quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

“A vergonha”

No Blog do Castagna Maia, a propósito da grosseria de Boris Casoy sobre os garis:

Há uma brasileira que mora em Paris e escreve, semanalmente, para o blog do Noblat. Há uns dois meses escreveu um texto dizendo que contrata uma diarista para sua casa, também brasileira. E a diarista disse a ela, quando foram juntas a uma loja, que o que ela gostava na França é que ambas – patroa e empregada – eram tratadas de forma igual. Daí o principal orgulho francês: o da igualdade.
II
Parte da elite econômica brasileira é perversa. Gosta de humilhar os seus empregados, sempre trazendo a lembrança da escravatura. São dados ao tratamento estúpido, sem sequer perceber que justamente essa grosseria é que revela seu provincianismo, seu primarismo, sua falta de educação, de polidez.
III
Isso tudo a propósito do vídeo do Boris Casoy, quando, do alto da sua empáfia, acha um absurdo que dois garis mandem um feliz ano novo a todos. Boris Casoy é parte do que há de mais reacionário, mais à direita no Brasil. Foi Chefe de Redação do Estadão, eternamente à direita na história do Brasil, até que seus talentos de apresentador foram descobertos. E passou a repetir, a cada momento, “é uma vergonha”.
IV
O curioso dessa repetição de “é uma vergonha” é que sempre se dirige a uma banalidade. Nunca é dito “é uma vergonha” para as taxas de juros, por exemplo, ou para os latifúndios construídos a partir da grilagem bandida. É dito para os sem-terra, quando invadem as terras griladas para protestar. É portanto, uma banalidade reacionária, sempre conservadora, sempre representando os interesses quatrocentões da elite paulistana.
V
O que se vê no vídeo é que Boris Casoy não faz idéia do que seja civilização. Nisso reproduz parte do pensamento da elite financeira brasileira – e digo elite financeira porque temos outras elites, a exemplo da elite cultural. É a velha elite que se revoltou contra a CLT, que nunca aceitou os direitos mínimos dos trabalhadores, que até hoje se revolta contra a previdência e inventa déficits inexistentes. Para essa gente, elite significa dinheiro, meia dúzia de leituras de fascículos da editora Abril e ter na ponta da língua, sempre, 6 ou 7 nomes de vinhos muito caros. Não diz respeito à educação, à polidez, à cortesia, ao respeito ao ser humano. Boris Casoy resolveu usar da sua ironia contra quem faz um trabalho muito mais digno, muito mais útil do que servir durante toda a vida de papagaio dos interesses reacionários da elite financeira paulistana.

4 comentários:

AS FALAS DA PÓLIS disse...

A bravata e a estupidez desta âncora-mala, retrata-se fielmente como porta-voz da elite branca, burguesa e medíocre que insiste em predominar nos meios de comunicação do Brasil.

Anônimo disse...

Concordo com os itens de I a V. Mas dizer que na França é esse exemplo de tratamento humanitário, não. Lá, como nos demais países da Europa, a discriminação contra brasileiros corre solta!!

Anônimo disse...

Mas...tudo de ruim somente à direita?
E a esquerda? Como se comporta?
Na mesma? Igual ou pior?
No Brasil, direita e esquerda definem apenas com que mão será feita a corrupção e/ou a afanação.

Anônimo disse...

Putz! O Anônimo das 16:46, acertou bem na mosca: "No Brasil, direita e esquerda definem apenas com que mão será feita a corrupção e/ou a afanação." Então, já é mais que hora de parar com essa babaquice de esquerda/direita, coisa do século passado.