quarta-feira, 10 de junho de 2009

Uma chance de mudar a vida

No AMAZÔNIA:

'Agora eu me vejo como alguém na vida'. Foi com essa frase que um jovem de 19 anos definiu os benefícios do curso de operador de computador, que ele está fazendo dentro do projeto Vira Vida, do Sesi, destinado a adolescentes e jovens vítimas de abuso e exploração sexual. Idealizador do projeto, o presidente do Conselho Nacional do Sesi, Jair Meneguelli, esteve ontem em Belém para a aula inaugural da segunda etapa do Vira Vida. 'O objetivo desse projeto é dar oportunidade de vida profissional para esses jovens, longe da exploração sexual', disse Meneguelli.
A ideia de criação desse projeto surgiu durante umas férias que Meneguelli passou em Fortaleza (CE), com a esposa, há cerca de um ano e meio. 'Nós fomos à praia do Futuro e vimos várias adolescentes sendo ‘distribuídas’ a turistas italianos e isso me indignou. Naquele momento disse que não iria me omitir e fui para Brasília e discuti a criação de um projeto voltado para esses adolescentes e jovens', contou Meneguelli. O Vira Vida é um projeto piloto que foi implantado em quatro capitais brasileiras: Belém (PA), Fortaleza (CE), Recife (PE) e Natal (RN). Um total de 100 meninos e meninas são atendidos em cada cidade.
Em Belém, o projeto começou em fevereiro, com duas turmas de 20 alunos cada, nos cursos de operador de computador e costura industrial. No entanto, na tarde de ontem, outros 60 jovens assistiram à aula inaugural dos cursos de comunicação digital e auxiliar administrativo.
Os cursos têm duração de 800 horas, ministradas durante cerca de dez meses. 'Estamos formando profissionais sob o compromisso de que eles serão inseridos no mercado de trabalho ao final do curso', garantiu Meneguelli.
O jovem de 19 anos que disse se sentir 'alguém na vida' após ter iniciado o curso no Vira Vida foi explorado sexualmente desde os 16 anos. Ele revela que fazia 'programas' nas ruas da Grande Belém. 'Eu entrei nesse curso indicado por uns colegas que estavam sendo atendidos por uma ONG que atua com adolescentes', explicou o aluno do curso de operador de computador. 'Hoje, eu posso dizer que sonho com um futuro em que eu tenha uma família e um emprego, porque antes eu não via isso', destacou.
Uma colega de curso dele, de 20 anos, revela que já é atendida em um projeto do Movimento República de Emaús e que, a partir desse atendimento, chegou ao Vira Vida. A jovem, que foi abusada sexualmente pelo pai, quando tinha 9 anos de idade, conta que já havia sido assediada para exploração sexual. Mas que hoje se sente feliz por estar podendo dar um novo rumo à sua vida. 'Essa foi a melhor oportunidade que me deram nos meus 20 anos de idade e pretendo valorizá-la', disse a aluna. 'Pretendo fazer cursinho para vestibular e cursar pedagogia', revelou.

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