quarta-feira, 21 de outubro de 2009

A Vale não é do Brasil? Então que o demonstre.

A César o que é de César.
À Vale o que é da Vale.
A Lula o que é de Lula.
O governo Lula está sendo acusado de tramar o enfraquecimento político de Roger Agnelli (na foto), o presidente da Vale.
Está sendo acusado de abrir uma campanha para estigmatizar a Vale privatizada e fazê-la retornar ao leito do estatismo, para servir a propósitos eleitorais.
Propósitos eleitorais do PT, evidentemente.
Conversa fiada.
Não se discutem os números da Vale privatizada.
Depois que deixou de ser estatal, em 1997, a companhia tornou-se a maior firma privada do Brasil e da América Latina.
Exibiu em 2008 uma receita de US$ 38,5 bilhões, comparável ao Produto Interno Bruto (PIB, soma de produtos e serviços produzidos em um ano) do Uruguai.
Sua receita aumentou em oito vezes.
O lucro líquido foi multiplicado por 29.
Seu valor de mercado passou de cerca de US$ 8 bilhões para US$ 125 bilhões.
E o número de empregados, que era 10 mil, está em 60 mil.
Esta é a Vale. Os números a revelam inteiramente.
O que se diz tantas vezes?
Que a Vale, uma vez privatizada, deixou de ser do Estado para ser do Brasil.
É isso mesmo.
E o que Lula quer?
E o que Lula exige?
Quer e exige que a Vale seja menos de seus sócios, seja menos de seus acionistas, para ser do Brasil.
Por que se agasta o presidente?
Porque a Vale comprou 12 navios da China, quando poderia fazê-lo em estaleiros nacionais.
Agasta-se porque a Vale atrasou a construção de cinco usinas siderúrgicas no país.
Agasta-se porque demitiu 1.500 pessoas, pais e mães de família, durante a crise.
Lula exige, portanto, que a empresa não apenas invista seus bilhões e bilhões de dólares, mas que o faça agregando valor.
Lula não se conforma que a empresa continue faturando os tubos apenas e principalmente com a venda de minério de ferro.
E isto, implantar empreendimentos que agregam valor, deveria ocorrer sobretudo em regiões como o Pará.
Não é apenas Lula que fala isso.
Todos falam.
A governadora Ana Júlia cobra e já cobrou, inclusive quando era senadora.
Antes dela, cobravam os tucanos Simão Jatene e Almir Gabriel.
Em Minas, o governador tucano e presidenciável Aécio Neves cobra mais investimentos da Vale.
Não acreditam que Aécio tenha cobrado?
Pois cobrou.
E cliquem aqui para vocês verem o resultado dessa cobrança. Cliquem aqui.
Até que Lula entra na dança.
Pronto.
Quando entrou na dança, passou a ser estigmatizado como golpista, como estatizante, como um nacionalista renitente que conspira contra os interesses privatistas nacionais, como articulador de esquemas políticos para viabilizar eleitoralmente seu partido.
E a Vale, o que fez diante das pressões?
Na última segunda-feira (19), anunciou um plano de investimentos de US$ 12,9 bilhões (R$ 24,5 bilhões) para o ano que vem.
Ah, dirão muitos, mas a vale só anunciou esses investimentos porque está sob pressão.
E aí?
O que temos a ver com isso?
A Vale defende o que é dela.
O presidente da República defende o que é de seu dever fazê-lo institucionalmente: exigir que uma empresa do porte da Vale contribua mais para o desenvolvimento do País e deixe de olhar apenas para os seus bolsos, os seus cofres.
A Vale não é do Brasil?
Pois então que o demonstre cabalmente ser do Brasil.
A César o que é de César.
À Vale o que é da Vale.
A Lula o que é de Lula.

6 comentários:

Anônimo disse...

Boa PB! Voe está coberto de razões. Parabens pela análise! Parabens pelo Blog!

Anônimo disse...

Poxa, mudaste pela esquerda, saíste do casulo. Minha avó já dizia: até a surda muda.

Anônimo disse...

Não se discute os números da Vale?

Não é bem por aí!
Os números que a Vale apresenta são realmente astronômicos. E justamente por isso deve-se ter cuidado ao apresentá-los como algo que não se discute.
Vendida a preço de sucata de ferro, seu valor de fato aumentou assustadoramente.
Há algum leitor que faça idéia real desses números apresentados? Só mesmo comparando com o PIB de outros países e aí temos a clara dimensão da enormidade do saque que é feito pela “empresa do Brasil”.
Dá pra considerar nesses números a quantidade de processos trabalhistas?
Dá pra contabilizar nesses números os recursos investidos nas campanhas dos políticos em épocas de eleição? O que a empresa leva em troca?
Dá pra considerar nesses números o passivo ambiental?
Não dá pra ignorar que a reação do presidente é sim suspeita. Véspera de ano eleitoral, faz uma pressão aqui que a empresa libera alguns bilhões. Turbinando assim algumas candidaturas.
Mesmo suspeita a reação é justa. Se levada a efeito e não ficar somente nos discursos ganharemos com isso, mas ganharemos o quê?
Os governadores que já passaram pelo palácio dos Despachos, cobraram da Vale? Cobram da Vale? Pode até ser que sim, mas cobram o que? Há um projeto claro de desenvolvimento para o Estado? Há um projeto verdadeiro de desenvolvimento do país?
O que é cobrado?
Casas populares? Mais uso de mão-de-obra local nas instalações da empresa e de suas terceirizadas? Patrocínio de eventos culturais no Estado?
O que a Vale significa para o Estado? O que o Estado significa para a Vale?
Creio que os números da Vale devem sim ser discutidos, mas devem ser discutidos a partir de um projeto de desenvolvimento para a região Amazônica e principalmente para o Estado do Pará.
Seja o presidente da Vale o Agneli o Eike Batista ou a Luma de Oliveira

Cláudio Teixeira

Anônimo disse...

Senhor Poster, acho que as frases:
A César o que é de César,
À Vale o que é da Vale,
A Lula o que é de Lula estão corretíssimas senaão vejamos:
1.Uma empresa privada tem, como seu principal objetivo, o Lucro para continuar investindo e crescendo;
2.Para dar lucro ela precisa traçar planos estratégicos, miminizar os seus custos e otimizar suas receitas;
3.Ela, também, sofre influência de todas as crises e "boons" do mercado;
4.Ela, quando a sua produção diminui, pode - deve - diminuir o seu contingente de funcionários. Pode mantê-los se quizer - uma prerrogativa sua;
5.E dizer que, no caso da Vale, ela não é Brasil, citando os números expressivamente crescentes de funcionarios, faturamento, lucro, acho que não reflete uma realidade dos benefícios. É desses números expressivos que saem todas as contribuições para a sociedade. Há não ser que esteja sonegando. Já pessou o total de impostos que vão para o Governo se o seu lucro líquido foi multiplicado por 29? E os salários, e o FTGS, O INSS etc..
Se tivesse na mão governo - Veja a Petrobrás, BB, CEF, etc.. - Ela também não estaria patrocinando ONGs, Marketing direto etc..?

Cássio de Andrade disse...

É,PB,mas não é isso que a grande mídia nacional anda dizendo. Há uma semana, todas as emissoras (da Globo à Band), as revistas Veja e Época e os jornalões (Folha e Estadão), estão bombardeando a opinião pública não só com a intensificação de propaganda da Vale, mas com cobertura excepcional na acusão à Lula e Dilma, e mais uma vez, com o tácito apoio da frente DEM-PSDB e outros acólitos. Sua análise é correta e não esbarrou em nenhum momento em qualquer debate eleitoral. Infelizmente não é isso que se vê na mídia de Noblat e Reinaldo Azevedo. Depois tem gente que fica p... da vida quando se fala em PIG. Parabéns pelo texto. Abs.

Anônimo disse...

OS 178,8 MILHÕES DE REAIS DE PUBLICIDADE DA VALE
Postado por Maia sob Uncategorized
A página 2 da Folha de São Paulo é um espaço nobre. Escrevem lá colunistas do primeiro time, a exemplo de Clóvis Rossi.

II

A Coluna de Fernando Rodrigues, de hoje, é espantosa. Ou espantosa, pelo menos, é a completa falta de repercussão do que lá está escrito.

III

Em síntese, Fernando Rodrigues fala da intensa campanha publicitária da Vale que, a rigor, não se justifica. Vende seus produtos basicamente para o mercado internacional, e não há necessidade de reforço de imagem a justificar tantas inserções, segundo o colunista.

IV

E aí afirma que nos últimos 12 meses a Vale gastou R$ 178,8 mihões em publicidade. O sabão em pó Omo gastou 141 milhões, para se ter uma idéia. Fernando Rodrigues continua: um gasto acima de 100 milhões com publicidade, em uma empresa privada, deve seguir as normas de governança corporativa. Adiante: ”uma conta assim só é entregue a uma ou várias agências depois de um duro e competitivo processo de escolha”.

V

Transcrevo direto, agora: “Não se conhece a forma pela qual a Vale concluiu ser conveniente dar sua conta milionária ao publicitário Nizan Guanaes. Mas sabe-se muito bem que o nome de Nizan Guanaes causa pesadelos no PT. Nizan foi o marqueteiro preferido de tucanos, de FHC a José Serra. Todos conhecem no Brasil os vasos comunicantes entre publicidade e política. E os custos altíssimos da campanha eleitoral de 2010″.

VI

O impressionante é a falta de repercussão, até agora.
www.castagnamaia.com.br/blog2