Do jornalista Ricardo Boechat, em entrevista ao Comunique-se, quando indagado sobre sua dica para quem está iniciando no jornalismo:
“Prepare-se para sofrer”. Brinco com estudantes em encontros eventuais descrevendo as qualidades básicas de um jornalista: “insônia, pressão alta, vida familiar maltratada pela rotina massacrante, síndromes diversas, orçamento no osso, prisão de ventre...”. No conjunto – há expressivas exceções – é ofício que não paga bem, especialmente fora dos grandes centros e dos grandes veículos. Que exige muito em dedicação, em paixão, em tempo de vida. Na qual, por vias normais, se progride devagar, à custa de muito suor. Mas também é profissão instigante, movimentada, rica em assuntos, em emoções, detentora de uma aura que inspira admiração nas pessoas. Principalmente, é um meio onde não se morre de tédio. No balanço geral, é uma carreira que vale o que pede a cada um de nós. O conselho, enfim? Paguem o preço.
E mais:
Qual a matérial ou situação mais engraçada que você passou?
Dei uma nota na coluna Swann no Globo, um dia, matando o Altamiro Carrilho. Me referi a ele como “saudoso”. Na manhã seguinte, descobri que aquela seria – ao menos até agora – a mais gratificante barriga de minha carreira. Afinal, se a notícia estivesse correta, não teríamos o Altamiro, que fará 85 anos em dezembro, ainda tocando suas flautas mágicas, para alegria do planeta, com uma saúde de fazer inveja às mais peladas rainhas de bateria do carnaval carioca.
Como se explica a relação entre política e Imprensa?
Tudo é notícia quando algo acontece que possa interessar às pessoas. Quanto mais gente se interessa, mais notícia é. Isso vale para a política, os políticos e para qualquer outro campo da vida. Em todos eles é preciso ter fontes, entender um pouco do que se está falando, enfim, estar apto a contar e explicar o que aconteceu. Políticos não são os únicos integrantes da sociedade interessados em manter canais de contato com a imprensa. Nesse sentido, não há, insisto, uma “relação” própria entre a política e a imprensa. Pessoalmente, embora dele me ocupe regularmente, acho o noticiário político uma das coisas mais chatas de nossa rotina profissional.
Leia aqui a entrevista completa
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