PF apreende muamba do Suriname na Vigia

No AMAZÔNIA:

A Polícia Federal interceptou, na madrugada de ontem, um barco com mais de 60 toneladas de produtos contrabandeados do Suriname que seriam descarregados em Vigia, no nordeste do Pará. Parte da mercadoria, entre bolsas, sapatos, óculos e eletrônicos fabricados na China, seguiria para São Paulo em caminhões baú, onde abasteceria as redes de comércio de produtos chineses. O restante iria para Belém em pequenas embarcações. Sete pessoas foram detidas e conduzidas para a sede da Superintendência da Polícia Federal ontem pela manhã.
Na última terça-feira, doze pessoas foram presas sob a acusação de integrar uma rede articulada de contrabando na rota Belém-Suriname-Belém. A operação 'Pindorama', referência ao antigo nome de um dos portos usado no esquema de contrabando do Suriname, monitora há mais de seis meses as atividades de três famílias de comerciantes do interior do Pará que gerenciam o esquema de contrabando de produtos chineses a partir de Paramaribo, capital do Suriname, na mesma rota que era usada pelo tráfico de cigarro nas décadas de 80 e 90.
O barco, que trazia mais de 900 caixas de produtos de vestuário de marcas famosas falsificadas, foi vistoriado por cães farejadores da Divisão de Repressão a Entorpecentes da PF. Havia a suspeita de que estivessem escondidos carregamentos de drogas. A PF investiga a associação entre as redes de contrabando e as redes de tráfico na rota do Suriname. Em um dos barcos vistoriados pela 'Pindorama' no início do ano a polícia apreendeu 14 mil comprimidos de ecstasy. Participaram da ação de ontem agentes da Delegacia de Repressão a Entorpecentes, da Delegacia de Polícia Fazendária e do Grupo Especial de Polícia Marítima da PF.
No furo do Bituba, um canal estreito próximo a Vigia, a mercadoria do barco seria descarregada em um porto de pescadores e colocada em um caminhão baú. Um dos homens que esperava a mercadoria no porto de Vigia - preso durante a ação de ontem, atuava no tráfico internacional de drogas, segundo o delegado Uálame Machado, da PF. João de Deus Gonçalves, de 51 anos, conhecido como 'Forma', passou oito anos presos na década de 90 depois de ser flagrado traficando 270 kg de cocaína.
O barco apreendido em Vigia foi conduzido a Belém e descarregado no porto da Companhia das Docas do Pará. A mercadoria, levada nos porões, seguiu para a sede da PF para ser contada e pesada e, em seguida, encaminhada para a Receita Federal. Como se trata de material falsificado, o destino final fatalmente será a destruição. As leis brasileiras não permitem a reutilização, venda por leilão ou doação de produtos falsificados.
Além de 'Forma' e de um prático de 66 anos, contratado para conduzir o barco pelo furo do Bituba, foram presos João da Silva Quaresma, 25, filho do dono do barco; Zenito Quaresma Sagica, 25, carregador; Marcelo Gomes da Costa, 27, motorista contratado para levar a mercadoria para SP; e Lino da Costa, conhecido como 'Paulo Bomba', encarregado por gerenciar a operação. Uma sétima pessoa foi presa, mas não teve o nome divulgado pela PF. No final da tarde de ontem a PF informou que apenas 'Forma' e 'Paulo Bomba' ficariam presos. Os demais foram liberados.