segunda-feira, 20 de julho de 2009
O salvo conduto de Sarney
O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, talvez tenha tido o momento mais sóbrio de toda sua vida pública, desde que alcançou o cume do poder central deste país. Destarte o nobre presidente afirmou categoricamente que o senador maranhense e/ou amapaense, José Sarney, não poderia ser julgado como um homem comum perante o tsunami de falcatruas e imoralidades que o Senado Federal enveredou desde sua primeira gestão a frente da instituição.
Seria de uma injustiça ímpar, por parte do presidente Lula, se ele assim não o fizesse. Pois querer comparar um homem comum (trabalhador) que acorda cedo para batalhar pelo pão de cada dia, esse que parte da perspectiva diária da labuta incerta pelo alimento e pelo sucesso, esse que encara diuturnamente o caos do transporte coletivo, das contas exorbitantes no final do mês oriundas do excesso da carga tributária, fomentada pelo conluio decisório dos "homens de Brasília". Partindo desse pressuposto, o senador José Sarney, sem duvida alguma, é um homem extremamente incomum.
Este surto de sobriedade que levou o presidente da República a produzir, "pela primeira vez na sua história política deste país", um raciocínio lógico e real, não foi fruto de uma delicadeza com o trabalhador brasileiro comum.
Na verdade, Lula apenas tentou amenizar o caos que fora desnudado pela Imprensa nacional, proveniente dos atos secretos e outros escândalos que abalaram sobremaneira a imagem de um aliado estratégico que possui uma enorme função dentro do projeto de poder que o PT pretende consolidar nas eleições vindouras de 2010.
O "salvo conduto" de Lula ao aliado Sarney, porém, ocasionou um efeito semelhante ao de um bumerangue, ou seja, o que já era ruim acabou ficando pior. Prova disso foi a reação imediata de alguns senadores, inclusive peemedebistas, merecendo destaque o senador Jarbas Vasconcelos. Este, além de pedir o afastamento do colega de partido, teceu inúmeras criticas ao presidente da República por sua interferência, negativa, na crise institucional do Senado.
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“As pessoas comuns têm o dever cívico de expurgar os incomuns que vêm despojando a dignidade da Nação brasileira, em nome de um projeto de poder que, de maneira desmedida, a cada dia extrapola a barreira do absurdo.”
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Nesta latrina fétida em que transformaram o Senado Federal do Brasil, é impossível mensurar a dimensão do odor que isto poderá produzir ao resto do País, muito menos, onde e como tudo isso poderá acabar, haja vista os precedentes de impunidades que se tornaram contumazes no território tupiniquim.
A rigor, ao "zé povinho", formado por aqueles cidadãos comuns que em muito se diferem dos políticos incomuns, só resta tapar o nariz a fim de não aspirar os gases imundos, exalados, daquelas bandas do Planalto Central.
O pudor e a ética são elementos dispensáveis e descartáveis quando interferem nos planos e obstam os interesses partidários, pois o presidente Lula teve o despautério, no intuito de manter seu projeto de poder, de sacrificar a dignidade do Congresso Nacional, impondo que a bancada do PT defendesse a permanência de Sarney frente à presidência do Senado, mesmo que isto custasse a desmoralização nacional da entidade.
Tem-se a impressão de que esse tipo de expediente - sacrificar a dignidade de uma instituição pública em prol de um projeto de poder - utilizado pelo presidente Lula é apenas a ponta de um iceberg denominado "Dilma 2010".
Ao adotar a postura maquiavélica (os fins justificam os meios), a um ano e meio das eleições, o Partido dos Trabalhadores direcionou, tacitamente, o viés que o embate eleitoral poderá se pautar, já a partir deste ano.
Flexibilidade de postura (leia-se caráter) é a palavra de ordem que impera no partido da estrela vermelha. Basta lembrar que o líder do partido no senado, Aloízio Mercadante (PT-SP), apresentou um pedido de afastamento de Sarney por 30 dias da presidência da Casa e, logo em seguida, por imposição de Lula, fora obrigado a engolir a prepotência e a arrogância que lhe são peculiares, a pretexto da "governabilidade do país".
Enquanto isso, o povo comum, aquele que não merece ser comparado ao senador José Sarney, continua sendo um mero detalhe nesses imbróglios que envolvem os assuntos de interesse nacional e da política brasileira. Pois seria um acinte envolver pessoas comuns em assuntos de pessoas incomuns.
Entretanto, as pessoas comuns têm o dever cívico de expurgar os incomuns que vêm despojando a dignidade da Nação brasileira, em nome de um projeto de poder que, de maneira desmedida, a cada dia extrapola a barreira do absurdo.
Inobstante, a inércia e a passividade sempre foram e serão os maiores tumores das sociedades, aqui ou alhures. Pois como dizia a filósofa estadunidense Helen Keller: "A ciência poderá ter achado a cura para a maioria dos males da vida, mas não achou ainda remédio para o pior de todos: a apatia dos seres humanos". Há de sermos comuns, apáticos jamais.
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TONY NAVEGANTES é acadêmico de Direito
navecouto@ig.com.br
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Sarney ensina a preparar pizza de liquidificador no senado.
Ingredientes:
1 copo de leite retirado das tetas do governo
1 copo e meio de atos secretos
1 ovo de pascoa recheado com nominações
meia colher de chá de auxilio moradia
2 colheres de sopa de aliados políticos
2 colheres de sopa de vergonha na cara
Modo de preparar:
Bata todos os aliados políticos com o leite retirado das tetas do governo no liquidificador e deixe descansar por meia hora.
Untar a forma com nomeações e polvilhar com atos secretos.
Despeje a massa e coloque fatias de falta de vergonha e falta de ética.
Fazer um molho a parte com auxilio moradia e despejar em cima.
Assar em forno brando por uns 13 minutos.
Peterson Correa Pimentel
www.terceiromundo.spaceblog.com.br
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