Homem morre após sete horas em busca de socorro nos PSMs

No AMAZÔNIA:

O carreteiro Sérgio Conceição de Souza Almeida, de 49 anos, teve morte cerebral decretada no final da tarde de ontem pela equipe do Hospital Pronto-Socorro Municipal Mário Pinotti (PSM), da 14 de Março, onde deu entrada na última segunda-feira com traumatismo craniano. Antes ele chegou a ser rejeitado pelo hospital, que, segundo a filha do paciente, Simone da Costa Almeida, teria encaminhado o pai ao Pronto-Socorro Dr. Humberto Maradei (PSM do Guamá), que também não internou a vítima.
Simone diz que não sabe, ao certo, o que aconteceu com o pai, que teria recebido uma paulada na cabeça ou caído, pois ele já foi encontrado desfalecido em um bar próximo de casa, no bairro da Pedreira. 'Não sabemos o que aconteceu. Só tomamos conhecimento do que aconteceu por volta das 9 horas de segunda-feira. Quando encontramos meu pai, ele já estava desmaiado e com uma pancada na cabeça. Chamamos um táxi e o levamos ao Pronto-Socorro da 14. Mas quando cheguei lá, a atendente disse que o meu pai não poderia ser atendido por eles. Ela falou que eu deveria levá-lo ao Pronto-Socorro do Guamá. Só que o levei para o Centro de Saúde da Pedreira, onde também não o aceitaram', lamenta Simone.
Ao sair do Pronto-Socorro da 14, Simone se deparou com mais um problema. Sete ambulâncias, todas paradas, estavam na porta do hospital, enquanto o pai dela agonizava à espera de atendimento. 'Um absurdo. Meu pai vomitando sangue, com muitas convulsões e ninguém fez nada. Simplesmente nos ignoraram. Tinham sete ambulâncias na porta do hospital e nem levá-lo até outro hospital levaram. Tive que pagar um táxi', reclama.
'A atendente do Pronto-Socorro do Guamá me disse que somente na 14 era que o meu pai poderia ser atendido, pois o caso dele era grave. Então, eu pedi que ela me desse algum documento dizendo isso, pois eu tinha certeza que não iam aceitá-lo de novo', afirmou.
Por volta das 17 horas de segunda-feira, Sérgio voltou ao Pronto-Socorro da 14 de Março, depois de sete horas em busca de hospital pela cidade. Ao dar entrada, o paciente foi imediatamente para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI), onde ontem, por volta das 17h, fora decretada sua morte cerebral. 'Tenho certeza de que se ele tivesse sido atendido na hora em que procuramos atendimento, logo na segunda-feira pela manhã, ele teria mais chances de se salvar, mesmo com um problema grave. O atendimento foi péssimo e agora eu perdi meu pai. Agora, vamos doar os órgãos dele', disse a filha, indignada.
A assessoria de imprensa da Secretaria Municipal de Saúde (Sesma) não respondeu aos questionamentos da reportagem.