quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Nas novas calçadas, um desrespeito aos cidadãos

A seção de Cartas de O LIBERAL publica, na edição do jornal desta quarta-feira, a carta abaixo.
O título é “Desorientação na Braz de Aguiar”.
Quem assina é Aíla Seguin Oliveira.
Descreve os absurdos técnicos na aplicação dos pisos táteis nas novas calçadas que foram construídas em parte da avenida.
Antes que comecem a ler, vale uma pergunta: não cabe a interferência do Ministério Púbico?
Agora, leiam.

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Todos sabem que a prática é muito diferente da teoria. Quando se trata de construção civil - obra, reforma - isso é bastante evidente, sendo pela ausência de técnicas e materiais adequados, ou mesmo pela falta de qualificação profissional, tornando então a teoria, muitas vezes, difícil de ser aplicada na prática. Porém, na obra das calçadas da avenida Braz de Aguiar estão conseguindo fazer o contrário, tornando a prática mais complicada que a teoria.
O que estou querendo relatar é a total desorganização e desorientação técnica que está acontecendo com a aplicação dos pisos táteis, aqueles que possuem textura e cor diferenciadas para orientar as pessoas com deficiência visual, nas calçadas da Braz de Aguiar, em especial nas esquinas com a travessa Rui Barbosa.
Fico me perguntando se quem está fiscalizando esta obra conhece a norma de acessibilidade - NBR 9050/2004 - pois, o que estão fazendo é um absurdo e, o pior de tudo, um desrespeito com os cidadãos, em especial àqueles com deficiência visual, que necessitam destes elementos para se orientarem e se deslocarem com segurança nas calçadas desta cidade.
Há alguns meses foi realizada uma denúncia ao Ministério Público Estadual, quanto a esta situação, imediatamente este fato foi constatado a partir de visita no local e, posteriormente, segundo o MP, o órgão responsável foi notificado. Porém, ao caminhar pela Braz de Aguiar, observei que os erros continuam sendo realizados ao longo de todo o percurso. Penso então, que o caso é mais grave do que eu imaginava, pois, além de não respeitarem as normas técnicas, os órgãos responsáveis por esta obra também ignoram as notificações do Ministério Público, o qual deveria ser o nosso maior fiscal.
Gostaria, a partir deste desabafo, que estes responsáveis dedicassem alguns minutinhos de suas vidas, saíssem de seus gabinetes e fossem até o local para verificar o absurdo que estão fazendo e refletirem se o que estão vendo tem alguma lógica. Penso que, para as pessoas com deficiência visual, o que existe é um percurso, confuso, desacreditado e, o pior de tudo, inseguro.
Esperamos tanto tempo para que as nossas calçadas começassem a ser adaptadas, então, agora, não podemos aceitar que as mesmas sejam executadas da forma errada, principalmente quando sabemos que existe uma norma técnica para evitar esses equívocos construtivos.

Aíla Seguin Oliveira
ailaseguin@hotmail.com
Belém-Pará

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