Depois do massacre de em Connecticut, o presidente Barcka Obama resolveu botar a tranca na porta.
Anunciou uma série de medidas para endurecer o controle de armas de fogo nos Estados Unidos.
Entre as medidas estão a proibição de comercializar armas de assalto, a exigência de atestado de antecedentes criminais para todos os compradores de armas, e o aumento da cobertura médica para problemas de saúde mental.
Meno male.
Antes tarde do que nunca.
Mas olhem só que coisa impressionante.
Cliquem aqui.
Vocês vão ler o relato abaixo, da jornalista Christina Bergamnn.
Vejam como, nos EUA, armas são compradas como açaí em feira.
Observem como o rigor em ações preventivas para evitar ataques terroristas é praticamente nenhum quando se trata de comprar armas letais.
Notem que um curso de segurança para armas de fogo" dura cerca de 30 minutos.
Sim, apenas e tão somente meia hora.
Leiam o relato abaixo. E acreditem: é verdade.
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Rápido e fácil: jornalista mostra como os americanos compra armas
Por Christina Bergmann
A loja, ao sul da capital norte-americana Washington DC, abriu há uns 20 minutos, mas os três vendedores mal dão conta da grande afluência de fregueses. Segundo as estatísticas, nove entre dez norte-americanos possuem uma arma de fogo, e continuam comprando mais. Quantas armas trocam de proprietário, de fato, ninguém sabe, pois em muitos casos não é necessária qualquer formalidade.
Como se fosse uma bicicleta
Porém, quão fácil é, realmente, comprar uma pistola nos Estados Unidos? A alternativa mais simples é uma feira de armas de fogo, as populares gun shows. Aqui não há qualquer tipo de verificação de antecedentes nem se fazem perguntas. Tanto negociantes quanto particulares podem colocar à venda suas pistolas e espingardas.
Uma outra possibilidade é a internet. Mas, para mim, como compradora de primeira viagem, acho muito arriscado. Quem é que vai querer dar suas informações pessoais a um site anônimo? Para me informar o mínimo sobre o tema, encontro-me com um conhecido, "John" - que prefere não ter seu nome verdadeiro publicado.
Ele cresceu num lugarejo do estado da Virgínia, onde, como relata, as armas de fogo faziam parte do cotidiano. "Eu tinha uns 9 anos quando atirei pela primeira vez." Aos 18 anos, comprou sua primeira espingarda, uma Winchester. Atualmente, ele possui diversas armas. John insiste nas formalidades, ao vender ou comprá-las, embora isso não seja obrigatório em seu estado.
Quem lá reside pode vender uma arma a outros cidadãos da Virgínia como se fosse uma bicicleta, sem checagem de antecedentes, sem documentos. John não concorda com isso. "Se eu não possuo mais a arma, isso deve estar documentado, para que eu não seja mais responsável por ela", diz, pois quem sabe o que o comprador terá feito, em dez anos.
Sem tempo para jornalistas
Quando se compra uma arma numa loja da Virgínia, a checagem de antecedentes transcorre rapidamente, conta John. Caso nada conste, dentro de duas ou três horas o comprador já pode levar o objeto consigo, pelo menos no caso de uma pistola ou de um fuzil semiautomático.
Decido ir diretamente a uma loja, alguns dias mais tarde, porém no estado de Maryland, onde estou registrada. Já no primeiro estabelecimento que visito pela manhã, o movimento é grande. Ele se situa numa rua comercial típica, entre um restaurante taiwanês e uma loja de animais.
Chega a minha vez. Eu me identifico como jornalista que gostaria de saber se e como se pode comprar uma arma. "Hum, deixe ver se eu posso falar com a senhora", diz o vendedor, e desaparece num aposento adjacente. Pouco mais tarde, o gerente me comunica que devo me dirigir ao assessor de imprensa. Este se encontra numa outra loja e infelizmente não tem tempo para falar comigo.
Caminho aberto a calouros
Vou a outra loja de armamentos em Maryland, mais para o leste da cidade. Também aqui o movimento é intenso, pouco após a abertura. Desta vez, sou simplesmente uma cliente.
"Como posso ajudá-la?", me interpela, gentil, a vendedora. "Antes de mais nada, tenho uma série de perguntas", replico. "Primeira vez?", pergunta, e quando faço que sim, ela prossegue: "Sem problema, meu colega pode ajudá-la, temos muita gente que compra uma arma pela primeira vez, homens e mulheres."
Seu colega, que acaba de atender uma senhora de meia idade, aponta para um cartaz. "Então primeiro a senhora tem que ir a este site e fazer o curso. No fim, recebe um certificado, que traz aqui, e eu posso lhe vender uma arma."
Eu quero saber: "Eu moro em Maryland, mas não sou norte-americana. Posso comprar uma pistola, mesmo assim?" "Tem o green card?", ele pergunta. Eu digo sim, que possuo o visto oficial de trabalho e permanência. "Então não tem problema", é a resposta.
"Curso" de meia hora
Ninguém vê qualquer problema em me vender uma arma, embora esteja claro que eu não tenha a menor noção de como lidar com uma. Ainda pergunto quanto dinheiro vou precisar investir. "De 300 a 600 dólares", é a resposta. Vou para casa e me sento diante do computador. No site da polícia de Maryland, fico sabendo que o "curso de segurança para armas de fogo" dura cerca de 30 minutos.
Digito meu nome, data de nascimento e número de carteira de motorista e vou clicando adiante. Aprendo algo sobre os diferentes tipos de revólver, sou instada a guardar separadas a arma e a munição e, se possível, a manter a arma num cofre. Pergunto-me: então como é que vou estar a postos, à noite, quando vier o gângster de máscara de esqui, contra o qual os sites das lojas de armamentos tanto me alertam?
Dentro de 30 minutos, de fato, terminei o curso online, e como prova posso imprimir o certificado. Parte dele devo enviar de volta para a polícia. E aí não há mais nada que me impeça de comprar a minha primeira pistola.
Agora, só falta comprar
Falta ainda o comerciante realizar uma checagem de antecedentes, ou seja, enviar meus dados pessoais para a polícia. "Normalmente demora sete dias", ele me avisara, "mas eles estão tão atrasados que a senhora precisa contar com duas ou três semanas".
No fim do dia, ainda vou até aquela loja na Virgínia, onde espero quase três quartos de hora até ser atendida. Quero saber se também posso comprar uma pistola aqui, onde tudo é mais simples e rápido?
O vendedor esclarece: "A senhora pode comprar aqui, mas teríamos que enviar a arma para um comerciante em Maryland, para a senhora a receber lá e completar as formalidades. Só que estamos com tanto trabalho que no momento não fazemos isso, lamento".
Eu agradeço e saio da loja. Agora, eu poderia ir até o negociante em Maryland, escolher uma pistola e, em duas a três semanas, simplesmente levá-la para casa comigo. Uma perspectiva que não me deixa especialmente à vontade.
Como se fosse uma bicicleta
Porém, quão fácil é, realmente, comprar uma pistola nos Estados Unidos? A alternativa mais simples é uma feira de armas de fogo, as populares gun shows. Aqui não há qualquer tipo de verificação de antecedentes nem se fazem perguntas. Tanto negociantes quanto particulares podem colocar à venda suas pistolas e espingardas.
Uma outra possibilidade é a internet. Mas, para mim, como compradora de primeira viagem, acho muito arriscado. Quem é que vai querer dar suas informações pessoais a um site anônimo? Para me informar o mínimo sobre o tema, encontro-me com um conhecido, "John" - que prefere não ter seu nome verdadeiro publicado.
Ele cresceu num lugarejo do estado da Virgínia, onde, como relata, as armas de fogo faziam parte do cotidiano. "Eu tinha uns 9 anos quando atirei pela primeira vez." Aos 18 anos, comprou sua primeira espingarda, uma Winchester. Atualmente, ele possui diversas armas. John insiste nas formalidades, ao vender ou comprá-las, embora isso não seja obrigatório em seu estado.
Quem lá reside pode vender uma arma a outros cidadãos da Virgínia como se fosse uma bicicleta, sem checagem de antecedentes, sem documentos. John não concorda com isso. "Se eu não possuo mais a arma, isso deve estar documentado, para que eu não seja mais responsável por ela", diz, pois quem sabe o que o comprador terá feito, em dez anos.
Sem tempo para jornalistas
Quando se compra uma arma numa loja da Virgínia, a checagem de antecedentes transcorre rapidamente, conta John. Caso nada conste, dentro de duas ou três horas o comprador já pode levar o objeto consigo, pelo menos no caso de uma pistola ou de um fuzil semiautomático.
Decido ir diretamente a uma loja, alguns dias mais tarde, porém no estado de Maryland, onde estou registrada. Já no primeiro estabelecimento que visito pela manhã, o movimento é grande. Ele se situa numa rua comercial típica, entre um restaurante taiwanês e uma loja de animais.
Chega a minha vez. Eu me identifico como jornalista que gostaria de saber se e como se pode comprar uma arma. "Hum, deixe ver se eu posso falar com a senhora", diz o vendedor, e desaparece num aposento adjacente. Pouco mais tarde, o gerente me comunica que devo me dirigir ao assessor de imprensa. Este se encontra numa outra loja e infelizmente não tem tempo para falar comigo.
Caminho aberto a calouros
Vou a outra loja de armamentos em Maryland, mais para o leste da cidade. Também aqui o movimento é intenso, pouco após a abertura. Desta vez, sou simplesmente uma cliente.
"Como posso ajudá-la?", me interpela, gentil, a vendedora. "Antes de mais nada, tenho uma série de perguntas", replico. "Primeira vez?", pergunta, e quando faço que sim, ela prossegue: "Sem problema, meu colega pode ajudá-la, temos muita gente que compra uma arma pela primeira vez, homens e mulheres."
Seu colega, que acaba de atender uma senhora de meia idade, aponta para um cartaz. "Então primeiro a senhora tem que ir a este site e fazer o curso. No fim, recebe um certificado, que traz aqui, e eu posso lhe vender uma arma."
Eu quero saber: "Eu moro em Maryland, mas não sou norte-americana. Posso comprar uma pistola, mesmo assim?" "Tem o green card?", ele pergunta. Eu digo sim, que possuo o visto oficial de trabalho e permanência. "Então não tem problema", é a resposta.
"Curso" de meia hora
Ninguém vê qualquer problema em me vender uma arma, embora esteja claro que eu não tenha a menor noção de como lidar com uma. Ainda pergunto quanto dinheiro vou precisar investir. "De 300 a 600 dólares", é a resposta. Vou para casa e me sento diante do computador. No site da polícia de Maryland, fico sabendo que o "curso de segurança para armas de fogo" dura cerca de 30 minutos.
Digito meu nome, data de nascimento e número de carteira de motorista e vou clicando adiante. Aprendo algo sobre os diferentes tipos de revólver, sou instada a guardar separadas a arma e a munição e, se possível, a manter a arma num cofre. Pergunto-me: então como é que vou estar a postos, à noite, quando vier o gângster de máscara de esqui, contra o qual os sites das lojas de armamentos tanto me alertam?
Dentro de 30 minutos, de fato, terminei o curso online, e como prova posso imprimir o certificado. Parte dele devo enviar de volta para a polícia. E aí não há mais nada que me impeça de comprar a minha primeira pistola.
Agora, só falta comprar
Falta ainda o comerciante realizar uma checagem de antecedentes, ou seja, enviar meus dados pessoais para a polícia. "Normalmente demora sete dias", ele me avisara, "mas eles estão tão atrasados que a senhora precisa contar com duas ou três semanas".
No fim do dia, ainda vou até aquela loja na Virgínia, onde espero quase três quartos de hora até ser atendida. Quero saber se também posso comprar uma pistola aqui, onde tudo é mais simples e rápido?
O vendedor esclarece: "A senhora pode comprar aqui, mas teríamos que enviar a arma para um comerciante em Maryland, para a senhora a receber lá e completar as formalidades. Só que estamos com tanto trabalho que no momento não fazemos isso, lamento".
Eu agradeço e saio da loja. Agora, eu poderia ir até o negociante em Maryland, escolher uma pistola e, em duas a três semanas, simplesmente levá-la para casa comigo. Uma perspectiva que não me deixa especialmente à vontade.
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