de emergência com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e outros seis ministros para reagir ao aumento recorde da devastação da floresta nos últimos cinco meses de 2007.
A "moratória" já estava prevista em decreto assinado pelo presidente Lula em dezembro, mas entrará em vigor com a publicação de portaria da ministra do Meio Ambiente na edição de hoje do "Diário Oficial". Serão listados 36 municípios (6% dos municípios amazônicos) considerados prioritários no combate ao desmate, a maioria em MT e no PA.
Nos municípios da lista, as propriedades rurais terão de ser recadastradas e passarão a ser monitoradas. O objetivo é punir não apenas a derrubada ilegal, mas também quem comercializar ou transportar produtos de áreas desmatadas.
Em novo alerta divulgado anteontem, o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) mostra o corte de 3.235 km2 de matas entre outubro e dezembro de 2007. O número, registrado pelo sistema Deter, é amostra parcial: o desmate real foi estimado em 7.000 km2, 4,7 vezes a cidade de São Paulo.
O principal objetivo do governo é chegar a 31 de julho de 2008 com uma taxa anual de desmatamento igual ou menor à registrada em 2007, quando foram abatidos 11.224 km2 de florestas. O ritmo verificado nos últimos cinco meses do ano passado e que entra na taxa a ser divulgada no segundo semestre indica uma interrupção da queda registrada desde 2004/2005. "É uma tarefa dura", calculou Marina.
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Blairo Maggi contesta dados do governo; Ana Júlia culpa álcool e anuncia plano

Os governos dos Estados campeões de desmatamento tiveram reações distintas aos dados divulgados anteontem pelo governo federal. O de Mato Grosso contestou a estimativa; o do Pará reconheceu o problema e disse que lançaria um plano contra o desmatamento.
Segundo o governo mato-grossense, "a metodologia utilizada (...) não é precisa para determinar cálculo de área e tampouco [são precisas as] estatísticas para comparação de dados de desmatamento, podendo incorrer em erros e apresentar discrepâncias de números quando comparada com dados de metodologias semelhantes".
Além disso, de acordo com o governador Blairo Maggi (PR) e com o secretário estadual do Meio Ambiente, Luís Daldegan, técnicos do governo foram, em novembro passado, até áreas que o instituto dizia terem sido recentemente desmatadas e encontraram uma realidade diferente. "Cerca de 80% delas eram desmatamentos antigos ou resultado de queimadas e não novos desmatamentos", afirmou Daldegan.
Para Maggi, um dos maiores exportadores de soja do mundo, sojicultores e pecuaristas não são os culpados por um possível recrudescimento do desmate. "Essas pessoas estão descapitalizadas, não há dinheiro nem vontade de abrir novas frentes."
O secretário de Meio Ambiente do Pará, Valmir Ortega, disse ontem que a secretaria já havia identificado um aumento no desmatamento no Estado a partir de outubro de 2007.
Segundo Ortega, a utilização das terras das regiões Sudeste e Centro-Oeste para o cultivo da cana e de soja empurrou a pecuária para a região Norte.
"Com base nos dados do censo agropecuário do Ministério da Agricultura, percebemos que a pressão para o uso da terra nas região centro-sul do país com o cultivo da cana, que é uma commodity valorizada, empurrou a expansão da pecuária para o Norte", disse.
A governadora Ana Júlia Carepa (PT) disse por meio de sua assessoria de imprensa que o governo "está comprometido com a contenção e com a redução dos níveis de desmatamento". Carepa anunciou que irá lançar em fevereiro um "Plano Estadual de Combate ao Desmatamento", articulado com as políticas do governo federal.


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Veja mais sobre o assunto:

Confira a evolução do desmatamento na Amazônia
Veja a lista de municípios onde o desmatamento é maior
No Pará, desmatamento chegou a 484 mil quilômetros quadrados

2 comentários:

Anônimo disse...

"A governadora Ana Júlia Carepa (PT) disse por meio de sua assessoria de imprensa que o governo "está comprometido com a contenção e com a redução dos níveis de desmatamento". Carepa anunciou que irá lançar em fevereiro um "Plano Estadual de Combate ao Desmatamento", articulado com as políticas do governo federal."

Palavreado manjado e sem nenhum efeito na prática.
Pode anotar: esse tal "Plano Estadual" será objeto de n reuniões, conversas para bovino roncar no sono, gasto com papel e tinta e , por fim, o calhamaço lindamente encadernado adormecerá solenemente numa gaveta.
Ah, sim, certamente teremos viagens e viagens para "ver de perto" os desmatamentos.
E viva a folia...

Os desmatamentos desenfreados irão parar no mesmo dia em que Belém não tiver mais nenhum camelô nas calçadas.

Anônimo disse...

Anônimo,
Desmatamento na Amazônia é conversa tão velha como o mundo. E medidas para combatê-lo também.
Há interesses poderosíssimos que mantêm essa situação. E interesses políticos também.
Por isso, amigo, tudo fica como sempre esteve.
Abs.