terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Baladeiros e baladeiras de Belém, uni-vos

Sim.
É isso mesmo.
Baladeiros e baladeiras de Belém, uni-vos em benefício de vossa própria segurança.
Porque é evidente que as casas noturnas de Belém, com as exceções que apenas devem confirmar a regra, se encontram certamente em condições tão ou mais precárias que a Kiss, a boate do município de Santa Maria (RS) onde 231 pessoas morreram tragicamente, no último domingo.
Se vocês não acreditam nisso, cliquem aqui.
Se clicaram, assistirão a uma entrevista oportuna que a repórter Layse Santos fez no Jornal Liberal 1ª Edição de ontem, da TV Liberal, com o tenente-coronel Daniel Rosa, diretor de Serviços Técnicos do Corpo de Bombeiros de Belém.
Ele foi claro, ou melhor, foi claríssimo ao explicar que casas noturnas e outros estabelecimentos precisam apresentar um projeto de segurança, antes de iniciarem a construção.
E depois? Quem monitora, quem fiscaliza, quem acompanha, quem confere se tudo o que estava previsto no projeto realmente saiu do papel da mesma forma, com os mesmos detalhes, do mesmíssimo jeito que estava projetado?
Veja, no vídeo, o diálogo que se trava entre a entrevistadora e o tenente-coronel a partir de 2 minutos e 40 segundos da entrevista.
Layse constata que os Bombeiros devem fiscalizar o cumprimento de normas de segurança.
- Está acontecendo isso, coronel, em Belém ou não? - pergunta a repórter.
- Está acontecendo dentro de um nível de acompanhamento, dentro das possibilidades pela grande demanda de atendimento.
- Ou seja, não acontece o suficiente, é isso?
- ... o suficiente, exatamente.
Pronto.
Eis aqui a informação relevante, essencial - e preocupante.
Muitíssimo preocupante.
Não somos ingênuos, não é?
Não temos mais - nem o poster, nem o pessoal aqui da redação, nem o tenente-coronel do Corpo de Bombeiros e nem os donos de casas noturnas - o direito de ser ingênuos.
Não temos mais idade pra isso.
Então, o blog, o Espaço Aberto, o pessoal aqui da redação se permite fazer uma leitura, digamos assim, livre, extensiva das declarações do tenente-coronel Daniel Rosa.
Se ele próprio diz que o acompanhamento está sendo feito "dentro das possibilidades pela grande demanda de atendimento", num nível aquém do suficiente, então, baladeiros e baladeiras, vocês, que também não são ingênuos e ingênuas e nem acreditam em contos da carochinha, também deverão concluir que o acompanhamento, em relação a casas noturnas da cidade, é nenhum, é zero, é inexistente, é nulo.
E então?
Quando as casas noturnas que sediam baladas em Belém começarão a ser monitoradas?
Seus alvarás estão plenamente válidos?
Os projetos de segurança que autorizaram seu funcionamento foram plenamente implementados?
Não precisaram passar por nenhuma adequação?
Depois da tragédia ocorrida na cidade gaúcha, vamos nós aqui apenas ficar apenas apontando os nossos dedos pra lá ou vamos esperar que, aqui também, sejam adotadas medidas preventivas para evitar a ocorrência de tragédias como a que resultou na morte de 231 pessoas?
Vamos esperar ou prevenir, para não termos que remediar?

4 comentários:

Anônimo disse...

Esse pessoal não tem estratégia. Se tivessem teriam explicado.
Conheço edifícios que sequer tem mangueira de incêndio. Imaginem uma casa de show! Uma vistoria dura 1 hora. Um bombeiro faria no mínimo 3 por dia. Ocorre que o cara trabalha 24 horas de dorme outras 72... ai já viu, né....

Anônimo disse...

E tem um fator importante nesse contexto: o famoso "jeitinho".
Com isso, plantas, projetos, normas, tudo tem jeito.
Jeito pra ser contornado e aprovado.
Adicione a isso o "cria dificuldade para vender facilidade" e está feita a fe$ta.

Anônimo disse...

Quer ver uma merda: as lojas americanas da Nazaré. Um espaço que dá la dentro mais de 1000 pessoas e tem três portas de saídas na frente, cada uma de 1 metro. Além do que não tem estacionamento. Quem deu aprovação disso? É preciso nomes para apurar responsabilidade.

Ismael Moraes disse...

Como gostam os políticos quando a sociedade e a imprensa encontram "inimigos públicos" que parecem piores que eles!
E aí a catarse coletiva se faz em cada prisão, em cada interdição, em operações de "homens de preto" fazendo pirotecnias (ops, não, agora piroctenia está proibido), ou melhor formando "forças-tarefas" que prendem e arrebentam.
Até que esse monstro da vez pareça derrotado e saiamos do encantamento para a realidade de todas as mortes diárias causadas pelo roubo do dinheiro da saúde, da merenda escolar,do tráfico de drogas, das ruas e estradas sem investimento num trânsito que mata às moscas.
E enquanto estávamos nessa letargia, os ratos continuaram corroendo.
Pessoal, por favor, que sejam punidos e fiscalizados os estabelecimentos, todos, não apenas boates e casas de balada, mas vamos continuar cuidando dos outros problemas que matam tanto e são tão ou mais nocivos.
Façamos como disse e fez o Marquês de Pombal para uma aristocracia incompetente, diante do terremoto e incêncio terrríveis que assolaram Lisboa no final do Séc. XVIII e dizimaram dezenas de milhares de pessoas: "Vamos enterrar os mortos e cuidar dos vivos!"
Os vivos, no caso, são os políticos que nos roubam todo dia, e cada vez são mais vivos que nunca!
Imprensa, não deixe os políticos em paz!