A alegria de reunir amigos e familiares, em torno da mesa, no segundo domingo de outubro é, seguramente, o melhor prato do tradicional almoço do Círio. No Natal, a ceia também une pessoas, mas não tem a imensa descontração deste almoço, que celebra, ao mesmo tempo, Nossa Senhora de Nazaré e algumas das melhores tradições da cidade. Na mesa, pato no tucupi e maniçoba não podem faltar. Verdade que os novos tempos estão querendo substituir o pato pelo peru, mas tradição é tradição.
Os preparativos para o almoço começam, pelo menos, uma semana antes. Quem vai fazer maniçoba, à moda antiga, abre mão de algumas facilidades, como a maniva pré-cozida e prefere comprar a folha moída, no Ver-o-Peso. São sete dias de panela no fogo para, como se diz por aqui, tirar o veneno. Na sexta e no sábado colocam-se as carnes. No domingo, colhem-se os elogios.
O pato é mais fácil - e um pouco menos trabalhoso - de preparar. Ave congelada, nem pensar! Melhor comprar o patarrão vivo. No sábado, já deve estar assado e cortado. O tucupi (na foto, o pato no tucupi, quanto menos amarelo e mais concentrado, melhor. Aquele tucupi terrivelmente amarelo está tingido de anilina. Melhor esquecer. O jambu precisa ser catado e fervido de véspera. No domingo, basta adicionar o pato ao tucupi fervido e servir bem quente. Uma pimentinha, amassada no prato ou no molho, é indispensável.
Assim que a Santa passa, o almoço pode ser servido. Como se trata do almoço mais importante do ano, a cidade faz dele um grande evento. Afinal, ainda que não seja possível vê-la, a homenageada é ninguém menos que a Mãe de Deus.
Colaboração do professor e jornalista João Carlos Pereira
Nenhum comentário:
Postar um comentário