No AMAZÔNIA:
Mesmo após a proibição, a venda de caranguejo do tipo 'uçá' ocorreu normalmente nas feiras e mercados da Região Metropolitana de Belém no final de semana. Amparados pelo registro dos órgãos de fiscalização - documento que autoriza a comercialização do crustáceo -, vendedores preparam o estoque, adquirindo a iguaria antes do período de defeso iniciado no último dia 16, e que valerá até 21 de janeiro. Apenas uma equipe da Divisão Especializada em Meio Ambiente (Dema), composta por quatro policiais, realizou a fiscalização nos diversos pontos de vendas da cidade durante toda a manhã de ontem. Nenhum caso irregular foi constatado. Esta foi a primeira vez que a Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema) concedeu uma ressalva para a comercialização do produto dentro do período do defeso. A permissão foi fruto de um acordo entre o movimento dos caranguejeiros do Pará junto aos órgãos ambientais do Estado.
Para Raimundo Olício Silva, vendedor do crustáceo na feira do Entroncamento há mais 40 anos, o acordo com os órgãos de defesa ambiental veio a calhar. 'Fomos obrigados a procurar o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) para conseguir o documento de autorização. Sem a permissão não podemos trabalhar', afirma.
Raimundo Olício montou seu estoque no dia 15 de janeiro, um dia antes de se iniciar o período de defeso. 'Não podemos mais comprar nenhum caranguejo até o dia 21(data de encerramento do defeso). Fiz um estoque pequeno, de 2,8 mil, devido ao preço ter aumentado bastante', explica. Nos meses normais, Raimundo costuma comprar 5 mil unidades do crustáceo. 'O aumento imposto pelos fornecedores foi superior a 30% e não tem como não repassarmos aos clientes. Antes comprávamos por R$ 50 cada 100 unidades do produto, agora estamos pagando R$ 80 pela mesma quantidade', justifica.
Já na venda de Pedro Lima, que comercializa caranguejo na feira da Tavares Bastos há mais de 30 anos, o aumento nos preços não foi repassado ao consumidor final. 'Estamos comprando mais caro, porém se aumentarmos (o preço) vamos perder clientela. Temos que limpar o estoque hoje (ontem), pois de segunda até sexta-feira não poderemos vender o produto', revela. Lima abasteceu o depósito com mil caranguejos e conseguiu, somente no final de semana, vender tudo.
Nas feiras do bairro da Pedreira - na travessa Mauriti - e do Marco - na travessa 25 de Setembro - a comercialização da iguaria ocorreu normalmente.
O empresário Jorge Parente aproveitou o domingo para reunir a família e almoçar caranguejo. 'É um produto que tem que ser consumido com a família e com os amigos, e não dá para deixar de comprar', comenta. A funcionária pública Eulina Oliveira se diz viciada na iguaria e afirma não abrir mão de degustar o crustáceo. 'Quase todo domingo tem caranguejo em casa. Mas agora, com a proibição, será uma vez por mês', diz.
Conforme avalia Raimundo Gatinho, dono de um restaurante especializado na comercialização de caranguejo, é possível estocar o animal apanhado antes do período de defeso - mas a quantidade estocada não deve durar muito tempo. 'Conversamos com o Ibama, onde declaramos a quantidade de caranguejo estocada. Um fiscal faz a conferência in loco do produto, para ver se o número declarado é de fato verdadeiro. Em caso de irregularidade o responsável pela declaração é punido', explica.
Gatinho afirma que o seu estoque não vai ultrapassar a próxima quarta-feira - e por isso já intensifica a aquisição de peixe e outros mariscos. 'Vamos oferecer outros pratos, o segredo é variar o cardápio. No entanto, tem gente que nem entra no restaurante ao saber que o caranguejo está em falta', diz.
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