Sabem todos.
Sabem petistas.
Sabem tucanos.
Sabem peemedebistas.
Sabem democratas.
Sabem comunistas.
Sabem peessebistas.
Sabem pedetistas.
Sabem petebistas.
Sabem os psolistas.
Sabem sindicalistas.
Sabem membros do Ministério Público.
Todos sabem.
Sabem porque estiveram lá.
Sabem porque já foram lá.
Sabem porque já foram ao programa “Jogo Aberto”, da Rádio Tabajara, atualmente sob a mordaça.
Porque já foram ao “Jogo Aberto”, sabem que o programa é o mais democrático possível.
Que o digam os petistas João Batista da Silva (presidente regional do partido), Cláudio Puty, Edilza Fontes, Adalberto Aguiar Charles Alcântara (quando ainda era petista) e tantos outros, que já abriram o jogo no “Jogo Aberto”. A governadora Ana Júlia - sim, ela mesma, Sua Excelência -foi insistentemente convidada ainda no ano passado. Só não foi porque não quis. Sabe-se lá por quê?
Que o digam os peemedebistas Jader Barbalho e José Priante, entre outros.
Que o digam os democratas Carlos Augusto Barbosa e Vic Pires Franco, entre outros.
Que o diga o peessebista Arnaldo Jordy, entre outros.
Que o diga o ex-prefeito e candidato a deputado estadual pelo PSOL, Edmilson Rodrigues.
Que o digam os procuradores da República Felício Pontes Júnior e Daniel Avelino.
Que o diga o presidente nacional da OAB, Ophir Cavalcante Jr.
Gente não só da política, mas dos meios sindicais e de uma grande variedade de segmentos sempre tiveram um espaço generoso na Rádio Tabajara para expor suas ideias, para contrapor argumentos, para defender teses e propostas as mais polêmicas possíveis, mas todas de interesse público.
Quando estiveram no programa, falaram o que bem entenderam.
Sem espaços assim, ficamos todos, sem dúvida, mais amordaçados.
Ficamos todos, sem dúvida, mais silentes por causa da mordaça.
Mas precisamos gritar.
Se não gritarmos, a mordaça apertará mais.
Bem mais.
Até não nos permitir mais gritar.
Putz!
Que isso nunca aconteça.
2 comentários:
Caro Paulo Bemerguy,
as suas palavras são dignas de ser lidas de uma tribuna voltada a um plenário composto de pessoas dignas de ouvi-las. Tão belas, constituem um elogio à democracia, ao bom senso, à decência.
Quando os agentes chegaram à porta da Rádio, eu estava a caminho de meu sítio, passando em Marituba. O Mendes me ligou com voz petrificada, informando que a sua irmã estava na sala da Rádio ligando aterrorizada, sob ameaças de arrombamento e prisão. Ele não estava lá. Orientei para que ela não abrisse a porta até eu chegar, mas ele voltava a me ligar dizendo que eles estavam batendo na porta dizendo insistentemente que deveriam abri-la, e eu insistindo a ele, que não abrissem, que esperassem eu chegar, pois queria ver o mandado antes; que se não não tivessem um mandado regular, eles teriam que arrrombar a porta. Quando finalmente cheguei, os agentes da ANATEL e da PF já estavam dentro da Rádio: o Carlos Mendes chegou antes de mim, e, mesmo diante do fato de eles NÃO TEREM NENHUM MANDADO JUDICIAL, ao contrário de minha orientação, ele abriu-lhes a porta. Por quê?, indaguei controlando minha irritação. Ele respondeu com a calma e a serenidade de Gandhi: "porque não concordo com violência, eles iriam quebrar a porta, e eu não tenho nada que esconder, eu não sou bandido, eles podem levar, fazer o que eles entendem ser o trabalho deles".
Foi com esses princípios morais da não-violência que o Carlos Mendes enfrentou a agressão sofrida, e cresceu em grandeza.
As tuas palavras, Bemerguy são robustas em demonstrar a legitimidade da Rádio Tabajara, em provar que ela não é uma rádio pirata: mostram que ela faz parte de um movimento popular e, que nessa condição, ela é reconhecida pelas diversas autoridades constituídas que você citou. O Movimento do Direito Alternativo, que buscava uma "aplicação alternativa do direito", de inspiração inicial nos pensamentos do jusfilósofo Roberto Lyra Filho, morto prematuramente, secundado por tantos outros. Surgiu o movimento o "Direito Achado na Rua", no qual nos abeberávamos na faculdade (UFPa) no final dos anos 80 e início dos anos 90 (concluí o curso em 1993). Descobri, no exercício profissional, que não precisava florear de teses acadêmicas para aplicar a Ordem Jurídica com princípios de Justiça: um dos manuais básicos era um livro simples e até direto, o "Curso de Direito Constitucional Positivo", do prof. José Afonso da Silva, trazido então pelo Prof. Antonio Maués, como novidade em sua vinda do sudeste; também poderiam ser usadas lições de juristas tradicionais, como o grande Carlos Maximiliano, com a sua "Hermenêutica e Aplicação do Direito". O próprio art. 5º da Lei de Introdução ao vetusto Código Civil de 1916, constitui aforismo para aplicação da Justiça. Não se necessita subverter o sentido do Direito Constitucional para se fazer Justiça: basta aplicá-lo diretamente. Mas, antes de mais nada é essencial para isso uma grande coisa: honestidade intelectual.
Há plena legitmidade para a existência e o funcionamento da Rádio Tabajara,em razão da legitimidade do que ela faz: ela informa, democraticamente, honestamente, informando a sociedade muitas, mas muitas coisas que os grandes meios de comunicação não dizem. Metaforicamente, a Rádio Tabajara dialoga com o blogs e sites, como o do saudoso Juca, como o seu, como o da Rita, e tantos outros; são meios de comunicação que dizem todas as verdades sem as mordaças do poder econômico e político. São meios que cumprem a Constituição no princípio elementar de informar, de dizer a verdade, desagradavelmente àqueles que estão no poder.
É nisso, no que vejo como realidade, descrita com precisão pela tua peculiar sensibilidade.
Abç
Belo texto do Ismael. Se já o admirava, agora o admiro ainda mais. Por favor, Ismael, faça a Rádio Tabajara retornar ao canal FM, o povo do Pará suplica.
Cláudio Vasconcelos
Postar um comentário