As palavras, em regras, foram feitas para comunicar, para estabelecer relações compreensíveis entre as pessoas.
No Senado, não.
No Senado, as palavras foram feitas para deturpar, confundir, inverter fatos e versões.
E fatos e versões invertidos, vocês sabem, não passam de mentiras.
Nos últimos dias, senadores, vários deles, têm insistido que nunca houve atos secretos no Senado.
Alegam que, se as publicações foram feitas apenas no boletim de pessoal da Casa, e não na intranet, para acesso livre de todos os servidores, cai a condição de secreto dos atos.
Secreto, para os senadores, seria um ato realmente não ser publicado – nem no boletim, nem na intranet, em lugar nenhum.
Suas Excelências não leram, parece, o que disse um servidor do Senado.
Trata-se do chefe do serviço de publicação do boletim de pessoal do Senado, Franklin Albuquerque Paes Landim.
Vejam aqui trecho de reportagem da “Folha”, publicada na sexta-feira passada:
Landim contou que recebia pelo telefone as ordens de Agaciel [Maia, ex-diretor-geral do Senado]. Zoghbi [ex-diretor de Recursos Humanos], que despachava no mesmo andar, pedia pessoalmente. "Ele mesmo pedia ou mandava o chefe de gabinete."
Ele contou que guardava os atos secretos numa pasta e só os publicava quando recebia nova orientação dos diretores.
"Ele [Agaciel] mandava guardar. Dizia: "Esse você não vai [publicar]. Você aguarda". Com esse aguarda, às vezes mandava publicar, às vezes não. Podia ser amanhã, podia ser depois." Em alguns casos, disse, os atos ficaram guardados por "anos".
Viram só?
Em alguns casos, disse, os atos ficaram guardados por "anos".
Guardados.
Escondidos.
Na gaveta.
Negados à ampla publicidade de que devem se revestir os atos no serviço público.
Isso não é secreto, não?
Para vários senadores, não.
Mas o Senado, vocês sabem, acolhe tudo.
Ou quase tudo.
Um comentário:
A vergonha, essa ficou tão secretamente escondida...que nunca mais os senadores acharam.
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