quarta-feira, 22 de julho de 2009

Minirreforma do governo Ana Júlia foi o desastre anunciado

Dois petistas que já transitaram com bastante desenvoltura nos gabinetes do Palácio dos Despachos têm opiniões coincidentes sobre o desmonte – literalmente – da Coordenadoria de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento Sustentável (CIDS).
Os dois afirmam, sem medo de errar, que a extinção da CIDS é a apenas a ponta – muito prontinha mesmo – de um iceberg que tem suas bases amplamente fincadas em toda a estrutura administrativa do governo Ana Júlia.
Os petistas garantem que a crise econômica e as enchentes que assolaram vários municípios do Pará, apontadas pelo Estado como as razões para a pindaíba financeira de agora, em verdade representam apenas o agravamento de uma situação que começou em 2007, no primeiro ano do governo Ana Júlia: a minirreforma administrativa que inchou a máquina pública estadual.
Lembram, por exemplo, que a criação de secretarias como a SEIR (Integração Regional), Sedes (aquela, vocês sabem, que está construindo 13 CRAS sem concorrência pública), Ideflor, Secretaria da Pesca e a Secretaria de Governo, entre outras, exigiram a criação de cargos e funções que representam nada menos de 33% de toda a máquina administrativa do Estado.
Mas o problema decorrente dessa minirreforma, acrescentam os petistas, não é apenas financeiro, com ônus para os cofres públicos. O grande problema é que, em termos de eficiência, a minirreforma administrativa revelou-se um desastre, uma nulidade atroz, e ainda por cima expôs de forma mais contundente a falta de planejamento que assola o atual governo.
Citam os dois petistas um exemplo prático e visível: o Estado resolveu restaurar um prédio tombado, aquele que fica ali na Avenida Nazaré com a Doutor Moraes, para ser a sede de um departamento da Secretaria de Cultura. Um departamento!
Pra quê isso?
O resultado responde por tudo: faltou dinheiro para a continuidade das obras, que estão lá, paradíssimas e sem perspectivas de continuidade, porque falta dinheiro.
Se perguntarem sobre isso a Sua Excelência a governadora Ana Júlia, ele dirá, como tem dito, que tudo se deve à crise e às enchentes.
Mas isso é uma meia-verdade.
Para não dizer que é nenhuma verdade.

A ascensão do “putysmo”
Os dois petistas chamam atenção para outro detalhe – aliás, dos mais relevantes: se a minirreforma não foi boa para o Estado, se foi péssima para a gestão pública, se inchou a máquina pública, de outro lado foi ótima para Sua Excelência o doutor Cláudio Puty (na foto, extraída do site da Agência Pará), chefe da Casa Civil e pré-candidato a deputado federal na eleição do próximo ano.
Hoje, só tem lugar garantido no governo quem estiver disposto a fazer campanha para Puty, garantiram os dois petistas com os quais o blog contactou.
Além dele próprio ser o titular da secretaria de maior visibilidade política do governo Ana Júlia, Puty tem ainda uma enorme ascendência sobre a Secretaria de Governo, a Sedes, a Secretaria de Comunicação (para onde levou Fábio Castro, que recentemente se desligou do governo), a Secretaria da Fazenda e sobre outros órgãos estaduais.
Resultado: juntem-se os efeitos perversos da minirreforma para os cofres públicos, a ineficácia administrativa e a ascensão do putysmo no governo Ana Júlia e veremos que, inequivocamente, a extinção da CIDS não apenas é a ponta do iceberg como era plenamente previsível.
Previsível desde o início da minirreforma, no primeiro ano do governo Ana Júlia.

10 comentários:

Anônimo disse...

Prezado PB,

O governo do PT no Pará lembra o que aconteceu com Cristovão Colombo: quando partiu, não sabia para aonde ia; quando chegou, não sabia onde estava.

Abs.

Anônimo disse...

Divulga essa matéria que saiu na Folha de São Paulo, sobre o Juvêncio Arruda.

JUVÊNCIO DIAS DE ARRUDA CÂMARA (1955-2009)

O irreverente e sarcástico Juca, o maior blogueiro político do Pará

ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL

Num único dia, o blog "5ª Emenda" chegou a ter 2.000 acessos. Tal popularidade fez de Juvêncio Dias de Arruda Câmara, o Juca, o maior blogueiro político do Pará.
Irreverente e sarcástico, tinha um texto enxuto e manifestava, na maioria das vezes, indignação com a política local. "Ele era um cara plural, de grande diálogo, preocupado em gerar reflexão", lembra a mulher, a professora Marise Morbach.
Crítico, defendia a democratização da informação no Pará e apelidou a capital Belém de Nova Déli, cidade indiana. Revoltado com a política local, pretendia se mudar de Belém.
O deputado Jader Barbalho (PMDB), por exemplo, era chamado por ele de "Sobrancelhudo". Já o senador Mário Couto (PSDB) era o "Tapiocouto".
Funcionário público estadual, trabalhou por anos com marketing político. É daí que vem seu conhecimento sobre os bastidores da política no Estado. Sua família também era de políticos, como lembra a mulher.
Formado em economia na Universidade Federal do Pará, começou a fazer mestrado no Rio, mas não concluiu. Depois, iniciou outro mestrado, em jornalismo, em São Paulo, o qual também não terminou.
Estava, recentemente, finalizando mais um mestrado em ciência política. Morreu na segunda-feira, aos 53, de um câncer que o matou 17 dias após ser descoberto. Deixa quatro filhos.

Alan Wantuir disse...

Mudar as estruturas do poder sempre foi tarefa difícil. Só pra exemplificar, lembra da campanha das diretas já? Naquela época, os militares estavam no poder e muitos entraves foram criados, a todo momento havia muitas pessoas incomodadas e inconformadas com aquela nova estrutura que emergia, pois os poderosos estavam preocupados em descer do pedestal de ouro. Na minha visão, entendo que os poderosos que passaram mais de uma década no poder, devem estar afoitos e com muita sede de retornar ao poder. Por isso, todo esse pessimismo, como se fosse tarefa fácil, colocar todas as demandas sociais, políticas, econômicas e etc... em total alinho. Acho que seria sonhar demais.

Anônimo disse...

Caro poster, a reforma do palacete faciola (na av Nazaré) foi pensado inicialmente para abrigar o novo Idesp... Pelo menos foi isso que foi divulgado!

Anônimo disse...

O Puty é a Dilma Rousseff do governo da Dama de Vermelho (Ana Julia Carepa)

Anônimo disse...

Essa turma da DS- Governo, além de acabar com governo da ANA, esta acabando com o pequeno grupo que realmente é DS, ou seja a DS antes do governo.
A última do atrapalhado PUTY esta sendo lançar candidatura estatual em todas regiões do estado fazendo dobradinha com ele - fez isso na região do lago de tucurui lançando o JOILSON (candidato a prefeito derrotado em Tucurui)candidato a Dep. Estadual, em troca lhe deu a cajado de comandante do governo na em tucurui, desrespeitando os três mandatos de vereador que a DS tem no municipio.
Sabe qual vai ser o resultado disso: a DS não vai eleger nenhum candidato a Dep. Estadual, portanto se cuidem Edilson Moura, Suely e Edilsa Fontes.
A base da DS quer SUELY federal resta saber se ela vai ceder as pretenções dos irmãos metralhas e seu fantoche Claudio Puty.

Anônimo disse...

Vem ai a Proxima Canditatura da DS a Dep. Federal - Marcilio Monteiro, lembrem que já teve Suely Oliveira,Edilsa Fontes e agora até agosto a do Claudio Puty.
Eu fico com a Suely, que só falta pedi as benção para RAYNEC e Joaquim Soriano para consolidar sua candidatura.

Anônimo disse...

Fala serio! Comparar o Puty com a Dilma e muita injustiça,com a Dilma, claro.
Infelizmente, so a governadora nao enxerga que esse rapaz e o responsavel pela desgraça que se tornou seu governo.

Anônimo disse...

Em tudo é perigoso generalizar. Pode-se discutir se todas as mudanças feitas no atual governo atingiram seu objetivo, mas é inegável que algumas são meritórias. Começo pela criação da FAPESPA , fundação de fomento a pesquisa que hoje concede bolsas de doutorado e mestrado a quase duzentos estudantes, promovendo seus projetos de pesquisas em diversas áreas, coisa que São Paulo fez ainda no meio do século XX. A recriação do IDESP , que deve se estruturar ao longo do tempo e tem feito uma falta danada ao estado na última década. A criação de uma secretaria de pesca, em um Estado que é o maior produtor nacional de pescado em águas internas e não possuía praticamente nenhuma estrutura institucional para o setor, salvo uma salinha que ficava na SAGRI. Foram extintas as Secretarias Especiais que eram uma inutilidade e meros cabidades de emprego de luxo. Foi desmembrada a SETEPS, dando origem a SETER e a SEDES, uma tem feito avançar consideravelmente a rede de proteção social no estado, inclusive em parceria com municípios e a outra administra o bolsa-trabalho, que inclusive já ganhou um prêmio nacional. Portanto , como disse no início, é perigoso fazer avaliações afobadas, sem dados reais e por mero preconceito. Vamos também lembrar que este foi o primeiro governo nos últimos doze anos que aumentou o efetivo da PM e realizou o maior número de concursos públicos da década - e tudo isso, embora seja necessário, custa dinheiro e os efeitos positivos aparecem ao longo do tempo - mas são medidas essenciais para se organizar a bagunça que estava este estado com mais de 20.000 temporários.

Anônimo disse...

Caro Alan tua afirmativa é verdadeira. Mudar a estrutura de poder é demorada, muito dificil e requer muita disposição. O grande mérito deste governo é transformar cada secretatria e instituição deste Estado em uma ilha onde quem manda é o chefe da tendência ou do partido político para onde o cargo foi loteado. Trata-se de um governo onde cada um cuida de fortalecer seu grupo político, se fortalece para a próxima eleição e não apresenta uma planejamento estratégico que resolva problemas presentes e aponte soluções para o futuro. Definitivamente não temos uma política de Estado hoje. Achamos natural o Poty e consequentemente a Governadora controlar três secretarias. Que governo é este !!!!!.