No AMAZÔNIA:
A Polícia Civil instaurou inquérito, ontem, para apurar as denúncias de corrupção de menores, tráfico de seres humanos e formação de quadrilha em Portel, no Marajó. Os crimes foram mostrados em reportagem especial exibida no programa 'Fantástico', da Rede Globo, anteontem. Policiais da Divisão de Atendimento ao Adolescente viajariam ainda ontem. Portel fica a 18 horas de barco de Belém. A reportagem mostrou a rede de corrupção que envolve casos de exploração sexual de crianças e adolescentes, como o de uma mãe que aceitou vender a filha por R$ 500,00. Mais de 60 pessoas foram entrevistadas em cinco meses de investigação.
Uma mãe foi flagrada agenciando programas para a filha, menor de idade, em troca de 'quatro cervejas' e oferecendo vender a menina por R$ 500,00. Com uma câmera escondida, os repórteres foram atrás dos aliciadores. Na tabela da exploração sexual de menores de idade, a noite com uma virgem pode custar R$ 1 mil. Geralmente tudo é feito com o conhecimento dos pais.
Edina dos Santos Balieiro, a mãe que pediu R$ 500,00 pela filha, é dona de um bar em Portel. A reportagem simula primeiro o interesse de um homem em um programa com a jovem de 17 anos. A mãe aceita negociar. A mãe fica com o dinheiro (R$ 10,00) para comprar as cervejas. A menina entra num táxi. O repórter revela então que não vai haver programa. E a jovem é levada de volta para casa. No dia seguinte, a reportagem volta ao bar e simula interesse em comprar a jovem. Antes do acerto, a mãe faz uma única exigência: 'Pode viajar. Pode ir. Ela... só quero um número de telefone para ligar. Ela me ligar'.
Cada passo da reportagem foi acompanhado por pessoas ligadas à Igreja Católica. 'Essa mãe precisa responder a um processo. Ela cometeu um crime. A polícia precisa apurar isso. Sem o exemplo de que a lei existe, as pessoas vão continuar praticando isso dentro da normalidade', afirma o defensor público Anginaldo Oliveira. Edina pode pegar até 14 anos de prisão por exploração sexual e venda da filha. 'Está se perdendo, em muitas regiões do Pará e também no Marajó, o respeito (...). E, perdendo esse respeito, as bases de uma sociedade estão minadas', afirma José Luiz Azscon, bispo do Marajó.
Um comentário:
O bispo do Marajó vem bradando há anos contra esse absurdo que acontece na região, e as autoridades fazem ouvidos de mercador, ou então mostram-se completamente ofendidos, como a governadora ficou com Dom Luiz Ascona. É preciso que o Fantástico mostre uma matéria pra que a polícia vá a Portel. É porque as autoridades querem que o Pará esteja sempre no noticiário nacional. Uma espécie de campanha em prol do desenvolvimento do turismo.
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