sábado, 19 de janeiro de 2008

O processo eleitoral da Uepa é uma unanimidade

Porque hoje é sábado e amanhã é domingo, quando se pode esfriar a cabeça e ter mais tempo para ler, refletir e debater, o Espaço Aberto fez questão de destacar quatro comentários – um do Movimento Uepa Livre, que apóia o professor Bira Rodrigues, e três de anônimos - referentes ao post Ao reitor Sílvio Gusmão, ao reitor Bira Barbosa.
Fiquem à vontade para tirar suas próprias conclusões. Antes da leitura dos comentários, no entanto, o blog pede permissão para ressaltar apenas quatro aspectos que saltam aos olhos:
1. Parece ponto pacífico que, independentemente das simpatias – ou antipatias - que esta ou aquela candidatura desperta, todos concordam que o processo eleitoral na Uepa precisa ser modificado. Ao que tudo indica, o processo eleitoral eleitoral na Uepa é unanimidade: ninguém gosta dele.
2. Que o confuso regimento eleitoral enseja confusões como esta.
3. O professor Bira Rodrigues, que, sabem todos, é o preferido da governadora para ser escolhido reitor, muito embora tenha ficado em segundo no processo eleitoral, está propenso a alterar o processo. Vejam o que diz o Movimento Uepa Livre aí embaixo, num dos trechos de seu comentário: “Realmente, o próximo Reitor deve com urgência modificar junto ao conselho Universitário, o Regimento eleitoral da UEPA, para que não se repitam mais estas confusões”. É cabível, portanto, imaginar-se que Bira, uma vez reitor, modificará tudo isso. Aqui fica registrada esta, digamos, propensão.
4. É pertinente a indagação que faz um dos anônimos: “A quem interessava manter essas regras?”.
Pois é. A quem?
Leiam os comentários abaixo.

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De um Anônimo:
"Concordo com a sua análise. Porém, lamentavelmente o que enrola o meio de campo são as análises feitas a partir do que estabelece o confuso regimento. Por exemplo, a análise incorporada como verdade pela governad(a)ora é que houve um inchamento de temporários (nunca denunciado) para favorecer o Gusmão e isto legitima a nomeação do Bira. Já o Bira, entrou no jogo concordando com o regulamento. No debate entre os candidatos foi o único a declarar que aceitaria ser nomeado mesmo que não fosse o primeiro da lista (tem fitas gravadas do debate). Depois que perdeu - segundo as regras que o mesmo reconheceu quando da inscrição - construiu vários argumentos, tais como: "ganhei nas categorias mais importantes"; "tive mais votos absolutos que o Silvio" etc. Amanhã serão outros os argumentos, sabe Deus quais...

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De um Anônimo:
Muito válidas as considerações, ao final eu só acrescentaria a pergunta: Será que ninguém via que a utilização dos critérios vigentes geraria estes problemas ? A atual administração da UEPA que detem a maioria no Conselho Universitário não poderia mudar as regras do jogo? A quem interessava manter essas regras?

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Do Movimento Uepa Livre:
Finalmente temos em seu blog uma análise mais crítica sobre o processo eleitoral na UEPA, sem acusações a uma ou a outra chapa. Realmente o próximo Reitor, deve com urgência modificar junto ao conselho Universitário, o Regimento eleitoral da UEPA para que não se repita mais estas confusões. O problema é que o atual regimento foi aprovado no Consun pouco tempo antes das eleições, quando os ânimos eleitorais já estão exaltados e os grupos políticos já estão articulados, e assim muitos dos seus artigos tem o viés desses interesses políticos. Também concordamos que não deveria existir fórmulas, e que o voto deve ser universal dando os mesmos direitos a todos os segmentos.Retroagimos sim a um periodo imperial como citado recentemente em editorial de um jornal. A lista tríplice chegou a ser retirada no novo estatuto da universidade, mas este não foi encaminhado pela atual gestão para votação no CONSUN . No momento em que a comunidade aceita votar em uma lista tríplice, ela está concordando com a possibilidade da Governadora escolher qualquer um dos três nomes da lista. Uma outra mudança urgente e necessária no processo é permitir, como é feito em todas as outras eleições universitárias de outras instituições, que apenas funcionários do quadro efetivo tenham direito a votar, pois os servidores temporários ficam em condição extremamente fragilizada e influenciável pela gestão superior que normalmente apoia um dos candidatos. Realmente é culpa unicamente da própria UEPA, ou pelo menos de grupos dentro da UEPA, e do Regimento Eleitoral dúbio que aprovou toda a confusão que está sendo gerada. A democratização da UEPA exigirá que sejam feitas estas mudanças.

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De um Anônimo:
Concordo plenamente com você. Só gostaria de acrescentar que tais regras não foram criadas apenas para ingenuamente confundir a comunidade, mas sim tem fortes interesses políticos de grupos da universidade. O Regimento eleitoral é votado no Conselho Universitário que foi acionado um dia antes da Reunião (o regimento permite isto) não dando tempo para todos os diferentes grupos que o compõe se articularem. Em compensação o grupo no Consun que apoia o candidato Silvio Gusmão esteve presente em peso, mesmo aqueles que nunca freqüentaram nenhuma outra reunião anterior ou que muito pouco se fizeram presente, como o próprio pró-reitor de pesquisa Silvio Gusmão. Desta forma conseguiram passar todas as suas propostas que incluiam: 1-não obrigatoriedade de se retirar de cargo executivo da UEPA, durante a campanha, mas só recomendação de afastamento. Um das propostas apresentadas nesta reunião era a obrigatoriedade deste afastamento para que não se utilizasse a máquina pública a favor do candidato da situação, proposta que não passou. É claro que Silvio Gusmão não se afastou do cargo mesmo com esta recomendação. 2- Permissão de voto para todos os funcionários temporários, serviços prestados, emprestados, cedidos de prefeituras, funcionários estes altamente sujeitos a pressão e coação (e que foram feitas) pela gestão atual, já que podem a qualquer momento serem mandados para a rua. Somos a única universidade pública que permite isto. A proposta apresentada por outros grupos foi de que somente servidores do quadro efetivo da UEPA votassem, mas também foi voto vencido.A proposta que ficou foi a de que funcionários de qualquer tipo de vínculo com a UEPA votassem desde que estivessem pelo menos a seis meses na UEPA. Sabemos que mesmo servidores que entraram após este prazo votaram. Ora só no último ano mais de setecentos funcionários foram contratados sem concurso pela UEPA, e de acordo com critérios de amizades ou de proximidade com a gestão superior, o que favoreceu fortemente o candidato Silvio Gusmão, apoiado pela atual gestão. 3- A fórmula dúbia e confusa apresentada, que deixa margem para várias interpretações. Por exemplo, não deixa claro qual o universo de eleitores, se aqueles que votaram realmente, como é feito em eleições proporcionais em âmbito mais geral, ou todos aqueles que são aptos a votar, como foi feito. Bem ai pode se utilizar o critério mais favorável a um ou a outro grupo.
Portanto o processo é confuso de propósito, para depois ser interpretado de acordo com as necessidades dos grupos que estão no poder. Abraços.

2 comentários:

Anônimo disse...

Concordo que o regimento eleitoral deve ser alterado. Incluo uma modificação: exigência de que os candidatos a reitor e vice sejam doutores. Os regimentos das melhores universidades do país impõem tal condição.

Anônimo disse...

É inaceitável e vergonhoso que, do ponto de vista do respeito ao princípio democrático de uma eleição, o Prof. Bira, candidato a Reitor da UEPA e o grupo político que o apoia, insistem na tentativa de querer almejar este posto. Sua história acadêmica na instituição e em outros espaços educacionais depõe contra. A comudidade científica e educacional do estado do Pará sabe qual é a qualidade que o reveste e por isto esta temorosa com esta possibilidade.Bira, nomeado como reitor da UEPA é uma vergonha nacional pois não possui legitimidade na academia e, as eleições para reitor da UEPA, demonstraram isto. Esperamos que a Governadora, destituída de paixões partidárias, se prevaleça de bom senso, justiça, da democracia para nomear de fato o primeiro colocado na listra tríplice. Se o professor Bira é tão competente quanto afirma seu grupo político porque ele não foi nomeado pela Governadora para ser o novo Secretário de Estado de Educação no lugar do Mário Cardoso?