No AMAZÔNIA:
Há cada vez mais mulheres à frente de famílias, segundo revela a Síntese de Indicadores Sociais (SIS) 2009 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De 1998 a 2008, o percentual de mulheres como referências de família cresceu de 26% para 35% no Brasil. Mesmo com a presença do homem, 9% das famílias têm a mulher como responsável, em detrimento dos 2,4% atestados pelo instituto em 1998.
No estudo, são consideradas referências de família as pessoas apontadas pelos próprios familiares como responsáveis. Mais de 21 milhões de famílias no País têm mulheres como referência. Ao mesmo tempo em que o dado cresce, antigas verdades são atestadas nos estudos recentes: a ala feminina trabalha mais e estuda mais tempo que os homens e ainda assim continua ganhando salários menores, não só na cidade como também no campo.
A gerente de uma empresa de construção civil, Neide Vale, 41 anos, tem experiência dupla como referência da família: tanto na presença do cônjuge como na sua ausência. Neide se casou com apenas 14 anos, cinco anos mais tarde começou a trabalhar para ajudar no sustendo da família, já com três filhos. Na mesma época, seu então marido passou a ter problemas de vício de álcool e, em vez de apenas ajudar no orçamento, Neide passou a carregar a maior parte das despesas. 'Desde nova eu logo me tornei referência por causa desses problemas. No começo, ajudava com despesas de roupa, material escolar e uma parte da alimentação; depois minha responsabilidade foi aumentando porque, no fim do mês, o salário do meu marido não dava para pagar as contas', conta.
Depois da separação, há 15 anos, Neide Vale continuou como referência, mas agora, solteira. Ela sustenta dois dos três filhos e um sobrinho. Sua filha mais velha trabalha e não ajuda no sustento da casa, por opção de Neide. Em relação ao saldo de estar mais da metade da vida como principal sustendo da família, a gerente não tem o que lamentar. 'Pelo contrário, acho até um orgulho chegar a esse ponto, já que no começo meu marido dizia que eu nunca iria trabalhar e seria dona de casa. Não vejo problema no fato de a mulher ser referência; lamento é ainda haver homem que pense o contrário', diz.
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