No Flanar, postado pelo blogueiro e médico Itajaí de Albuquerque, sob o título acima:
Sou um clínico halopata, mas nem por isso saio por aí desmoralizando a quem pratica ou utiliza a homeopatia, ou a acupuntura, embora tenha conhecimento de inúmeros trabalhos científicos que contradizem a efetividade dessas terapêuticas amplamente popularizadas no mundo. Contudo, do mesmo modo, reconheço que tanto faltam evidências científicas com respeito ao uso de fitoterápicos quanto elas não existirem com respeito ao uso de corticosteróides modificar a mortalidade de pacientes vítimas de trauma craniano. No entanto os corticosteróides continuam prescritos para essa condição nos pronto-socorros e unidades de terapia intensiva pelo Brasil afora, não porque nossos clínicos e intensivistas sejam desatualizados em termos terapêuticos, mas simplesmente por nós médicos sabermos que em medicina baseada em evidências é verdadeira a máxima de que a falta momentânea de evidência não significa de que há ausência de evidência, salvaguardada a segurança. Por sua vez, no tocante a questões de evidência, nem a Anvisa, nem o Ministério da Saúde têm se conduzido de forma escandalosa como aponta em véspera de eleição o Dr. Antonio Dráuzio Varella, clínico de incansável fôlego para bater pernas pela Amazônia afora, no intuito de formar um riquíssimo acervo farmacológico na Universidade Paulista (Unip), para a produção de novos fármacos.
Em que pese a pose bem estudada, acessando o Currículo Lattes (CNPq), lemos que o pesquisador Dráuzio Varella com 14 anos de atividade dedicadas a pesquisa acadêmica resume hoje uma produção bibliográfica de parcos 7 trabalhos, dos quais quase 90 % publicados em periódicos destituídos de impacto científico digno de nota, com indicação nenhuma de que tais trabalhos tenham sido citados na produção bibliográfica de seus pares. Para quem não sabe a Unip é propriedade do ex-acadêmico de medicina José Carlos Di Genio, notório empresário que associado com Varella e outros dois colegas fundaram um cursinho de vestibular ( o 9 de julho), pedra basilar da escola de ensino superior, no tempo em que havia a famigerada Operação Bandeirantes (Oban) e o Comando de Caça aos Comunistas barbarizava os estudantes da Faculdade de Filosofia da USP e, chegada a vez, poria a Marília Pera para correr nua pela rua, depois que empastelaram a peça Roda Viva de Chico Buarque.
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Um comentário:
Ufa! Enfim alguém tomou coragem de desmacarar o Doutor Sabe Tudo, queridinho da mídia, que no fundo é um grande marqueteiro de si mesmo. Suas passagens pela nossa sofrida Amazônia, que eu saiba, em nada mudaram o panorama da saúde na região, mas certamente lhe renderam generosos espaços na TV.
O código de ética médica certamente desacomselha as atitudes de auto-promoção do Doutor Dráuzio, mas quem liga para ética? Enquanto isso, os verdadeiros heróis seguem seu trabalho nos distantes rincôes da Amazônia, sem a cobertura espetaculosa do popstar.
Que diria Gaspar Viana de um coleguinha assim...
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