No AMAZÔNIA, por GUTO LOBATO
Um embate sem precedentes toma conta do projeto de prolongamento da avenida Independência, executado pela Secretaria de Estado de Projetos Estratégicos (Sepe), do governo do Estado, com licença ambiental concedida pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma). As obras iniciadas há poucos meses são motivo de polêmica por conta do trajeto da via, que deve cortar o Parque Ecológico de Belém, no bairro da Marambaia, por cerca de 900 metros. Os impactos ambientais, segundo a Sepe, serão em 8,5% dos 44 hectares da unidade de proteção, mas os moradores dos conjuntos Médici e Bela Vista, que cercam a área, não gostaram da ideia e já acionaram o Ministério Público do Estado (MPE), que pediu a paralisação da obra. Por outro lado, quem mora no Bengui e no Mangueirão faz campanha a favor do governo, alegando que a avenida reduzirá os engarrafamentos no complexo do Entroncamento.
Apesar de só agora ter voltado à pauta de ações para melhorar o trânsito na Região Metropolitana de Belém (RMB), o projeto da avenida Independência está prestes a completar 18 anos. Ele fez parte de um plano elaborado pela Agência Japonesa de Cooperação Internacional (Jica) em 1991 junto ao governo do Estado, que recebeu atualizações periódicas e previu a necessidade de se criar um novo canal para o tráfego de veículos entre a região central de Belém e suas zonas de expansão.
No plano original, que acabou integrado ao Plano Diretor Urbano (PDU) de Belém e transformado na lei municipal nº 8.655, a Independência deveria servir como alternativa às únicas saídas da cidade - a BR-316 e a Augusto Montenegro. Saindo do município de Ananindeua, ela seguiria até a avenida Júlio César, de onde haveria acesso alternativo ao centro da capital pela Pedro Álvares Cabral e pelo Canal São Joaquim. O problema é que, até hoje, a Independência só vai do conjunto Paar à Augusto Montenegro, o que mantém a concentração de veículos domésticos e transporte público na área do complexo viário do Entroncamento.
Com o novo projeto, que recebeu licença ambiental da Semma em janeiro, a Sepe pretende expandir a avenida até a Júlio César, contornando o Parque Ecológico de Belém e revitalizando-o para o uso público. Seis pistas de 28 metros de largura passariam pela lateral leste do parque, o que comprometeria 3,6 dos 44 hectares da área de proteção permanente. Um elevado conduziria à avenida à Júlio César e daria acesso ao binário Senador Lemos-Pedro Álvares Cabral. No final das contas, a Independência teria 4,78 km de extensão total na conclusão das obras, prevista para maio do ano que vem.
Mesmo iniciado, no entanto, o prolongamento continua gerando muita discussão entre os moradores dos bairros que serão mais afetados pela nova Independência - Bengui, Mangueirão e Marambaia. Neste último, há um intenso movimento de resistência à ideia de atingir o Parque Ecológico, em especial nos conjuntos Médici e Bela Vista, que cercam o Parque Ecológico; os argumentos da população vão desde os riscos de dano ambiental até os de aumento da violência e da superpopulação na área.
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