O ex-chefe da Casa Civil do governo do Estado e presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Fisco do Estado do Pará (Sinditaf), Charles Alcântara (na foto), deu uma elucidativa entrevista ao Blog da Professora Edilza Fontes.
Ele dá respostas interessantes a perguntas idem.
Veja abaixo:
Edilza: Você é acusado por vários petistas de estar fazendo uma política anti-PT. O que você acha disso?
Charles: De que PT esses “vários petistas” estão falando? Por certo não é do PT no qual milito por mais da metade dos meus 44 anos de vida.
O PT que me encantou e que embalou os meus sonhos e as minhas convicções está presente em cada vírgula da nossa pauta de reivindicações, em cada palavra proferida e em cada decisão tomada nas assembléias gerais da categoria.
Eu sei que tudo é passível de mudança. Aliás, comungo da idéia de que os direitos de errar e de mudar de opinião deveriam ser acrescidos à Declaração Universal dos Direitos Humanos, de tão fundamentais que são (isto estava contido na abertura do meu blog). Digo isto para deixar claro que não falo do PT com nostalgia ou saudade, pois as mudanças são necessárias.
Mas que fique claro que mudar de opinião não se confunde com mudar de lado.
Há muitos anos, quando ainda não tinha cabelos brancos na cabeça e pelos brancos na face, escolhi um lado. Eu tenho lado e estou certo de que não pularei para o lado oposto, pois é do lado de cá que eu me reconheço como cidadão, como trabalhador do serviço público, como pai, irmão, filho, marido, homem, honesto, teimoso, perseverante, inquieto, mas de bem.
Os tais “petistas” que me atacam agem como o “militonto”, apelido cunhado por Frei Beto para caracterizar aqueles que se gabam de participarem de todas as reuniões e de todos os movimentos e que se põem a repetir chavões, mas sem qualquer engajamento efetivo e verdadeiro com a transformação social.
Reputo que é aos “militontos” que eu desagrado. E isto me faz bem.
Não é aos que agem por princípios e por ideais que eu desagrado, mas aos que agem por interesses. E isto me faz bem.
Mais outra pergunta e mais outra resposta, ambas instigantes:
Edilza: Você deixou de ser petista?
Charles: Eu acho que, em variados aspectos, o PT está deixando de ser petista. De qualquer modo, é preciso não esquecer de que não devemos agir como se o partido fosse uma entidade autônoma, independente de nós.
O PT, como qualquer organização humana, é a síntese – ou pelo menos deveria ser – das escolhas e das vontades de homens e mulheres que o organizam e sustentam. Ele (o partido) é o que fazemos dele e o que queremos que ele seja. Sendo assim, quanto mais pessoas participarem desse processo de construção coletivo mais próximo ele será da vontade-síntese e do pensamento-síntese de seus mantenedores.
Eis aí o duplo e enorme desafio para o PT manter-se como o depositário da esperança de uma sociedade próspera, justa e solidária e como o mais genuíno representante das aspirações populares: por um lado, recuperar os espaços de participação e construção coletivas e, por outro, recuperar o prestígio do autêntico militante de esquerda, que atua nos movimentos sociais reais e que tem vez, voto e voz no processo decisório sobre os rumos e as escolhas partidárias.
E mas uma:
Edilza: Porque você não apontou os problemas na fazenda estadual quando era chefe da casa civil?
Charles: Eu não tinha a possibilidade – que hoje tenho - de conhecer o dia a dia da gestão da administração tributária, uma vez que era tragado pelas tarefas de articulação política do governo. A função que eu cumpria permitia que eu tivesse contato apenas com os grandes temas relacionados à fazenda pública (dívida pública, financiamentos, números globais da arrecadação, etc.).
Mas nas poucas vezes em que tive a possibilidade de participar de discussões governamentais relacionadas ao fisco estadual, sempre posicionei-me em favor de sua autonomia técnica e administrativa, em favor da promoção da ética pública e do combate à sonegação e à corrupção e em favor da valorização da administração tributária e de seus servidores.
Tive – e é normal que assim seja – muitas divergências internas com o governo, sobretudo quanto aos rumos da aliança política que me cabia conduzir naquela ocasião, mas o que eu não podia, minha cara Edilza (e você sabe disso), era dissentir em público, sendo eu um auxiliar direto da governadora Ana Júlia.
Divergi o quanto pude internamente, ao ponto de ter que sair, dadas as tensões diárias a que estava submetido e a que acabava por submeter a governadora e o seu círculo mais íntimo de governo.
Clique aqui para ler a entrevista na íntegra
6 comentários:
Prezado Charles Alcântara,
Vc ainda não percebeu que o PT acabou e que o que remanesce é apenas o lulismo?
Quer um exemplo: quem escolheu Dilma candidata do PT à eleição de 2010 - Lula ou o PT reunido em Convenção Nacional?
Pois é.
Será que o PT do Charles, que embalava seus sonhos, estava presente quando ele tanto quis se manter ao lado do PMDB?
PB, nada como lidar com pessoa inteligentes e íntegras, parabéns a professora Edilza e ao Charles Alcântara e a vc. por nós patrocinar tantas informaçoes interessantes.
PB
OBRIGADO PELA FORÇA. PENSO QUE É IMPORTANTE ESPAÇOS QUE DEBATAM IDÉIAS, SONHOS E PROJETOS. Sou uma das pessoas que acredita, ainda que a politica é a arte da negociação e de encontros , embora haja tantos desencontros pela vida(parafrasiando Vincíos). Um abraço grande e espere as novas entrevistas, elas estão fantásticas.
O QUE É O QUE É EDILZA ENTREVISTANDO CHARLES?
R = DOIS FRUSTADOS!!
Dois "frustrados", anônimo analfabeto da Casa Civil.
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