No AMAZÔNIA:
Tristeza, decepção e um sentimento de injustiça. Foi dessa forma que os belenenses receberam, na tarde de ontem, o anúncio da vitória de Manaus na disputa pela subsede amazônica da Copa do Mundo de 2014. Milhares de pessoas acompanharam ao vivo por meio de um trio elétrico estacionado em frente ao Theatro da Paz, na Praça da República, e por um telão instalado na Doca de Souza Franco, o pronunciamento feito pelo presidente da Fifa, Joseph Blatter, em Nassau, nas Bahamas.
Após a divulgação das 12 cidades-sedes, que apenas confirmou o que já havia sido antecipado na sexta-feira pelo colunista Ancelmo Gois, de O Globo, o clima era de enterro: a multidão silenciou e se dispersou lentamente.
Na Praça da República, onde a 'festa' foi organizada pelo Governo do Estado, o telão armado para exibir o anúncio sequer funcionou. Um problema técnico fez com que os presentes apenas ouvissem a má notícia.
Depois do baque, o grupo musical Arraial do Pavulagem ainda tentou animar o público com toadas e canções tradicionais de Boi-Bumbá. Mas foi em vão. Não havia mais clima para festa. Na Doca, onde uma banda contratada pela Prefeitura Municipal de Belém (PMB) tocava pagode e axé music, apenas o público tradicional desse estilo musical permaneceu após o anúncio.
Entre os que ficaram, predominava a certeza de que a estratégia ofensiva de Manaus e sua forte campanha publicitária acabaram prevalecendo sobre a campanha 'mais discreta' de Belém.
Mas foi a fragilidade política do Estado, representada pela falta de unidade entre os governos estadual e municipal e pela inoperância dos parlamentares paraenses no Congresso Nacional, o fator mais citado pelas pessoas nas entrevistas aos repórteres que cobriam o evento.
'Estamos decepcionados. É injusto que Manaus tenha vencido. Nem estádio pronto eles têm. Essa decisão nunca foi técnica. Só pode ter sido política. E isso só prova que a nossa classe política não tem força nenhuma', disse o nutricionista Rafael Lennon, de 26 anos. 'Os governantes de Manaus foram mais competentes do que os nossos. Eles souberam trabalhar unidos e levaram a melhor nos bastidores', complementou.
O motorista de ônibus, João de Oliveira Filho, 50, foi outro que apontou o fator político como razão para a queda de Belém. Ele lembrou que, no início da disputa, a capital paraense era tida como favorita em razão de ser mais acessível do que a cidade manauara.
Belém, além de ligada ao resto do país por via terrestre, aérea e marítima, possui um estádio quase pronto para a Copa e uma população apaixonada por futebol. 'Por isso mesmo é que só a incompetência e a falta de força política dos nossos governantes podem explicar esta derrota para Manaus. É uma vergonha', afirmou.
'Acreditava que a candidatura de Belém tinha vários elementos fortes e por isso ganharíamos. Mas o Governo do Estado e a Prefeitura de Belém não souberam trabalhar juntos e perderam uma grande oportunidade', disse a enfermeira Carla Silveira, 28, que foi acompanhar a divulgação do resultado com seu bebê, ambos vestindo a camiseta com o slogan de Belém 2014.
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