terça-feira, 6 de outubro de 2009

Buscas no Araguaia: falta de informação frustra escavações

Ontem, segundo dia de escavações no sítio que abrigou, no início da década de 70, a base Xambioá, do exército brasileiro, peritos do Grupo de Trabalho Tocantis (GTT) encerraram sem sucesso a quarta expedição de buscas pelos restos mortais dos guerrilheiros do Araguaia.
O Ministério Público Federal no Pará acompanha o trabalho, amparado por decisão da juíza Solange Salgado, da Justiça Federal de Brasília.
Os pontos vasculhados desde ontem no município de Xambioá, no Tocantins, divisa com o Pará, foram indicados por ex-soldados e por um ex-guerrilheiro como locais onde haviam sido enterrados três guerrilheiros, entre os quais Osvaldo Orlando da Costa, o quase lendário Osvaldão, principal liderança da guerrilha.
Falsos positivos - Josias Gonçalves, que na época da guerrilha atendia pelo codinome Jonas, afirmou ter sido obrigado pelos militares a enterrar o corpo de Osvaldão. Outras testemunhas foram os ex-soldados Raimundo Pereira de Melo e Antônio Adalberto Fonseca, que teriam presenciado enterros no mesmo local.
As testemunhas apontaram as localizações das covas perto de locais usados na época pelos militares como fossa sanitária e caixa de detritos. Os dois pontos de referência foram realmente encontrados, a cerca de um metro de profundidade.
Na caixa de detritos foram achados diversos resíduos, inclusive latas de inseticida em que ainda se podia ler as datas de fabricação do final da década de 60, o que deixou os peritos esperançosos. Após o escaneamento do terreno, feito com o equipamento de GPR (Ground Penetrating Radar), foram detectadas anomalias próximas das referências encontradas, que poderiam ser os restos mortais referidos, mas a escavação revelou apenas rochas.
“As informações das testemunhas se mostraram verossímeis, mas são vagas, e os resultados aqui foram falsos positivos”, lamentou Jeferson Evangelista Correa, perito criminal da Polícia Federal que integra a expedição de buscas.
Operação limpeza - Outro perito da equipe, Elvis Oliveira, da Polícia Civil do Distrito Federal, descartou a possibilidade do local vasculhado conter hoje restos mortais de guerrilheiros. “Pode ter havido deterioração a ponto de não restarem vestígios, os restos podem ter sido retirados logo depois de enterrados ou ainda podem nunca ter sido enterrados aqui, mas em algum outro ponto da área”, disse.
Oliveira ressaltou o fato de se tratar de uma região de mata sem nenhuma referência geográfica mais marcante, como um córrego ou morro, o que pode trair a memória das testemunhas. O longo tempo decorrido, 35 anos, seria motivo suficiente para a outra hipótese, de decomposição total dos corpos.
A terceira suspeita é de que o exército tenha realizado, após a aniquilação dos guerrilheiros, uma operação “limpeza”, para retirada de todos os vestígios da guerrilha do Araguaia, o que mostraria que os corpos foram efetivamente enterrados pelas testemunhas, mas retirados logo após.
“A possibilidade de uma operação de limpeza é concreta. E é a grande lacuna dessa expedição, porque mesmo com a colaboração de ex-guias e ex-soldados, os militares mais graduados, que teriam esse tipo de informação, até hoje não foram ouvidos”, explicou o procurador da República Tiago Rabelo, de Marabá, um dos responsáveis pelo acompanhamento das buscas.
“É por isso que o Ministério Público insistiu tanto em investigações prévias, mesmo porque a importância disso era reconhecida pelos ouvidores e observadores e está no teor da própria sentença que determinou as buscas pelos restos mortais”, acrescentou.
Continuação - O Grupo de Trabalho Tocantins deverá fazer a quinta expedição de buscas a partir do próximo dia 18, mas os pontos que serão escavados ainda não foram informados oficialmente ao MPF, que também acompanhará a próxima etapa. Até agora, 13 áreas foram vasculhadas num total de 28 mil metros quadrados na região entre Marabá e Xambioá.
A sentença da juíza Solange Salgado determinava um prazo de 120 dias para receber os relatórios das buscas, que termina no final de outubro. O Ministério da Defesa anunciou que deve dar continuidade ao trabalho mesmo depois disso. Para o MPF, a continuação é fundamental, mas agora deverá ser precedida das investigações necessárias.

Fonte: Assessoria de Imprensa do MPF

Um comentário:

Anônimo disse...

Quwm sabe de tudo desta barbarie é o Maj Curió, quem mandava matar era ele, quem mandava prender era ele, quem mandava estrupar era ele. O que falta para prenderem e ele mostrar\ onde estão estas covas? O resto é tudo papo furado.