O bode Galeguinho perdeu o emprego por excesso de dedicação. Incumbido de vigiar a casa em Natal que fingia abrigar a direção da Bonacci Engenharia e Comércio, ele não faltou ao trabalho um único dia, incluídos sábados, domingos e feriados. Coerentemente, estava por quando apareceu o repórter Leandro Colon, da Folha de S. Paulo. Em poucas horas, o Brasil ficou sabendo que o simpático bode potiguar era o único funcionário visível a olho nu da empresa pertencente a Aluizio Dutra, assessor do deputado Henrique Alves, premiada com R$1,2 milhão em verbas orçamentárias.
Exemplarmente discreto, Galeguinho não concedeu entrevistas, nem fez qualquer revelação que engordasse os prontuários dos superiores hierárquicos. Seu erro foi deixar-se fotografar. A imagem acima reproduzida transformou-o em celebridade, mas piorou a vida do funcionário sem nenhuma culpa no cartório. Sumariamente demitido, perdeu o direito de frequentar o quintal da casa e hoje pasta em outras freguesias.
Enquanto Galeguinho sofre as consequências da injustiça, os protagonistas da patifaria não têm motivos para perder o sono. Henrique Alves continua viajando de jatinho pelo país, à caça de votos que lhe garantirão dois anos na gerência do Feirão da Bandidagem. Aluizio Dutra saiu à franesa da sala que ocupava no Congresso e gasta em sossego o dinheirão que embolsou. Ao tirar o bode da casa, a dupla deu o caso por encerrado.
Não está. Dos personagens dessa história muito mal contada, só Galeguinho é inocente. Nem precisa contar tudo o que viu na casa que guardava para que sejam enquadrados os culpados à solta. Basta que a polícia e o Ministério Público cumpram seu dever.
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