terça-feira, 11 de outubro de 2011

Ao desafio de um coronel, o blog responde com outro desafio

O Espaço Aberto recebeu no último final de semana, por duas vezes,  e-mail remetido pelo coronel João Hilberto Figueiredo, do Corpo de Bombeiros Militar do Pará, e reproduzido ipsis literis abaixo:

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Caro autor do blog Espaço Aberto,

Hoje, dia 08 de outubro de 2011, ao acessar esse blog tive a infelicidade de lê uma noticia publicada no dia 29DEZ2010, no qual V. Sa me acusa de ESTELIONATO, gostaria de saber da onde surgiu tanto ódio para tentar prejudicar a minha imagem e minha reputação profissional sem ao menos apurar os fatos.
Quero informar a você que não me conhece, que sou Servidor público com 29 anos de serviço, e que não respondo e nunca respondi processo administrativo ou judicial por ESTELIONATO. Portanto gostaria que você corrigisse essa informação, bem como que seja retirado do blog essa acusação que tanto dano a minha imagem de homem honrado, integro e honesto. (só quem é possuidor desses adjjetivos pode imaginar o quanto é difícil e danoso ser acusado injustamente).
Quanto ao processo que respondia na Justiça por possível crime de PECULATO, foi oriundo de um processo no Tribunal de Contas do Estado, no qual as minha contas foram aprovadas, houve nao ocasião erro contábeis e nunca desvio de recurso. E que passado mais de 15 anos, no ultimo dia 05 de outubro fui ABSOLVIDO na Justiça Militar por absoluta FALTA DE PROVAS E POR UNANIMIDADE.
Por fim, como infelizmente ao acusado é que cabe o ônus da prova (na legislação vigente é o inverso, isto é, cabe ao acusador apresentar a prova), e como comungo do princípio de que não basta ser honesto tem que demonstrar a honestidade. Desafio qualquer pessoa a apresentar qualquer prova que ao longo dos meus 49 anos FURTEI ou permitir que algum furtasse dinheiro, o valor mais insignificante possível, tanto na vida privada como profissional.
Reitero que seja retirado essa noticia absurda que tanto dissabor ja me causou.
Atenciosamente,
João Hilberto Figueiredo
Coronel do Corpo de Bombeiros Militar do Pará

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Em resposta, o Espaço Aberto remeteu a seguinte resposta, também por e-mail, ao coronel João Hilberto Figueiredo:

Senhor coronel,

A linguagem castrense é admirável.
Ela nos permite ser objetivos, diretos, claros.
Permite-nos falar sem rodeios.
Digo-lhe, pois, no estilo da linguagem castrense: essa sua crítica, esse seu pedido, essas suas alusões são de uma inconsistência atroz, são de um ridículo patético.
Coronel, o senhor faz um desafio ao editor do blog: "Desafio qualquer pessoa a apresentar qualquer prova que ao longo dos meus 49 anos FURTEI ou permitir que algum furtasse dinheiro, o valor mais insignificante possível, tanto na vida privada como profissional", é o que senhor diz.
Pois o editor do Espaço Aberto faz outro desafio ao senhor, coronel: indique, na postagem publicada no blog Espaço Aberto de 29 de dezembro de 2010, uma palavra sequer, uma vírgula sequer, um ponto sequer, um acento sequer que lhe permita acusar o editor do blog de fazer acusações ou juízos negativos ou depreciativos ao senhor, coronel.
O Espaço Aberto o desafia a fazer isso.
Se o senhor conseguir, o editor do blog promete sair todos os dias de manhã, durante uma semana, marchando pela avenida Júlio César, de ponta a ponta, e batendo continência em frente ao quartel do Corpo de Bombeiros, para desagravar o senhor, coronel Hilberto.
Olhe, coronel, o trecho em que o senhor é mencionado na postagem de 29 de dezembro diz o seguinte:

De um lado, o coronel Hilberto Figueiredo, cogitado e logo descartado para o comando-geral do Corpo de Bombeiros, quando se descobriu que ele é réu em processo que apura desvio de dinheiro da corporação e estelionato.

Diga, coronel: onde está algum prejulgamento do blog sobre o senhor?
Diga, coronel: onde está algum juízo de valor do blog sobre o senhor?
Diga, coronel: onde está alguma ilação de que o senhor seria ou não estelionatário, seria ou não peculatário, seria ou não autor de qualquer outro crime?
Diga, coronel: onde está, na postagem mencionada, algum detalhamento dos crimes - sejam lá quais forem - que o senhor supostamente teria cometido?
Coronel, leia com olhos de querer entender.
Coronel, leia com olhos de querer compreender.
Coronel, leia com olhos de não querer, o senhor sim, fazer prejulgamentos.
O senhor, coronel, foi apenas e tão somente mencionado pelo blog como sendo réu num processo.
E dizer que alguém está respondendo a um processo, coronel, não significa imputar crime ao réu, não significa condenar antecipadamente o réu, não significa expender juízo de valor sobre o caráter de ninguém.
Parece - parece, convém repetir - que o seu agastamento provém do fato de que o senhor não estava respondendo a um processo por estelionato, mas apenas - apenas, observem bem - por peculato.
Então, ao que parece, se a postagem mencionada dissesse assim: "[...] quando se descobriu que ele é réu em processo que apura desvio de dinheiro da corporação" - se a notícia dissesse apenas isso, então pronto, o senhor estaria satisfeito porque estava respondendo a um processo apenas por peculato.
Ora, coronel, recorro novamente à linguagem castrense para ser direto e objetivo: esse sua preocupação é irrelevante.
Sabe por quê? Porque o fundamental, o essencial é que, ao mencioná-lo como processado, o blog não fez qualquer prejulgamento sobre o senhor, coronel. Não fez qualquer julgamento antecipado contra o senhor. Não o considerou por antecipação nem culpado, nem inocente.
E sabe por que eu não fez prejulgamento sobre o senhor?
Porque não o conhece, coronel.
Não sabe quem o senhor é.
Não sabe o que o senhor fez ou deixou de fazer.
Não conheceu e nem conhece detalhes do processo a que o senhor respondia.
Agora, coronel, eu é que lhe pergunto: e o senhor, sabem quem é o editor do blog? Certamente, não sabe.
E com que autoridade o senhor faz prejulgamento sobre o editor do blog?
Com que direito?
Sim, coronel, porque a pretexto de pedir reparação por suposto agravo à sua honra, o senhor é que faz juízos sobre a do editor.
Veja esta parte de seu texto: "Se me acusa de ESTELIONATO, gostaria de saber da onde surgiu tantoódio para tentar prejudicar a minha imagem e minha reputação profissional sem ao menos purar os fatos."
Ódio?
Do blog contra o senhor?
O blog nem o conhece, coronel.
Como pode então nutrir algum parti pris, algum sentimento contra o senhor, hein? Reponda-me.
Olhe, coronel, responda-me outra coisa: o senhor está pedindo para ser corrigida ou mesmo retirada essa postagem somente aqui no blog? Ou vai pedir para o mundo virtual inteirinho também corrigir?
Porque, coronel, veja só uma coisa: o Espaço Aberto se limitou a mencionar o senhor, igualzinho ao que fizeram outros blogs e veículos de comunicação. Às centenas.
Quer ver?
Então, vamos ver alguns casos - apenas alguns.
Clique aqui, coronel. O senhor vai ler uma notícia que está no Portal ORM. Diz assim:

O nome especulado para o Comando Geral do Corpo de Bombeiros, o do coronel Hilberto Figueiredo, teria sido descartado porque ele está respondendo na Justiça pelo crime, cometido dentro do próprio CGBM, de peculato e estelionato.

Agora, clique aqui, coronel. O senhor vai ler uma notícia que está em O LIBERAL. Diz assim:

João Hilberto Sousa de Figueiredo era quem estava cotado para assumir o cargo, mas Jatene foi alertado que ele responde a uma ação por peculato e e estelionato, em decorrência de supostos desvios financeiros ocorridos na corporação, conforme denúncia encaminhada à Justiça pelo Ministério Público.

Clique mais aqui, coronel. O senhor vai ler uma postagem no blog da jornalista Rita Soares, uma das mais experientes repórteres de política do Estado. Diz assim:

O governador Simão Jatene deve manter mesmo em suspenso o anúncio do comandante geral do Corpo de Bombeiros. Sabe-se agora que o escolhido, coronel Hilberto Figueiredo responde a processo por desvio de dinheiro da corporação e estelionato.

Em seguida, clique aqui, coronel. O senhor vai ler uma notícia disponível no Diário do Pará On-line:

O coronel era o escolhido para comandar a corporação, mas o anúncio do próximo comandante dos bombeiros deve ficar em suspenso. Hilberto responde a processo na Justiça Militar pelos crimes de peculato (desvio de dinheiro público) e estelionato.

E por último, mas não menos importante, clique aqui, coronel Hilberto. O senhor vai ler mais de 300 menções de notícias e comentários apontados pelo Google - o maior site de buscas do mundo - que mencionam o senhor como processado por peculado e estelionato.
E então, coronel? Todos também receberão este e-mail que o senhor passou pra cá?
Olhe, coronel, vamos dar o fecho nisto aqui com a direta, objetiva e clara linguagem castrense.
A parada é a seguinte: como este blog encara as suas ponderações como um pedido, já foi providenciada a alteração na postagem.
A postagem não foi retirada, não. E nem vai ser retirada. Mas já foi suprimida a palavra estelionato.
Clique aqui para ler. Ficou assim:

De um lado, o coronel Hilberto Figueiredo, cogitado e logo descartado para o comando-geral do Corpo de Bombeiros, quando se descobriu que ele é réu em processo que apura desvio de dinheiro da corporação.

Pronto. Não se fala mais em estelionato. Fala-se apenas em desvio de dinheiro da corporação, o peculato.
É assim mesmo?
Está bem assim? Espera-se que sim.
Ah, e outra coisa: se o senhor tiver a íntegra da sentença, do acórdão - ou seja lá o que for - que o absolveu da acusação do crime de peculato, mande pra cá, coronel.
Mande pra cá porque este blog vive de notícia. E divulgará aqui, na íntegra, a decisão que o absolveu, que o inocentou.
E mais uma coisa: o Espaço Aberto vai divulgar tanto a íntegra das suas críticas como esta resposta, para que todos os leitores observem a transparência com que estamos tratando este assunto de interesse público.

Um comentário:

Anônimo disse...

Tudo claro, perfeito e explicado, sem necessidade de desenhar.