A vida e as diárias de um hotel: o que vale mais?

Com todo o respeito à Porte Engenharia.
E com o máximo respeito aos técnicos que a empresa contratou para fornecerem um laudo sobre o abalo num pilar do edifício Wing, no bairro do Umarizal, no último final de semana.
Mas não há a menor razoabilidade em apresentar-se, 72 horas depois do ocorrido, um laudo conclusivo, convincente, seguro, definitivo. O laudo está previsto para ser divulgado daqui a pouco.
Moradores do prédio, entrevistados ontem pelo Jornal Liberal 2ª Edição, da TV Liberal, disseram claramente que o edifício apresenta vários problemas desde que foi entregue. Uma senhora chegou a dizer que seu apartamento alagou certa vez.
Agora, veio esse abalo no pilar.
Tudo isso ocorre num ambiente de justificadas apreensões - ou de medo, se quiserem -, depois do desabamento do Real Class, em janeiro deste ano.
As apreensões, o medo, as aflições são maiores porque o calculista do Real Class, o engenheiro civil Raimundo Lobato, foi o mesmo que fez o cálculo estrutural do Wing e de outros edifícios da Porte Engenharia, como o Belize, onde os futuros moradores também estão apreensivos.
Será razoável fazer um laudo às carreiras?
Por que isso?
Apenas para poupar a Porte Engenharia de gastos com diárias de hotel para os moradores evacuados do Wing desde o último final de semana?
A Porte Engenharia já mensurou quanto custa a sua credibilidade?
Já avaliou quanto custa a sua imagem no mercado imobiliário?
Já avaliou quanto custa uma vida? Já avaliou quanto custa a vida dos 60 moradores do prédio?
Tudo isso valerá menos um laudo produzido em 72 horas sobre o abalo no pilar de um edifício?
Tudo isso valerá menos que diárias de hotel?
No site da Porte Engenharia, lê-se o seguinte:

O mais importante para a Porte Engenharia não é só inovar. É ver a sua família feliz e cercada de conforto.

Mas a segurança também faz parte da felicidade e do conforto.
Ou não?