Na ÉPOCA:
Era para ser um jantar de bom relacionamento na casa de um diretor da empresa. Quando apertou a campainha, o engenheiro Orlando Marcondes Machado Filho esperava desfrutar um belo prato, um ótimo vinho e boas risadas na companhia da mulher, Crucita, e de outros dois casais. Todos salivaram quando o bacalhau chegou à mesa. Todos, menos Crucita. “Minha mente estava cheia de aflições”, diz ela. Em silêncio, a bioquímica se perguntava:
* Será que usaram azeite extravirgem?
* De onde veio esse peixe?
* Que tipo de conservante foi usado nos condimentos?
* A cenoura é orgânica?
* Xi, não tem arroz integral
“Ficava pensando nas coisas invisíveis que fugiam ao meu controle e poderiam não ser saudáveis”, diz Crucita. “Enquanto eles tinham prazer, eu só sentia repulsa.” Por consideração ao marido, ensaiou a primeira garfada. Não chegou à segunda. Os anfitriões perceberam. Orlando não conseguiu esconder o constrangimento. O encontro acabou mais cedo.
O mesmo poderia ter acontecido ao casamento, tantas foram as brigas provocadas pela extrema preocupação de Crucita, de 46 anos, com o que a família coloca no prato. Esse distúrbio de comportamento tem nome: ortorexia nervosa. O termo é um neologismo baseado no idioma grego. Orthós significa correto e oréxis quer dizer apetite. A ortorexia foi descrita pela primeira vez em 1997 pelo médico americano Steven Bratman, autor do livro Health food junkies (algo como Viciados em comida saudável). A ortorexia ainda não é classificada como um transtorno psiquiátrico, como a bulimia e a anorexia (caracterizadas pelo medo excessivo de engordar). Mas é possível que isso ocorra em breve.
A grande preocupação do ortoréxico não é o peso. O que o apavora é ingerir alimentos que façam mal à saúde. Ele busca a garantia de que está livre de impurezas e de que vai conseguir evitar o aparecimento de doenças. Para isso, confere rótulos e os supostos benefícios de cada produto. Preocupa-se com a origem dos alimentos e raramente come fora de casa. Segue regras alimentares rígidas e, na maioria das vezes, baseadas em conceitos equivocados sobre o que seja de fato uma dieta saudável. Prefere não comer a ingerir qualquer coisa que julgue incorreta. O resultado, na maioria das vezes, é a magreza e a falta de nutrientes essenciais.
Um comentário:
MUITO interessante. desconhecia essa. mas aconselho a passar no meu blog e a ler o meu post de hoje. Infelizmente eu nem sempre fui como sou hoje...
Continuação de boa tarde :)
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