No AMAZÔNIA:
A Regional Norte 2 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) quer a prorrogação do prazo de investigações da CPI da Pedofilia da Assembléia Legislativa do Estado. A decisão foi anunciada ontem, durante entrevista coletiva da entidade, que fez duras críticas ao sistema de proteção a crianças e adolescentes e ao Judiciário paraense. O bispo do Marajó, dom Luiz Azcona, disse que protocolou documento com a solicitação há cerca de duas semanas e que aguarda a decisão do Legislativo, já que o pedido terá que passar pela aprovação do plenário. O prazo atual de encerramento das investigações da CPI é 6 de junho. A entrega do relatório final deve ocorrer em 6 de agosto.
Segundo o bispo de Castanhal e secretário geral da CNBB Norte 2, dom Carlos Verzeletti, em apenas dois meses de investigações a CPI da Pedofilia recebeu cerca de 25 mil denúncias de casos de abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes. Alguns envolvendo políticos e autoridades públicas. 'Se essa CPI for encerrada agora, esse serviço terá ficado pela metade. Não podemos deixar esses casos sem resposta, a sociedade precisa que o Judiciário faça seu papel e puna os culpados por essas violências brutais cometidas contra crianças e adolescentes', disse o bispo.
Dom Luiz Azcona não poupou críticas ao sistema de proteção a crianças e adolescentes. 'É preciso que a sociedade discuta essa problemática, que é de todo o Estado, que é responsabilidade de todos', afirmou. 'Por isso, é preciso uma continuidade no trabalho de investigação da CPI, porque esse é um trabalho emblemático e histórico que está funcionando como um paradigma novo, que está aumentando a esperança das pessoas, que antes não tinham coragem de romper com o medo e estão denunciando os casos', avaliou Azcona.
Um dos principais denunciadores de casos de violência contra crianças e adolescentes no Estado, sobretudo no Marajó, onde atua, Azcona disse que é ameaçado de morte e que tem pensado muito nisso, mas não se calará. 'Eu tenho pensado muito na minha morte, mas se for para morrer em defesa das ovelhas que estão sem proteção no rebanho, como é o caso das crianças e adolescentes desse Estado, eu morrerei feliz', disse Azcona, que não aceita andar com seguranças.
Azcona revelou que no município de Anajás está sendo constatada a existência de uma rede de tráfico de crianças e adolescentes para o Suriname. De acordo com ele, pessoas chegam ao município de avião e as levam embora. Além disso, há casos em que elas chegam para comprar cabelos de mulheres por cerca de R$ 150,00. 'É preciso que todas essas questões sejam investigadas para que se descubra quem está por trás', disse o bispo do Marajó.
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